O que é isto senão austeridade pura e dura? Pior, austeridade encapotada, insidiosa na forma, perniciosa nos efeitos, anestesiando os seus destinatários quando os preços estavam baixos, mas revelando agora, da pior forma, toda a sua crueldade quando os preços sobem.
Pior, estes expedientes penalizam as regiões com maior dependência do automóvel, em regra, áreas com menor densidade urbana e, por isso, menor rede de transportes públicos e alternativas de mobilidade.
Em suma, os portugueses vão pagar em impostos relativos aos combustíveis mais em 2019 do que 2018, um imposto em que todos pagam o mesmo, ou seja, cego e socialmente injusto, clamorosamente austero, mas que, sobretudo, desvenda um Governo sem carácter e desonesto, falho em assumir as suas opções .
Não se colocando a questão dos custos do estado, que passavam para os rendimentos futuros dos estudantes, porque se colocariam numerus clausus nas universidades? Porque é que a Física do Técnico não poderia ter 300 vagas em vez das poucas que tem hoje? Porque é que só se pode entrar nesse curso com 18.45, limitando-o a miúdos cujas características familiares e pessoais não são acessíveis a ninguém? Afinal, havendo quem pague, que justificação tem o Estado para limitar as universidades que querem trabalhar?
Estou a falar desta mentira porque é complicado falarmos em melhorar o que quer que seja se continuamos a laborar numa mentira. O tema que quero introduzir é o tema do acesso à formação, seja ela universitária ou não. Algo que em Portugal sofre de profundas patologias, que são mais surpreendentes por sermos tão poucos e cada um valer tanto.
Mas o mais engraçado nisto tudo é que ainda que se montasse um sistema que trouxesse de facto os recursos financeiros a todos, de forma a que todos pudessem optar por uma educação de primeira água com recurso a crédito que é, de facto, de muito baixo risco, ainda haveria uma deputada qualquer da esquerda radical a dizer que estávamos a prejudicar as universidades do interior para fomentar o lucro dos bancos. É que também nos é dito todos os dias que Portugal não é pobre por azar, é pobre porque quer.
Mas, claro, José Sócrates sai vitimizando-se, falando de "embaraço mútuo" e ameaçando, segundo o Expresso, "vingar-se" - aventa mesmo "um amigo" que poderá "usar escutas a que teve acesso como arguido". Chocante, porém não surpreendente. De alguém com uma tal ausência de noção do bem e do mal, que instrumentalizou os melhores sentimentos dos seus próximos e dos seus camaradas e fez da mentira forma de vida não se pode esperar vergonha. Novidade e surpresa seria pedir desculpa; reconhecer o mal que fez. Mas a tragédia dele, que fez nossa, é que é de todo incapaz de se ver.
Os blogues também têm o objectivo de alegrar a vida dos Portugueses . A não ser assim o PCP e o BE perdiam grande parte da piada. As tricas são fundamentais para dar cor e vida ao cenário. Se não vejam :
Quanto ao PCP a SIC pelo arquivo do Bernardo Ferrão já arrancou uma sonora gargalhada na Soeiro Pereira Gomes depois daquele desafio do eurodeputado João Ferreira :
Quando João Oliveira afirmou sobre Nuno Crato que “para lá de exigir a demissão do ministro da Educação, nós temos vindo a exigir a demissão do Governo”, queria dizer o quê?
Quando Bernardino Soares defendeu que Maria Luís Albuquerque “devia terminar o seu mandato porque não tem condições para continuar”, queria dizer o quê?
Quando Miguel Tiago foi à RTP explicar que “não devemos hesitar” porque Miguel Relvas “não tem as condições para fazer parte de um Governo”, queria dizer o quê?
Mente tão docemente : Os dados do PIB que o INE deu a conhecer na sexta-feira, dando conta de um crescimento de 0,2% no segundo trimestre, “aumentou as nossas preocupações sobre as perspetivas de crescimento, que parecem estar a abrandar no terceiro trimestre”, disse o responsável.
“Por isso, a perspetiva mantém-se estável, mas parecem estar a crescer pressões de várias frentes”, acrescentou, lembrando a exigência da Comissão Europeia de que Portugal avance com mais cortes de despesa, algo que o Governo português se tem recusado a fazer por não considerar necessário para atingir os seus objetivos.
A DBRS vai rever a nota dada a Portugal em outubro, precisamente uma semana depois de Portugal ter de apresentar à Comissão Europeia uma lista com as medidas tomadas para corrigir a trajetória orçamental e garantir que sai da situação de défice excessivo este ano.
Se a nota descer um nível adeus confiança sobre a dívida pública
Dos projectos anunciados pelo anterior Governo no âmbito do Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas, Pedro Marques diz que só encontrou "powerpoints". (06/04/2016)
“O Governo já encontrou tudo feito, fechado e negociado para a aplicação dos fundos”, sobre o Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (04/07/2016)
Andaram quatro anos a chamar mentiroso a Passos Coelho. Prometeu muitas coisas boas mas fez exactamente o contrário. Cortou salários e pensões quando tinha afirmado que nem pensar.
Agora, os mesmos, que andaram a atacar-se mutuamente, considerando-se os inimigos de referência, querem juntar-se no governo. O PS é de direita, segundo o PCP e o BE mas agora só não governa se não quiser.
Vão buscar o exemplo da Dinamarca, lá governa uma plataforma de três partidos e nenhum deles foi o vencedor das eleições. Mas não dão o exemplo do segundo governo de Sócrates que teve menos votos e menos deputados que a actual Coligação no poder. Em 2009 .
A diferença entre o actual PS e o BE está nos 500 mil votos que agora estão no BE e que fazem falta ao PS. Claro que o BE quer mostrar que até viabiliza governos minoritários do PS, quem votou no PS e agora vota no BE não tem que ter medo. O PS carrega o peso da governação enquanto o BE vai carregar com os votos dos descontentes que o exercício da governação sempre cria. O BE vai engrossando à conta do emagrecimento do PS.
Quem tem amigos destes precisa de ter inimigos ? Avisem o António Costa que está a trocar o seu futuro politico pessoal pelo futuro politico do seu partido.
Enquanto isso, o PCP negoceia e, ao mesmo tempo, avança com um candidato próprio à presidência da República .
Ou será que também nas presidenciais António Costa prepara mais uma golpada aos candidatos da área do seu partido ?
Já concederam que não é possível repor os salários e pensões ao nível de 2011 mal cheguem ao poder. Com um pouco mais de paciência ainda os vamos ouvir dizer que não é possível avançar com o novo aeroporto e o TGV . Esta sexta feira, começaram por querer investigar os submarinos mas acabaram por concordar em investigar vários outros processos onde vão ser ouvidos oito ministros de governos socialistas.
Não sei se isto é o "grão a grão enche a galinha o papo" ou se é a técnica do boomerang. Usando a mentira para proteger um aldrabão ainda acabam por lhe partir a cabeça. O manifesto dos 74 apoiado a pedido por outros 70 (estrangeiros. Onde está o patriotismo?) foi a oportunidade para recuperar as mentiras de quem agora diz " que se fosse convidado teria assinado o manifesto" .
Os ex-ministros que trouxeram o país à bancarrota não têm tento na língua e admitem que o seu trabalho foi muito mau. É impossível, segundo eles, pagar o que gastaram. Com alguma sorte vamos ficar todos amigos.
Que não vivemos acima das nossas possibilidades. Mas então a que se devem a dívida pública e privada ? A dívida não é a prova que andamos a gastar o dinheiro que não tínhamos e que, por isso, andamos de mão estendida a pedir empréstimos até os credores dizerem que não havia mais?
Que não houve obra pública a mais. Mas então o facto de os automobilistas terem voltado para as antigas estradas principais não é prova que não podem pagar as portagens das autoestradas e, que, por isso são inúteis e estão vazias ? E os estádios que estão às moscas e que o Estado e as Câmaras querem implodir ? E as rançosas rotundas que na sua maioria só atrapalham?
Que o trabalho é mais precário. Mas há mais precariedade do que nas obras públicas que duram dois ou três anos e, que, ao fim desse período vai tudo para o desemprego a não ser que se vá construindo sempre mais, como se fez por cá? Com as consequências no desemprego e no crescimento da economia profundamente negativas.
Que o Estado não é um monstro gordo e gastador. O Estado ter ido à bancarrota por três vezes em quarenta anos, único caso no mundo, não é prova bastante? Gastar 50% de toda a riqueza produzida bem acima do que gastam os países mais ricos e mais justos não é suficiente?
Que nunca o país esteve tão mal. Mas quem conheceu as condições em que viviam os cidadãos deste país há 20,30,50 anos é capaz de defender essa falácia sem vergonha? Que Portugal com a entrada na UE e no Euro deu um salto extraordinário na qualidade de vida dos seus cidadãos? Que o Portugal democrático, apesar dos erros repetidamente cometidos, é um caso extraordinário de sucesso?
Que nunca houve tamanha emigração. Mas então Portugal não foi sempre um país de emigrantes? Que nos anos sessenta a emigração era a emigração da pobreza e da fome e agora é o país da emigração de gente culta e bem preparada?
Mentiras que são diariamente repetidas com a esperança de, tão repetidas, se tornem verdade aos olhos dos Portugueses. Quanto a mentiras ficamos entendidos.
Sócrates tem uma relação problemática com a verdade. (...)
A informação do Expresso sobre o livro de José Sócrates foi colhida junto do próprio, que é citado em discurso direto pelo diretor Ricardo Costa: .
Como é sabido, as informações relativas a Sócrates tem um recorrente problema com a verdade, que se verifica também neste caso.
Ao contrário do que a notícia de Ricardo Costa explicitamente diz, e salvo qualquer informação contraditória, Sócrates não «defendeu em julho na Sorbonne, em Paris» a «sua (sic) mémoire». A Sciences Po - oficialmente Institut d'Études Politiques de Paris - é um grand établissement, uma grande école (como a Normale e a Polytecnhique), um estabelecimento universitário - que não pertence, nem nunca pertenceu, à Sorbonne. Existem os chamados bi-cursus da Sorbonne com a Sciences Po, mas o mestrado de Sócrates em Ciência Política não se inclui nesses cursos. Então, é desnecessário inchar o mestrado da Sciences Po com o estatuto da Universidade da Sorbonne para-português-patego dizer «Oh-la-la»!... Não sei quem será o autor desta invenção e até admito que o auto-informador (Sócrates) não tenha dito tal: mas até agora não vi desmentido no Expresso online (à hora em que escrevo a notícia no sítio do Expresso continua a mencionar que Sócrates «defendeu em julho, na Sorbonne» a sua «tese»), não constando o desmentido do próprio, como deveria. Com efeito, é errado fazer constar ao povo que se produziu esse trabalho, e se obteve esse título, numa instituição diversa daquela onde foi tirado.
«Structure du programme Le master de science politique, mention théorie politique, se déroule en deux ans et peut se prolonger par la réalisation d'une thèse en trois ans. L'ensemble de ces cinq années de formation est appelé parcours doctoral. La première année du niveau master est consacrée à l'acquisition des éléments de connaissance fondamentaux ainsi qu'à une première initiation à la recherche. Cette formation repose sur des cours fondamentaux, des séminaires de recherche ainsi que sur un tutorat personnalisé. La seconde année du niveau master complète les connaissances premières par des enseignements spécialisés et la poursuite du tutorat afin d'accompagner la préparation du mémoire de recherche qui constitue le point d'arrivée du master et un des éléments principaux d'évaluation de la capacité des étudiants à poursuivre en thèse. L'inscription en doctorat est autorisée dans la mesure où toutes les conditions suivantes sont remplies: - avoir validé l'ensemble des enseignements de votre programme (M1 et M2), - avoir rédigé un mémoire de recherche et obtenu la mention «très bien» (16/20) à l'issue de la soutenance de votre mémoire, - avoir rédigé un projet de thèse.»
Portanto, o que José Sócrates pode ter feito é «un mémoire», que em rigor não é uma tese (que está reservada para o doutoramento, conforme se pode ler nesta explicação da Wikipedia francesa sobre o «mémoire universitaire»:
«Le développement du sens universitaire de ce mot se fait au cours du XXe siècle. En effet, l'organisation des études universitaires impose un découpage plus précis, qui crée le niveau de la maîtrise. Le travail d'un étudiant de maîtrise (aujourd'hui Master 1), s'il est une recherche originale, ne peut prendre le nom de thèse car l'étudiant n'invente généralement pas un concept ou une théorie nouvelle à ce niveau. Le terme de mémoire est alors couramment employé, puisqu'il répond bien au sujet: exposer un fait, une recherche, dans un format relativement réduit. La poursuite de l'apprentissage du travail de la recherche implique pour les étudiants la rédaction d'un second mémoire, en Master 2 (ancien DEA). Celui-ci est souvent l'étude de faisabilité d'une thèse. Il est, lui aussi, d'un format assez réduit et expose les outils qui permettront éventuellement à l'étudiant de se lancer dans une thèse. Pour un M2 en sciences sociales ou en littérature, le mémoire comprend la description des sources qui vont permettre le futur travail de thèse, la bibliographie nécessaire, l'exposé de la problématique et la réponse dans le thème définie par l'étudiant et un ou deux essais de chapitres rédigés, qui montrent comment la problématique, les sources et la bibliographie peuvent conduire à un véritable travail de recherche originale. En revanche, on parle rarement de mémoire de thèse, celui-ci étant trop volumineux, et l'usage veut qu'on qualifie de thèse l'ouvrage en lui-même.»
O «mémoire» que Sócrates fez - e não «tese» como, sem pudor, lhe chama, inflando-lhe o nome e subindo-lhe o peso («assez réduit»...) - constitui o trabalho final do mestrado e, ainda com génese diversa (e menor - o DEA...) equivale agora à dissertação de mestrado do ensino pós-Bolonha.