A Ria de Aveiro e os moliceiros pejados de turistas
Levava um dia para chegar de Castelo Branco a Aveiro. Gozava as férias grandes entre os canais da Ria e os areais das várias praias. Tempo de raros turistas mas muitos moliceiros a serem empurrados à força de braço. Pau comprido que assentava no fundo da Ria, o homem corria ao longo do barco empurrando o pau contra o ombro. Barcos carregados de sal, de moliço e de melões.
Trocado o cajado pelo motor, a cor escura da madeira pelas cores berrantes, o marinheiro pelo interprete ( que me pareceu serem jovens estudantes da reputada Universidade de Aveiro) e o sal pelos turistas, a Ria é um regalo para quem visita a cidade. Barcos num rodopio ria abaixo ria acima . Pejados de turistas.
Fiquei deslumbrado embora já me tivessem dito que a cidade se tinha transformado num ícone turístico . E não senti ponta de nostalgia. Gosto da cidade assim, cheia de gente. Lembrei-me, isso sim, de ouvir a rádio marítima, na madrugada, as conversas muitas vezes angustiadas de quem estava em terra com os barcos que navegavam ao largo.