Para os amigos ceguinhos , ignorantes, ou intelectualmente desonestos que aqui rasgam camisas contra o Passos e não contra o Marquês Sócrates da Bancarrota:
Aqui fica o texto do Memorando de Entendimento assinado pelo Sinhor Inginheiro Pinto de Sousa:
"3.31. O Governo acelerará o programa de privatizações. O plano existente para o período que decorre até 2013 abrange transportes (Aeroportos de Portugal, TAP, e a CP Carga), energia (GALP, EDP, e REN), comunicações (Correios de Portugal), e seguros (Caixa Seguros), bem como uma série de empresas de menor dimensão. O plano tem como objectivo uma antecipação de receitas de cerca de 5,5 mil milhões de euros até ao final do programa, apenas com alienação parcial prevista para todas as empresas de maior dimensão. O Governo compromete-se a ir ainda mais longe, prosseguindo uma alienação acelerada da totalidade das acções na EDP e na REN, e tem a expectativa que as condições do mercado venham a permitir a venda destas duas empresas, bem como da TAP, até ao final de 2011."
Não vale a pena andar nessa Vanessa porque a verdade não se apaga por mais narrativas que se inventem. Foi José Sócrates quem assinou o memorando da Troika como primeiro ministro. E não vale a pena insistir porque por mim essa não passa e não esqueço.
Algum cidadão ou instituição, pode chamar a tróika e assinar um memorando de ajuda ao país a não ser o governo em funções ? E um partido politico na oposição pode ? Não pode . Então porque andamos todos a discutir sobre a responsabilidade da vinda da tróika ? Só o governo em funções a podia trazer .
Da mesma forma só o governo em funções pode discutir com a tróika a implementação das medidas contidas no memorando . Pode ser de outra forma ? Não pode.
António Costa começou a enterrar os fantasmas do governo Sócrates . Daqui até 4 de Outubro enterrará o que resta da influência socrática no PS. Percebeu tarde . Veremos se a tempo.
Cerca de 40% do Syriza está contra o acordo desenhado em Bruxelas o que quer dizer que só passa no Parlamento com os votos da oposição. O que pode levar à queda do governo. Temos assim optimismo em Bruxelas e revolta em Atenas.
Mas se estas propostas foram bem recebidas pelos parceiros europeus, no seio da coligação governamental a história é outra. Há deputados do Syriza a falarem em "capitulação" e a defenderem que Tsipras terá de explicar as opções que está a tomar. E, para fazer passar um eventual acordo no parlamento, Tsipras poderá ter de se colocar nas mãos da Nova Democracia, o partido do anterior governo.
Com 84% da população a querer manter-se na zona euro é um problema ter um partido no governo em que 40% dos militantes são comunistas e como tal, opositores à permanência. Não é fácil.
É claro que pedir ao PS que abandone o memorando é à partida uma condição que o partido não pode acolher. Não só pelos efeitos arrasadores imediatos sobre o país mas também porque o PS trairia a sua matriz de partido democrático do arco da governação. A grande diferença entre PS, PSD e CDS e o BE e o PC é que os três primeiros querem permanecer na União Europeia e no Euro. Rasgar o memorando e renegociar a dívida como pretendem o BE e o PC é uma profunda contradição, porque para negociar é preciso que os credores estejam preparados para isso. E , nesta altura, sem que o país faça a sua parte do trabalho de casa, não estão.
Sem um acordo alargado do PS, PSD e CDS a médio e longo prazo o país vai ter muitas dificuldades em sair desta crise. Com a provável vitória do PS nas próximas eleições, sem maioria absoluta, o acordo estratégico também facilitaria o futuro governo socialista. Mas é claro que estamos a falar num acordo alargado e de mão dada com a União Europeia.
Só um acordo forte e sólido, capaz de honrar compromissos e aplicar as reformas essenciais, é possível relançar a confiança e o crescimento. Tudo no quadro da União Europeia e da Zona Euro.
Nesta altura, após dois anos de memorando, é muito natural que a maioria esteja farta da austeridade. E, também é verdade que " o rabo é o mais difícil de esfolar". Os governantes deviam levar esta fadiga revelada pela maioria muito a sério. Porque quer dizer que as pessoas estão espremidas, é tempo de dar esperança e de transmitir sinais positivos. O governo não pode continuar a deixar os cidadãos na incerteza, sem saber qual vai ser o futuro . Esta incerteza é tão maléfica como ver o rendimento a descer todos os meses.