Não se esqueçam de lhe dar a maioria absoluta. Ele é capaz de quase tudo.E o Presidente da República faz de conta que não vê.
“A mobilização das Forças Armadas afigura-se claramente ilegal, não só pela utilização dos militares como fura-greves fornecidos a custo zero à associação patronal que constitui uma das partes em conflito, mas por se fazer sem que tenha sido decretado o estado de sítio ou o estado de emergência exigidos pela Constituição e a lei. O Governo somou à requisição civil uma requisição militar, disponibilizando os militares às empresas privadas”, lê-se no abaixo-assinado onde surgem também os nomes do economista e colunista do PÚBLICO Luis Aguiar-Conraria, do politólogo André Freire ou da historiadora Raquel Varela.
O que me parece é que a Venezuela não pode manter o estado a que chegou. Tem que haver uma solução de preferência pacífica. E também se percebe mal que quem após todos estes anos levou o país a este estado tenha agora soluções diferentes.
Na Venezuela como em todas as ditaduras vai haver um dia ( ou uma madrugada) limpo e inteiro.
A comunicação social em primeiro lugar anuncia que os militares de Abril vão discursar na Assembleia da República no dia 25 de Abril. A mesma comunicação social uns dias depois anuncia que os militares de Abril vão fazer uma manifestação na rua contra o governo no mesmo dia 25 de Abril. A seguir com este cenário por si montado a comunicação social passa um dia a comentá-lo .
É nos jornais, é na rádio é nas televisões, os militares bem tentam mostrar que não podem estar no mesmo dia na rua e na Assembleia mas nada feito. Está ou não contra o ministro ? Concorda ou não com o general demissionário? Aceita o novo nome indigitado ? Disse ou não disse que os generais não deviam aceitar o lugar se fossem convidados ?
E assim se faz um dia na comunicação social como se desconhecessem as muito más notícias na frentes económica e financeira que se souberam hoje. É preciso desviar as atenções, António Costa anda em campanha, anuncia o aumento do IVA ( pela voz do seu adjunto) - não aumentamos o IVA dos bens essenciais é porque vai aumentar todos os outros bens - e o PIB cresceu 0,1% no 1º trimestre o que invalida a previsão do governo. Por muito e só estamos em Abril...
Os militares no activo são representados pela hierarquia ou pelo porta voz militar indicado. Além da hierarquia militar não há mais forma nenhuma de representação militar. Estas associações de militares não representam militares no activo. São associações civis que têm em vista contornar a hierarquia militar e, assim, apresentarem-se publicamente como representantes das Forças Armadas.
Não representam as Forças Armadas nem têm acesso às tais armas "letais", afirmação falsa com que querem amedrontar os portugueses que dizem defender. Veiculam a ideologia partidária e são parceiros da luta partidária. Tudo o resto é fogo de artificio ou "tiros de pólvora seca".
Estas associações que se dizem representar os militares e outras que representam professores, Juízes, magistrados e por aí fora, não representam mais que uma pequena parcela do total desses profissionais. As associações de militares representam os militares já retirados, fora do activo. Arranjaram esta forma de contornarem a proibição de os militares no activo não puderem associar-se. Daí a dizerem que são a voz da maioria foi um passo.
Os militares têm uma hierarquia e é o seu Chefe de Estado Maior que os representa. De outra forma estaria comprometida a disciplina que é uma das características mais marcantes da servidão militar. O Presidente da Associação de Sargentos é um conhecido militante do Partido Comunista e faz política como fazem todos os sindicalistas comunistas.
Dizer que os militares também podem sair à rua é uma mentira que tem como objectivo meter medo à população. Os militares juraram defender a Constituição e as Instituições democráticas saídas da vontade do voto democrático.
A mim também me cortam a pensão e eu não vou entregar carta nenhuma a Belém. Os militares deviam ser os últimos a protestar contra a austeridade. Porque fazendo-o, agora, parece estarem a tomar partido e, isso, num militar, é coisa feia.
Para além do estatuto que lhes reconheço e não esqueço, nunca vi os militares irem a Belém dizer ao Presidente da República que estavam muito preocupados por terem colégios onde o custo por aluno é três vezes maior que nos outros colégios. Que só em Lisboa têm quatro hospitais e que só ao fim de quarenta anos é que os juntaram num só. E não estou a contar com o hospital militar do Porto. Quantos milhões se desperdiçaram nestes quarenta anos?
Os militares, ou as suas associações, deveriam cuidar da sua reputação quase sempre exemplar e não se meterem em guerras que não são suas. Porque se formos "limpar armas" todos nós temos muitas culpas de isto ter chegado ao "estado a que isto chegou" como disse na noite memorável, o herói de Abril, Capitão Salgueiro Maia!
Na saúde mantendo os diversos hospitais de que não precisam e o seu subsistema de saúde que o orçamento paga. Na Educação mantendo os colégios mais caros que o orçamento também paga. Querem a paz dos cemitérios. Não à mudança.
Nos hospitais há quatro hospitais militares só em Lisboa que se vão reunir num só, o da Força Aérea, no Lumiar. Aqui para nós que ninguém nos houve, se fizermos contas ao número de militares e aos seus familiares, não chegam para um hospital com a dimensão adequada à prestação de cuidados hospitalares de qualidade. Quanto aos subsistemas de saúde, este e os outros não têm razão de ser quando temos o SNS.
Os colégios militares ficam muito mais caros por aluno. Além disso o número de alunos que os frequentam é muito reduzido. Há que juntar rapazes e raparigas como se faz em todo o lado e baixar o custo por aluno. O orçamento também paga.
Um estado abocanhado por corporações profissionais e de interesses que lutam por privilégios que os contribuintes pagam. Chega!
Depois desta foto da vizinha Espanha não há razão para os militares Portugueses estarem preocupados. Oficiais e sargentos receberam com surpresa e preocupação a nomeação de Berta Cabral para secretaria de Estado da Defesa, mas ressalvam que, mais importante do que o nome, são as políticas governamentais a prosseguir nas Forças Armadas.