Andamos a pagar as propinas a grunhos, a merdas que não merecem andar numa universidade. E temos universidades que formam estas bestas e têm medo de os expulsar porque receiam perder receitas. Menos alunos menos dinheiro do estado. Uma vergonha !
Afinal o sobrevivente não apresentava sintomas de hipotermia e muito menos de pré-afogamento, soube-se a partir do relatório do hospital onde foi assistido. Segundo o mesmo relatório doía-lhe a cabeça, uma cefaleia que foi tratada com paracetemol. O medicamento que em menor dose se dá às crianças com febre. Esta narrativa é consistente com o facto de o seu telemóvel estar a funcionar .
"João Gouveia, o "Dux" da Universidade Lusófona e único sobrevivente da tragédia na praia do Meco quando seis estudantes foram levados pelo mar, afinal não apresentava sinais de hipotermia, como o próprio indicou em comunicado um mês após a tragédia. Das ondas alterosas do mar do Meco não escapou e da verdade também não vai escapar.
Com o decorrer do tempo o que se passou na praia do Meco vai tomando forma. A autópsia do cadáver que estava em condições de ser autopsiado revelou a presença de álcool e de drogas. É difícil perceber que um grupo de sete jovens às duas da manhã se deixe apanhar, ao mesmo tempo, por uma onda se a sua percepção da distância e do perigo não estiverem alterados .É esse o resultado mais comum do excesso de álcool e drogas. O cansaço e a falta de luz fizeram o resto.
As praxes e o seu cortejo de imbecilidades e humilhações não se explicam só por razões de necessidade de afirmação e de autoridade. A violência tem razões bem definidas e o caso das praxes não foge à regra. Como fazer rituais num cemitério de madrugada outra das informações que vieram agora a lume. E também com alunos da Lusófona.
O mistério e a tentativa de apagar o caso, mesmo em relação a coisas tão óbvias, mostram bem que naquela universidade ( outras haverá) a praxe passou muito além de uma brincadeira e de uma tradição para se tornar algo de secreto e de perigoso. O que faz do caso um assunto de polícia.
As famílias vão avançar com queixa crime . Esta poderá ser a única forma de as famílias conseguirem saber o que se passou na praia do Meco naquela noite. A queixa deverá envolver não só o "dux" João Gouveia como a própria universidade - Lusófona - e mais pessoas que os telemóveis e os computadores revelaram terem estado presentes ou que sabiam da "praxe". Há ainda outras informações que chegaram aos pais das vítimas por iniciativa de estudantes da universidade que estão contra as praxes.
Este silêncio a que se remeteu o sobrevivente é, evidentemente, estratégico e aconselhado por advogados. Está no seu direito. Mas as famílias também têm o direito de saber o que levou à morte os seus entes queridos. As famílias constituíram-se como "assistentes" no processo levado a efeito pelo Ministério Público e também não se sabe se por essa via conseguiram saber mais e avançar com o processo crime.
Uma coisa parece certa. Não podem morrer seis pessoas sem que se saiba em que condições quando há um sobrevivente. E há que esclarecer tudo . De outra forma as praxes imbecis e violentas continuarão a fazer vítimas.
O Meco . A tragédia do Meco, que levou à morte de seis jovens, ficará para a história como um belíssimo exemplo da incompetência policial e judicial. E um dos grandes acontecimentos que é levado a reboque da investigação jornalística e da pressão dos pais das vítimas. ( Francisco Moita Flores . CM)
Em certos meios nunca ninguém sabe nada. E, mesmo depois de se saber, faz-se tudo para não se saber. Assobiar para o ar é que é mesmo a nossa praia. Ouvi hoje o testemunho de uma mãe acerca da morte de um filho, também em ambiente universitário que esclarece tudo se fosse esse o interesse das autoridades. Se não fosse a persistência das mães das vítimas já tínhamos engolido a versão oficial. Foi um acidente, o praxador ser o sobrevivente é obra do acaso.
Houve uma nítida tentativa de branquear a tragédia do Meco. Pelo silêncio das autoridades, da universidade e do próprio sobrevivente. Só a vontade das famílias enlutadas não permitiu que se calasse o que deve ser do conhecimento de todos. Para que não se repita. Para que se saiba o monstro ritual que está por trás destas pretensas praxes.
Hoje o CM diz, em título, que o sobrevivente nunca esteve em perigo ao contrário do que veio a público. Ontem Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, sublinhou que as práticas usadas nas praxes são ilícitas, mesmo com o consentimento dos próprios. O ambiente que se cria pressiona as vítimas a consentirem práticas que não são próprias de um ambiente saudável.
O Secretário de Estado da Juventude e Desporto veio hoje também dizer que a praxe não consente o atropelo à dignidade e à integridade do praxado. Conheceram-se documentos que revelam chantagem como ameaçar os alunos que se não aderirem podem perder o curso. E, revelam, uma organização de tipo mafioso, secreto, com utilização de pseudónimos o que indica, que os seus autores têm consciência do ilicito que cometem.
Tudo isto é do âmbito policial porque há quem ande a incumprir a lei.
A família do sobrevivente remeteu uma carta à Agência Lusa onde afirma que o seu filho também foi vítima da onda assassina. Ao contrário dos restantes e após grande esforço conseguiu sair do mar pelos seus próprios meios. Foi em estado de hipotermia e em pânico que conseguiu telefonar para o 112 e que foi encontrado pela Polícia Marítima. Prestará todos os esclarecimentos nos locais próprios e às entidades competentes. "os jovens reunidos não conheciam a zona, realizaram alguns percursos a pé e deslocaram-se também até à praia. Pousaram os objetos que traziam no areal e, conversando, passearam na areia. Pararam acima da zona de rebentação e vários sentaram-se".
"Sem que se apercebessem, uma onda, de grandes dimensões, arrastou-os a todos e o desastre aconteceu. Seis jovens perderam a vida e um deles, depois de muito esforço, conseguiu arrastar-se até à areia e, de um dos telemóveis que tinham ficado junto dos objetos que tinham pousado inicialmente, conseguiu pedir socorro para o 112, tendo ficado em exaustão, a vomitar e em hipotermia progressiva, prostrado na areia", segundo o relato dos familiares. João Miguel Gouveia "foi localizado no areal pela Polícia Marítima e posteriormente estabilizado pelo INEM e internado, por afogamento, no Hospital de Almada".
Pessoas os viram a rastejar ligados entre si e com pedras atadas aos pés. Quem é apanhado, nestas condições, por uma onda não tem como fugir. Isto explica a morte simultânea dos seis jovens e a sobrevivência de quem mandava e que, por isso, não fazia parte do grupo?
Que há sempre uns frustrados prepotentes que abusam se estiverem em condições para tal é mais que conhecido, mas que dizer dos que gostam de ser humilhados? Que dizer de jovens que alimentam rituais humilhantes só para se sentirem aceites ? O que leva estes jovens a trocarem um fim de semana de namoro por um fim de semana em que se submetem a humilhações dolorosas? Não há aqui uma componente doentia que é necessário tratar?
Aquilo já estava a ser demais. Duas miúdas já tinham as meias rotas. Era uma humilhação e um vizinho foi lá ter com eles. Disse que também tinha sido estudante e sugeriu-lhes que se divertissem de outra maneira.” Responderam-lhe: "Isto é uma praxe. Uma experiência de vida. Não se meta."
Uma praxe nunca é uma lição de vida. Pode ser uma brincadeira inocente mas há quem a transforme num ritual de humilhação e morte.