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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Portugal desperdiçou os últimos quatro anos

Somos dos países que enfrenta maiores dificuldades na presente situação. Não semeamos e os frutos ( a falta deles) estão aí.

É este o resultado da frágil condição em que a economia portuguesa chegou a esta crise (porque o Governo nunca quis olhar para os problemas e usou os tempos favoráveis para consolidar o poder e não para realizar as reformas que a economia precisa). E também da forma incipiente e incompetente como o Governo respondeu à crise

Já Portugal, uma economia pouco competitiva, que nos últimos quatro anos desperdiçou mais uma oportunidade face a uma conjuntura extremamente favorável (crescimento, “boom” do turismo e imobiliário, descida dos juros e receitas extraordinárias), que exporta apenas 40% do PIB, que capta pouco investimento estrangeiro (e do pouco que capta, muito em segmentos de imobiliário e turismo) e que tem um nível muito elevado de dívida externa e pública, está a sofrer significativamente e terá uma recuperação lenta e dolorosa.

Tivemos 15 anos de grande desenvolvimento e agora estamos há 20 anos a marcar passo

O modelo que está em prática nos últimos 20 anos não trouxe mais riqueza, temos que mudar de modelo. Manter as mesmas medidas e esperar resultados diferentes é imbecil.

Nós recebemos da UE a fundo perdido 120/130 mil milhões desde 1986. Nós agora estamos a falar de um pacote que pode chegar aos 50 mil milhões em sete anos, estamos a falar de uma verba muito, muito significativa para ser usada, para investir, desenvolver e recuperar. Se pensarmos bem sobre o que nos aconteceu desde 1986, e sem questões políticas à mistura, a que conclusão chegamos? Tivemos 15 anos de desenvolvimento muito acima da média europeia, em que recuperámos muito os nossos níveis de desenvolvimento, e estamos há 20 anos a marcar passo. Alguns países saíram de muito baixo, mas mesmo aqueles quando aderiram há 13 anos estavam muito atrás de Portugal, alguns já nos ultrapassaram e outros estão a aproximar-se. Isto não pode acontecer mais. Não é possível continuarmos a desperdiçar recursos, como desde o ouro do Brasil, mas temos de mudar esse paradigma. Temos de olhar para isto e dizer esta é a nossa grande oportunidade.

O plano que foi apresentado tem uma série de propostas muito interessantes, TGV de Lisboa para o Porto e coisas do género, e há algumas dimensões alinhadas com os programas europeus, mas é importante não esquecer que isto terá de ser concretizado. Há a visão do que deve ser e ao concretizar é crucial que percebamos de uma vez por todas duas coisas: que as verbas têm de ser postas efetivamente ao serviço do país e não podem ser postas ao interesse de uns e de outros, por amiguismo, que existe e não vale a pena esconder. Ou somos completamente incompetentes e fomos durante estes 30 e tal anos ou não somos e alguma coisa tem estado a impedir que a existência destes recursos, que só existem porque há União Europeia, permitisse à economia portuguesa desenvolver-se e os portugueses terem verdadeiramente o nível de vida dos outros povos europeus, que não temos. O nosso rendimento per capita, ou seja o que cada pessoa tem de riqueza nacional é muito menos que tem um espanhol e já não falo do que tem uma alemão. O plano tem de ser isento e imune a esse tipo de tentações e de erros e tem de ter uma consonância com o programa europeu, a economia digital, a questão climática, o Green Deal, mantendo-se a coesão, a agricultura ecológica. Tem de haver uma intervenção muito mais forte da sociedade civil na fiscalização da concretização das coisas, deixamo-nos muito nas mãos do Estado.

 

Os protestos de Hong Kong e o Covid-19 abriram-me os olhos

A China com o seu modelo de governação "Estado autoritário/ economia liberal" está a pôr em causa as democracias liberais. Convém não esquecer que na China não há liberdade.

A China está a usar a abertura e o pluralismo das democracias para as subverter. Estabelece alianças com grupos sociais chineses no exterior e com indivíduos proeminentes, enquanto vai também, ao mesmo tempo, gerindo informações, promovendo propaganda e envolvendo-se em espionagem. Ex-altos funcionários dos governos do Reino Unido, de França, da Alemanha, da Austrália e de Portugal têm vindo a ocupar cargos lucrativos com interesses chineses depois de deixarem as suas funções governamentais.

O poder duro refere-se ao recurso regular da China à desinformação, ao equívoco, à coação, ao suborno e à influência penetrante em instituições políticas e civis das sociedades abertas com o intuito de tentar moldar o discurso sobre a China.

A Covid-19 é um exemplo de como a China se tornou boa a “reinterpretar” a realidade. É irónico como a China foi o local onde (não convém esquecermos) a Covid-19 surgiu pela primeira vez e onde as autoridades inicialmente ocultaram o problema do mundo, sem dúvida piorando as coisas. Desde então, a China tem tentado alterar o discurso e tornar-se o “salvador” da humanidade, fornecendo ao Ocidente testes (muitas vezes defeituosos), máscaras faciais e ventiladores. Numa altura em que a China tem muito a explicar, nós vergonhosamente compramos essa retórica.

O modelo "Flórida da Europa" não serve

Viver do sol e da praia e atrair os reformados da Europa não chega como modelo económico sustentável. E não é por acaso que os países que estão eternamente em dificuldades sejam os países do sul da Europa - Portugal, Espanha, Itália e Grécia.

Em março, a agência alemã Scope Ratings publicou uma matriz de vulnerabilidade económica e dos sistemas de saúde que considerava, na parte económica, o peso do turismo no produto, o peso do emprego temporário e em micro-empresas, o peso da produção industrial e o grau de participação em cadeias de valor globais. Sem surpresa, as quatro economias europeias que surgem como mais vulneráveis são, por esta ordem, a Itália, a Grécia, Espanha e Portugal.

Terá ficado entretanto claro que uma tal sobre-especialização em segmentos do sector dos serviços caracterizados por salários baixos, empregos precários e baixa produtividade assenta numa visão estática e estreita das vantagens comparativas da nossa economia e introduz tendências para a desindustrialização, para a formação de bolhas de especulação imobiliária e para a vulnerabilização acrescida de uma boa parte da sociedade.

Quando o burro está a comer não se lhe pode mexer na barriga

As crises têm este efeito. Muitos, mas mesmo muitos,  andaram anos a dizer que o modelo económico não era adequado . Em duas semanas é o próprio primeiro ministro a dizê-lo em público, o ministro das finanças e as elites das classes académica e empresarial. Estão todos de acordo. É preciso mudar de modelo de desenvolvimento económico.

Isto faz lembrar " que a burro que está a comer não se lhe pode mexer na barriga". Enquanto foi dando para manter um certo nível de despesa mas sem resolver qualquer problema estrutural, a maioria foi comendo. O ambiente económico permitiu esse jogo de xadrez que Costa e Centeno manobraram com critério. Mas como sempre foi claro, ao primeiro embate o país estaria numa situação crítica para enfrentar a crise que daí resultasse.  

 "Portugal tem de se colocar nessa primeira linha do reforço da base industrial e da capacidade de produção nacional, além do mais porque somos dos países que ainda sabemos fazer muitas das coisas que a Europa se habituou a deslocalizar para o Oriente", disse António Costa.

Reiterando a urgência de "perder dependências que hoje existem de produtos e de serviços, trocando tanto quanto possível importações por fabrico interno", o presidente da CIP defendeu uma "ótica europeia federal" ao nível da indústria, em que "cada Estado membro tem estratégias próprias de desenvolvimento económico" que permitam uma diminuição da dependência externa que hoje se faz sentir.

E, tanto o Primeiro Ministro como António Saraiva repetem agora o que há mais de 30 anos o celebre economista americano Peter Druke veio cá dizer. É esse caminho que temos que prosseguir e esta crise até nos pode despertar para acelerarmos o que já vínhamos fazendo em setores que estão a reinventar-se, como o têxtil, o calçado, a metalurgia e metalomecânica, a aviação e aeronáutica ou os moldes", sustentou. E o cluster do Mar com um extraordinário potencial e tão mal aproveitado.

Para António Saraiva, a atual crise veio até "acelerar mais" o processo de transição para a economia digital que em Portugal já estava em curso, impondo um ainda maior recurso às plataformas eletrónicas e ferramentas digitais .

Ou o país tem coragem de percorrer este caminho difícil ou continuaremos pobres, com dois milhões de pobres, salários baixos, emigração e profundamente endividados.

E este trabalho não é de esquerda nem de direita. É um trabalho patriótico. 

A globalização tirou milhões de seres humanos da miséria

Chegou o ponto de inversão em que as vantagens da globalização foram ultrapassadas pelas desvantagens. Há que corrigir segundo a aprendizagem. É assim que funciona a economia com ciclos de crescimento seguidos de períodos de reajustamento, em que os países têm que encontrar equilíbrios económicos e financeiros para estarem preparados para o relançamento.

Quem estiver bem preparado ultrapassa bem as crises, quem não se preparar mergulha em recessões brutais que atingem os menos afortunados. Não é por acaso que Portugal, Espanha, Itália e Grécia são sempre apanhados no olho do furacão. Todos eles assentam o seu modelo de desenvolvimento na elevada despesa pública paga por uma elevada carga fiscal sobre as famílias e as empresas e por uma elevada dívida pública. As suas economias não crescem o suficiente para pagar a dívida e reduzir a carga fiscal.

Nos últimos 25 anos crescemos em média à volta de 1%/ano bem menos que a média de taxas de juro que pagamos . Sem reformar o Estado e sem mudar o modelo económico estaremos sempre a empobrecer.   

"Enquanto que nas economias emergentes, a globalização tirou milhões de seres humanos da fome e da miséria, e foi responsável pela emergência de classes médias, no mundo desenvolvido a globalização trouxe graves problemas económicos que minaram a legitimidade da ordem liberal. Aí assistimos à perda de empregos, ao declínio dos salários e ao aumento das desigualdades, resultado do deslocamento das indústrias dos países desenvolvidos para locais com custos de produção mais baixos, agravadas pela automação e inteligência artificial. "

Com a mutualização da dívida que modelo económico seguiremos ?

Sabemos nós, sabem os espanhóis, os italianos e os gregos ? É que ninguém promoverá a mutualização da dívida ( 8% do orçamento da UE = milhão de milhões) sem que primeiro se saiba em que modelo de desenvolvimento vamos apostar. O actual já mostrou que não serve. Não paga a dívida, não tira os 2 milhões de pobres da miséria e paga salários baixíssimos.

Os economistas como eu não são muito bons a fazer previsões de decisões políticas. O que eu, como economista, gostava de ver era uma solução em que emitíssemos dívida de forma conjunta, partilhando deste modo o risco da taxa de juro e o risco de incumprimento (default). A dívida emitida seria de muito longo prazo e assim que chegasse ao seu fim, seria emitida outra vez. O capital não era amortizado, apenas se pagariam juros. Era o que gostava de ver.

É fundamental pensar-se em algo desse género. E também aqui teria de ser financiado conjuntamente, talvez usando uma parte ou reforçando a emissão de dívida de um bilião de que falava. Depois seria preciso um debate alargado na sociedade sobre como gastar esse dinheiro e sobre que tipo de recuperação é que queremos ter. Queremos nessa segunda fase apoiar uma recuperação generalizada da economia ou queremos dar apoios mais direccionados, em que se apoiam determinados sectores? Por exemplo, pode-se querer atingir determinados objectivos verdes, objectivos de igualdade ou objectivos digitais. Para mim, estes devem ser elementos importantes numa recuperação e devem ser alvo de uma discussão na sociedade. Por exemplo, se se apostar no investimento em infra-estruturas de transporte, vão-se apoiar todos os tipos de transporte, ou apoiam-se unicamente as linhas ferroviárias e não se apoiam as auto-estradas e os aeroportos? É uma decisão política, mas eu como cidadão, gostaria que a recuperação fosse verde e digital.

Mesmo para António Costa há limites

António Costa no meio da tempestade em que não há um único indicador que lhe seja favorável canta e dança . Ou é tolinho ou é um perigoso populista capaz de dizer tudo para enganar o povo que diz servir.

O INE publica que as exportações caíram como há muito não se via ? A queda das importações mostra que a actividade económica está de rastos ? O  investimento não arranca ? Nada que perturbe o primeiro ministro. O número de alunos que entraram no ensino superior voltou ao nível de 2010. Razão ? As famílias estão cheias de guita e já podem financiar os seus jovens.

Afinal não tínhamos um problema na Educação, não havia problema nenhum de demografia, o que havia era um problema económico das famílias que o presente governo já resolveu com a devolução dos rendimentos. Como dizia outro socialista é só fazer as contas.

E para Costa a colheita de 2016 nada tem a ver com a sementeira de 2014 e 2015 e anos anteriores. Estamos no campo da gestação expontânea. Nem é preciso acelerar no fim.

Os modelos económicos que os diferenciam

Modelos de desenvolvimento económico muito diferentes afastam PS da maioria. O modelo do PS foi experimentado até à exaustão nos governos de Sócrates com os resultados conhecidos. O país precisa agora de experimentar o modelo alternativo. Nas próximas eleições é isto que está em jogo

"Porque aquilo que nos diferencia é que o modelo de desenvolvimento do PS assenta em despesa pública e consumo privado, em contraponto com o nosso que assenta em iniciativa privada e exportações. Com o nosso modelo criamos riqueza e garantimos crescimento económico, o do PS tem como consequência o sobressalto de resgates financeiros, de défices e de dívidas."

Com o modelo económico do PS o país já foi à bancarrota por três vezes. Chega, não ?