Andamos a ser enganados. Cá dentro averbamos vitórias atrás de vitórias mas depois a Moody's, uma das três grandes agências de notação financeira, mantém-nos no lixo.
Contra a maioria das expectativas dos analistas que anteviam uma avaliação positiva da Moody's, em que esta ontem retiraria finalmente, volvidos quase sete anos, a dívida portuguesa de uma notação de lixo, a da agência de rating manteve tudo.
Ontem à noite a DBRS promoveu o país (subiu a nota do crédito soberano português em mais um nível), mas a Moody"s manteve intacta a sua avaliação. Continua a considerar a dívida portuguesa como arriscada, um ativo especulativo, de baixa qualidade. Lixo, na gíria dos mercados. Assim é desde julho de 2011.
Não é por o borrifarmos com perfume que ele deixa de ser lixo.
Até Outubro deste ano os bancos emprestaram às famílias 11,7 mil milhões, um valor que ultrapassa já o total do crédito concedido durante todo o ano de 2016.
Até Outubro deste ano os bancos concederam 3,4 mil milhões em crédito ao consumo, o valor mais alto dos últimos 11 anos.
Até Outubro deste ano os bancos concederam 6,7 mil milhões para a compra de casa.
Há 15 trimestres consecutivos que a procura interna está a subir o período mais longo deste século. E o consumo privado está no mesmo caminho.
É claro que também existem boas noticias das exportações, que infelizmente têm sido minoradas pelas importações, fazendo com que muitas vezes o contributo da procura externa seja negativo.
Já detectou o padrão ? Parece óbvio que estamos a crescer com o que não temos ou esperamos a vir a ter no futuro, pedindo emprestado agora, convictos de que um dia vamos conseguir pagar.
E as baixas taxas de juro ajudam à festa, criando a ilusão de que temos mais do que realmente temos.
Se continuamos a fazer as mesmas coisas vamos obter os mesmos resultados. E no dia em que deixarmos de ter os juros baixos, lá teremos de procurar quem pague as loucuras de hoje.
“Reformas estruturais anteriores, recuperação económica cíclica e melhoria significativa nas condições de financiamento; saldo da conta corrente positivo este ano pelo quinto ano consecutivo, apesar do aumento da procura interna.”
Paulo Baldaia : A capacidade de Portugal pagar a sua dívida não é hoje muito diferente do que era há um ano, nem há dois, nem sequer melhor do que em 2011 quando a crise das dívidas soberanas nos obrigou a pedir socorro a uma troika mal-amada. O que mudou foi a perceção de quem nos empresta dinheiro para ir fazendo a dívida circular e, por arrasto, que não ao contrário, das agências de rating.
Juízinho ! É assim que a Europa reage à subida da notação da dívida, saindo do lixo. É preciso continuar o trabalho de consolidação orçamental.
Mário Centeno, já veio refrear os ânimos dos que estão sempre à espreita para conseguir maior despesa pública. Nos últimos tempos em Portugal só se fala em direitos, não em deveres. O regabofe está de volta. Temos a quarta maior maior dívida do mundo avisa Centeno.
É que Portugal foi ultrapassado pela Lituânia no que diz respeito ao PIB. É verdade a Lituânia já produz mais que nós. Fechamos os olhos aos dezassete países que estão a crescer mais que nós. Adeus vimo-nos por aí. Eles vão-se embora e nós afundamo-nos na nossa mediocridade. Numa política económica desastrosa.
António Costa também já veio dizer que esta notação vai beneficiar as taxas de juro mas que é preciso continuar Ou seja, o caminho de consolidação orçamental é para manter, no que pode ser lido como um recado aos parceiros do Governo – Bloco de Esquerda e PCP – com quem está a ser negociado a proposta de Orçamento do Estado para 2018.
PCP e BE querem reverter a lei das relações do trabalho implementadas pelo anterior governo. Mas a actual lei é uma das principais razões que levaram à saída da dívida da classificação de "lixo". Como vai ser ?
Além disso, a S&P destaca que 2017 será o "quarto ano seguido de crescimento desde 2010". Para este ano, a agência espera que a economia cresça 2,8%, mais do que os 1,4% do ano passado e antes de abrandar para um crescimento de 2,3% esperado para 2018. "Esperamos que o desempenho económico continue a ser transversal, com um contributo positivo de todos os sectores", diz a agência. E as exportações - a treta da Catarina - têm reforçado o contributo apesar do governo estar a governar para cumprir os ditâmes da Zona Euro, baixando o défice.
Afinal é possível a economia crescer ao mesmo tempo que se consolidam as contas públicas . E o défice que Jerónimo dizia que nunca lhe tinham explicado porque era necessário reduzir para menos de 3%.
Mas é preciso não esquecer que a grande redução do défice foi feita pelo anterior governo e que o crescimento da economia - cresce há 4 anos - abarca o anterior governo. O actual está há 2 anos a governar.
É, claro, que tudo isto é amplamente beneficiado pela evolução positiva da Zona Euro e da União Europeia, ao contrário do que diziam comunistas e bloquistas.
Todos os que juravam a pés juntos que a dívida pública nunca poderia ser paga sem uma forte reestruturação (perdão de dívida), compreendem que a decisão da S&P, que tanto festejam, é a confirmação de que estavam errados, certo? Afinal, a dívida é pagável. E, como bónus, é possível pagá-la e crescer.
Foram seis anos no "lixo", é natural que o país depois de tantos sacrifícios e de melhores contas públicas, saia do "lixo". Mas ainda assim foi uma surpresa.
O que parece é que está cada vez mais próximo o fim do programa de compra de dívida por parte do BCE, que tem sido o principal suporte dos juros baixos . Ora uma boa maneira de manter os juros baixos, retirando o BCE de cena, é justamente elevar a dívida acima do "lixo".
Alemães e Draghi há muito que andam de costas voltadas por causa da política de compra de dívida do BCE que inunda os mercados de dinheiro sem conseguir fazer subir a inflação para 2%. A tal ponto que os alemães já colocaram o assunto no Supremo Tribunal .
E a questão é saber o que vai acontecer quando esse mar de dinheiro for retirado dos mercados. Ninguém sabe e por isso o BCE já iniciou há alguns meses a redução dos montantes comprados, especialmente a Portugal.
Ora, se não fosse esta compensação ( BCEversusS&P) os juros a pagar por Portugal podiam regressar a níveis proibitivos.
Aqui está uma boa razão para esta agradável surpresa.
As boas notícias são circunstanciais. Sem reformas estruturais a dívida não sairá do lixo.
E o tempo está a jogar contra o governo, nota-se pela agitação nos médicos, nos juízes, nos magistrados, na Autoeuropa e nos professores (o inefável e alucinado sindicalista Nogueira não consegue contê-los).
A bondosa DBRS vai mantendo o país com a cabeça fora de água mas as outras agências vão jogando o jogo de dois passos atrás e um para a frente. Só daqui a um ano é que sairemos do lixo quando o governo nos invade todos os dias com vitórias ? Algo não bate certo .
Entretanto a compra de dívida por parte do BCE vai terminar no fim do ano, os alemães já a discutem judicialmente . Se em tempos favoráveis não se fazem reformas estruturais, não se prepara o futuro, quando vierem tempos de vacas magras voltaremos ao mesmo de sempre.
Mas PCP e BE estão contra as reformas que mexem nos seus eleitorados, dificultando a governação, Adivinham-se tempos difíceis até às legislativas de 2018 .
"Claro que há condições para, ao fim de seis anos, essa mudança acontecer e o país voltar a estar cotado pelas agências como um dos que têm qualidade e oferecem segurança a quem quer investir - um passo que pode determinar o continuamente adiado regresso do investimento a Portugal. E aí é que é o diabo. Com a dívida pública a engordar continuamente, não há agência (à exceção da sempre benevolente canadiana DBRS) que não desconfie da capacidade de manter os restantes números em boa evolução. Há cinco semestres consecutivos que a dívida está acima dos 130% e em julho voltou a agravar-se, atingindo os 249,165 mil milhões de euros. Isto numa altura em que o governo começa a negociar bombons orçamentais para os partidos que lhe asseguram a maioria parlamentar, com PCP e Bloco a exigir que o executivo de António Costa vá muito mais longe no alívio fiscal, nos aumentos das pensões, no descongelamento de carreiras da função pública..."
Desde a crise financeira, seis economias europeias conseguiram regressar à notação de investimento deixando para trás a notação de "lixo". E o que foi preciso para que as agências financeiras deixassem de "chantagear" esses países ? Um crescimento robusto e sustentável do PIB e uma descida gradual mas consistente da dívida pública. Duas coisas que Portugal não consegue fazer e que pelo menos nos dois próximos anos não fará se continuar no actual registo. O foguetório é isso mesmo. Foguetório.
E para mal do nossos pecados ainda temos a situação da Banca especialmente a situação da CGD e a venda do Novo Banco que ainda não sabemos como vão ser tratadas . Vai ao défice ? Vai à dívida ? Num caso e noutro é um piparote de todo o tamanho .
Como por outro lado a variação para cima das taxas de juro é certa com a retirada da compra de dívida do BCE, estamos como em Pedrógão Grande ( Deus nos valha) . Basta uma fagulha.
Por isso o melhor mesmo é proibir o foguetório e os balões de S. João e seguir os avisos de quem é prudente. É que ser prudente é ser amigo e as instituições já andam a prever que o crescimento do PIB ao nível deste ano é fogo de pouca dura. Para 2018 e 2019 já se espera um abrandamento.
Sem as reformas que o apoio da extrema esquerda não deixa fazer, o crescimento do PIB e a descida da dívida são como o SIRESP. Não comunicam .
Desta vez foi a agência de notação financeira Moody's que decidiu manter a dívida portuguesa no lixo. Falam, falam, mas eu não os vejo fazer nada. Vitória atrás de vitória mas nada. Parece que vem aí a saída dos défices excessivos, anunciada hoje mesmo por António Costa para contrabalançar a manutenção do país no lixo.
Entre as restantes grandes agências, também a Fitch e a Standard & Poor’s colocam Portugal neste patamar e com perspectiva "estável". Apenas a canadiana DBRS tem a dívida soberana do país fora de "lixo", no último grau da categoria de investimento de qualidade – sendo que o "outlook" é "estável".
Ao ser a única agência que mantém Portugal acima de "lixo", a DBRS tem o poder de ligar ou desligar Portugal da máquina do Banco Central Europeu, uma vez que é a única actualmente que garante a elegibilidade da dívida nacional para os programas de compra do BCE.