A emissão de dívida comum a muito longo prazo numa zona de moeda comum .
Onde se acumula dívida é preciso instalar dispositivos que corrijam os desequilíbrios que estão na sua origem. O mais elementar é o dispositivo da austeridade: não há crescimento, nem do capital nem do trabalho, e também não crescem os recursos para amortizar a dívida, pelo que tem de se contrair ou cativar as despesas até se obterem saldos positivos em sucessivos exercícios para se anular a dívida. Mas há um outro dispositivo que oferece a oportunidade e o tempo de ajustamento de receitas e despesas sem impor a redução do crescimento e a estagnação dos rendimentos: numa zona de moeda comum, pode ser emitida dívida comum por um prazo muito longo, com garantia prestada por todos os Estados participantes, e essa garantia tem como colateral a subordinação voluntária a um sistema de políticas comuns. A dívida comum tem como contrapartida a aceitação voluntária do risco comum.
E não foi preciso sair do Euro para superarmos a crise. Foi com o Euro, uma moeda que não está especialmente desenhada para uma pequena economia periférica, que recuperámos o rendimento e o crescimento e logo à custa das exportações. Até parece ironia. As pitonisas que defendem a saída do Euro prometem crescimento por via da desvalorização da moeda obtendo assim competitividade exportadora. Mas não explicam os efeitos devastadores nas taxas de juros ou nos custos da inflação. Foi com o Euro que as empresas portuguesas aumentaram as exportações para níveis inimagináveis há 10 anos!
O Euro trouxe-nos disciplina orçamental e uma forte ajuda quando os mercados de capitais cessaram o financiamento dos défices públicos.
O Euro trouxe estabilidade às taxas de câmbio e um estímulo inimaginável por via das taxas de juro negativas.
O Euro é uma uma moeda que bate o marco alemão de há 20 anos em solidez, resiliência, reconhecimento e estabilidade no mercado internacional.
O Euro foi até hoje uma aposta ganha e espero que continue a unir politicamente os que estariam agora a lutar entre si.
A União Europeia ainda tem muito a fazer para tornar a moeda única ainda mais forte. Para dar ainda mais prosperidade aos europeus.
“O euro nunca foi um fim em si, é apenas um instrumento para reforçar a estabilidade e a prosperidade europeia, tornando a união mais inclusiva”, uma forma de reduzir “as desigualdades que ainda existem entre estados membros e dentro dos estados membros”. E desejou “longa vida a um euro forte”.
No entanto, o ministro português admitiu que, apesar de ser “uma ideia muito popular” junto das 340 milhões de pessoas que usam a moeda e de esta ser “a segunda mais importante” a seguir ao dólar, também é verdade que “os últimos 20 anos não foram fáceis”.
Mas as instituições sabem o que fazer após esta crise .
E com moeda própria que desvalorizávamos. E o que é que o país ganhou com isso ? Alguma vez fomos prósperos ? Alguma vez tivemos o nível de vida que temos hoje ? Então querem voltar para onde fomos infelizes ?
Quinze anos e uma dolorosa crise financeira depois, o euro chega ao pico da adolescência debaixo de fogo cruzado e com traumas por resolver. "O euro foi um fator de destruição para a economia portuguesa, que deixou de ter instrumentos próprios para resolver as suas crises", considera Francisco Louçã, professor universitário. Para o ex-líder do Bloco de Esquerda, o euro foi benéfico para economias fortes, como a alemã, mas se mantiver o modelo atual, "é insustentável e não sobreviverá a outro crash financeiro".
Francisco Veloso prefere ver o copo meio cheio. "O euro veio trazer previsibilidade nas transações e em toda a circulação de moeda, pessoas e bens. Trouxe um nível significativo de conforto tanto para as famílias como para as empresas", destaca o diretor da Católica Lisbon School of Business and Economics . "É natural que haja forças políticas que defendam a saída do euro, mas estamos muito longe disso. Para mim não é claro que nos próximos dez anos uma economia como a grega não venha a equacionar de forma mais séria se quer ou não estar no euro, mas de forma geral acho que até vão existir outros países interessados em fazer parte da moeda única".
Também a Deco acredita que em 2032 estaremos a assinalar os 30 anos da zona euro. "Apesar de todas as tempestades, o que verificámos ao longo destes anos é que o euro foi muito positivo para a economia nacional. Estamos a falar de um poder de compra que não teríamos sem uma moeda tão forte", conclui Paulo Fonseca.
Para travar a baixa de preços. Com isso Portugal vai beneficiar imenso. Tem o mesmo efeito de uma desvalorização da moeda. Ajuda a pagar a dívida e a aumentar as exportações. O banco holandês ING recomendou esta sexta-feira, 11 de Abril, aos seus clientes que invistam na dívida soberana portuguesa com uma maturidade de cinco anos, pois será neste prazo que o Banco Central Europeu (BCE) deverá concentrar o programa de compra de activos.
O que é um programa de "alívio quantitativo"?
É uma intervenção de um banco central no mercado através da impressão de nova moeda para comprar activos financeiros (dívida pública e/ou outros tipos de títulos), com o objectivo de promover o aumento do balanço e da massa monetária em circulação. Pode pretender-se uma desvalorização da moeda ou um estímulo da taxa de inflação.
Os programas de "quantitative easing" (QE), ou "alívio quantitativo", foram utilizados pelos EUA, com o objectivo de comprimir as taxas de juro no mercado e estimular a retoma da economia. O Banco de Inglaterra e, mais recentemente, o Banco do Japão, seguiram-se à Fed.
Não percebo a originalidade. Sair do euro ou desvalorizar os salários. Ora a verdade é que a única razão para sairmos do Euro é, justamente, poder desvalorizar a moeda e, assim, desvalorizar tudo. Os salários, as pensões e tudo o resto que andamos a fazer durante 900 anos fora do Euro e que serviu para pouco. Sempre fomos os mais pobres e os mais desiguais. Então para quê sair do Euro e voltar a uma situação que sempre nos manteve na miséria? Desvalorizar a moeda não é uma forma como qualquer outra de empobrecer?
O que se joga são razões políticas e ideológicas. Os comunistas não querem o país no Euro porque sabem que há milhões de pessoas que vivem bem e que não trocam o que têm por aventuras.""É um defensor claro e frontal da saída de Portugal do euro e admite que os partidos de esquerda não são claros e frontais porque temem dizer aos trabalhadores que os salários reais serão reduzidos durante uns tempos. Mas acredita que não existe alternativa na configuração europeia: a chamada competitividade externa ou se faz baixando salários ou desvalorizando moeda. “Não há milagres.”
Ora baixar os salários não é o que este governo anda a fazer ? Para quê então sair do Euro?
Há o reino Unido que não aderiu à moeda única e também se debate com problemas. A causa não é o Euro são políticas erradas. No resto da Europa há países muito em crise, outros assim assim e ainda outros há que não têm crise nenhuma. Mas todos têm moeda única, o Euro! Então como é?
Há quem advogue a saída do Euro mas como se vê pelos exemplos acima o Euro tem as costas largas.
O argumento maior é que a moeda nacional pode ser desvalorizada e assim relançar a competitividade a curto prazo. É verdade mas não resolve nenhum problema estrutural. Se os países para onde exportamos e de onde importamos fizerem a mesma desvalorização ficam todos na mesma. Mas o problema maior da desvalorização da moeda é que conjunturalmente pode produzir efeitos mas encobre os problemas estruturais, de longo prazo, e não deixa tomar medidas para relançar um tecido empresarial mais competitivo.
A causa da crise são as políticas erradas do investimento público que levaram a dívidas excessivas, a desregulação dos mercados financeiros e a cega austeridade de políticos medíocres.