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BandaLarga

as autoestradas da informação

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O problema insanável da maioria de esquerda

O problema insanável da maioria de esquerda é, como sempre se soube, a sua heterogeneidade. Terminada a fase da reversão dos rendimentos nada mais junta PS, PCP e BE

É de tal forma assim que as recentes declarações quer do PC mas ainda mais do BE já juntaram dois socialistas bem diferentes. Francisco Assis da ala direita do partido e desde sempre adversário da solução conjunta e Manuel Alegre, da ala esquerda do partido e apoiante da geringonça.

As declarações de Catarina Martins não podem deixar de ter resposta por parte do PS sob pena de atentar contra a dignidade do partido. Por muito menos António Costa respondeu duramente a Assumpção Cristas do CDS, apesar de os parceiros terem deveres de lealdade para com o governo que a oposição não tem.

No essencial - União Europeia e Zona Euro -  tudo separa os três partidos da maioria de esquerda e o orçamento de 2018 foi o primeiro ensaio sério. Para já o BE e o PC criticam mas apoiam o orçamento . Daqui em diante se mantiverem o mesmo registo não serão levados a sério.

E a CGTP já eleva o nível das exigências em vários sectores pressionando na rua e nas empresas.

Pelo lado do PS há tentativas de aproximação ao PSD e ao CDS nas matérias mais profundas e estruturais que têm que ser levadas a cabo sob pena de a economia continuar a ter uma performance medíocre.

Sem essas reformas o país não estará preparado para a nova crise que é inevitável, só ainda não se sabe quando. O insuspeito Francisco Louçã também já o anuncia juntando-se a vários economistas reputados e Catarina Martins voltou à narrativa da renegociação da dívida.

António Costa para salvar a pele meteu o país num beco cada vez mais estreito e, para minguar os estragos, já enviou o seu ministro das finanças para o olho do furacão . Esta é, aliás, a resposta mais dura que o PS podia dar aos seus parceiros de coligação.

A resposta que Alegre e Assis exigem seria a ruptura e o agravamento das relações funcionais da geringonça. Vamos andar assim até às eleições de 2019.

Em morte lenta.

 

Mário Soares sempre recusou a "maioria de esquerda " com o PCP

PS e PCP têm  ideias antagónicas sobre a organização politica da sociedade. Mário Soares nunca concordou com a chamada " unidade de esquerda". Por mais de uma vez deu a sua carreira política às balas correndo o risco de estar contra a corrente maioritária. Avançou para Presidente da República com apenas 8% de apoio nas sondagens. Mas recusou sempre juntar-se ao PCP para o que teve que confrontar-se com outro político de envergadura - Salgado Zenha.

A resposta é dada pelos factos: em 22 anos de maioria numérica de esquerda, nunca houve governos de maioria de esquerda porque o Partido Socialista nunca deixou. Porque o Partido Socialista nunca aceitou coligar-se com o Partido Comunista.

Por outras palavras, a recusa da “maioria de esquerda” foi um traço constitutivo do Partido Socialista de Mário Soares. Ele pensava que o que separa o PS do PCP não são meras divergências políticas de circunstância, mas sim dois conceitos de sociedade. Não estão no mesmo campo no que diz respeito à democracia e à liberdade.

Os actuais líderes socialistas não estão obviamente impedidos de romper com esse legado do PS. Mas manda a decência que digam publicamente que estão a fazê-lo. E mandam as boas práticas democráticas que os eleitores possam a curto prazo dar o seu parecer sobre o tema.