O FIM DA LINHA
Aquele a quem incumbe a obrigação de ser Presidente da República revelou hoje que também não foi informado da decisão do Estado espanhol em exigir certificados à covid-19 na fronteira terrestre com Portugal, acompanhando "o Governo na estranheza por, de repente, haver um dos países que adota uma posição unilateral sem o outro saber".
Como se estivesse em causa um simples episódio transfronteiriço.
Um dirigente sério (ou a sério) teria reagido aviltado, reclamando bem alto o respeito pela liberdade de circulação, conceito fundacional da União e, antes desta, da Comunidade. Exigiria a revogação imediata. Protestaria o recurso às instâncias comunitárias.
Esta atitude, aparentemente bisonha, é, na verdade, estratégica.
A liberdade de circulação passou a ter um preço elevado - a renúncia ao direito, irrenunciável, de aceitar ou recusar tratamento clínico segundo a vontade livre, consciente e informada de cada cidadão.
Doravante, a regra será - podes circular livremente, se fizeres aquilo que as leis que vigoram na União impedem que sejas obrigado a fazer; ou, tens direito a recusar exames ou tratamentos clínicos, se ficares quedo no teu canto.
Canto, que é teu, para já. Porque, não daqui por muito tempo, podes esperá-los. E não será para uma simples conversa.
Eis a União das Repúblicas Socialistas Europeias.