Admitamos que Maduro continuava no poder . O povo venezuelano podia esperar o quê de diferente da governação que levou o país à presente situação miserável ?
Maduro é um beco sem saída . O que pode salvar o povo venezuelano são novas eleições legitimadas internacionalmente e que possam abrir caminho a novas e eficazes medidas governativas. Ora, o que está à nossa frente é a tentativa de salvar um regime incapaz de governar com sucesso quando, a verdadeira questão, é tirar o povo da miséria em que está mergulhado.
E isso faz-se com mais do mesmo ?
Insistir com as mesmas propostas e esperar resultados diferentes é estúpido . E culpar o imperialismo é a desculpa de sempre.
Eu estou ao lado do povo venezuelano que tem direito à democracia e ao bem estar.
A culpa de Portugal não sair da cauda europeia não é da UE e do Euro . Portugal junta as três condições para a persistência da miséria.
Quando se juntam os três ingredientes, não há como escapar à miséria. Uma elevada carga fiscal, com um poder concentrado e uma elite económica nas mãos do Estado cria uma economia paralisada e incapaz de criar valor. Esta última descrição faz lembrar alguma coisa? Na verdade, aplica-se que nem uma luva a Portugal.
Portugal tem uma carga fiscal mais elevada do que os países com desenvolvimento económico semelhante (Polónia, Eslováquia, Eslovénia). Portugal é também um dos países mais centralistas da Europa, como vimos acima. Finalmente, uma certa cultura corporativista e de “defesa dos centros de decisão nacional” também limita em muito o funcionamento livre dos mercados.
Chegam as notícias da Venezuela. Mais de dois milhões de pessoas que fogem da fome, da doença, da miséria, sobretudo para os países próximos: Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Chile. A pé, em grandes filas. Uma inflação estratosférica. Imagens de hospitais em caos e incalculável penúria. E tudo o mais que se adivinha por detrás do horror já de si muito visível. Do outro lado, o grotesco. O tintinesco Maduro anunciando os seus grandes planos para a economia do país, abarrotado de petróleo e em tempos o mais próspero da América Latina, e aconselhando aos cidadãos a compra de lingotes de ouro. Os dignatários do regime rindo com ele e batendo palmas. Os grupos de criminosos que guardam a “revolução” aterrorizando criaturas inermes e desesperadas.
Convenhamos que é difícil não deduzir de tudo isto o horror do regime “bolivariano”. Mas há, como se sabe, quem não o faça. O Partido Comunista persevera na sua particular versão dos acontecimentos.
O exemplo é, por estes dias, a Venezuela do mar de petróleo que não andará longe de um golpe militar que, inevitavelmente, arrastará o país para uma ditadura de extrema direita. Oxalá que não mas ainda vamos ouvir os apoiantes de Chavez e Maduro rasgarem as vestes contra os golpistas como se não fossem os culpados.
Desde a queda do preço do petróleo ( no tempo de Chavez andava acima dos 100 dólares/barril) até à ingerência imperialista tudo servirá para lavar os crimes do socialismo de miséria . Tal como aconteceu nos outros paraísos .
A cegueira ideológica é que não ajuda ninguem, bem pelo contrário, ajuda a que a miséria do povo seja vista como sendo um castigo a que os pobres não podem fugir. Pois se a miséria não resulta das decisões de quem as toma estando no poder no país...
Centenas de milhares de venezuelanos fogem da fome e do caos. Um país cheio de petróleo colapsou económica, política e socialmente. Um mar de miséria ao lado de um mar de petróleo.
A Grécia passa dificuldades mas com a ajuda da União Europeia, nem de perto nem de longe caiu na brutalidade da miséria venezuelana. Foi preciso limpar as contas nacionais, contrair empréstimos no montante de 250 mil milhões de Euros para assegurar ao povo grego uma vida decente. Difícil mas decente.
Hoje vimos responsáveis portugueses que andaram anos a criticar os sacrifícios impostos ao nosso povo bater palmas ao fim do programa grego. Bem mais difícil e prolongado .
Estamos perante uma situação que mostra bem que aos eurocépticos pouco interessa o bem estar dos povos. A ideologia não dá de comer a ninguém como mostra o caos venezuelano.
Não é popular dizer isto mas, mais tarde ou mais cedo, a realidade vai obrigar a Europa a tomar decisões dolorosos. Vai ter que decidir quem é que fica dos migrantes que a procuram e quem vai ser devolvido aos seus países de origem . Há questões políticas, de segurança e económicas que requerem atenção. Repare-se no silêncio da extrema direita e da extrema esquerda perante as vagas de migrantes .
Os países mais expostos à migração fecham os olhos à passagem dos milhares de pessoas que procuram os países mais ricos e com maior capacidade de absorção. Mas nem todos fogem da guerra . Há os que nos procuram por razões de trabalho e no meio da multidão há os terroristas .
Os refugiados, os que fogem da guerra, têm direito a protecção mas os restantes têm que ser devolvidos aos países de origem . Todos os que não conseguirem emprego.
Um bom exemplo a seguir, para encontrar soluções justas e douradoras, é a a acalmia dos países mais próximos de Espanha, do outro lado do Mediterrâneo. Secou o movimento migratório para Espanha o que nos mostra que a solução está nos países de origem. Paz, mais justiça social e mais Democracia.