Centeno continuará como ministro das finanças? Com o que vem aí a função será muito mais difícil.
O Brexit, a guerra comercial entre os USA e a China, a recessão na Alemanha, terão uma influência negativa na economia portuguesa. As exportações vão ressentir-se muito mais do que Centeno previa.E rezemos para que o BCE mantenha as taxas de juro ao nível actual. A situação de Itália e Espanha, parceiros comerciais importantes, também preocupa.
Acresce que a política orçamental de controlo da despesa com cativações não é possível por muito mais tempo. A degradação dos serviços públicos não pode continuar e o investimento público já bateu no fundo.
António Costa já deixou bem claro que lhe bastam estes problemas e que não quer nenhum parceiro no governo a tornar a função ainda mais difícil.
Já todos perceberam menos o BE que anda por aí a evaporar-se juntamente com a água das barragens tal é a cegueira ambição em chegar à governação.
António Costa tem várias demónios a atormentá-lo. Os primeiros quatro anos já passaram com distribuição de rendimentos à custa do investimento e da maior carga fiscal de sempre. Com o início da segunda legislatura a crise já se apresentou de mansinho mas não tarda em ganhar corpo.
Tal como aconteceu com Guterres e com Sócrates para falar nos mais próximos.
Convém recordar que, desde o 25 de Abril, o PS nunca governou mais de seis anos seguidos. Nunca conseguiu estar no governo durante duas legislaturas seguidas. Guterres foi PM entre 1995 e 2001, não concluindo o segundo mandato. Sócrates chefiou o governo entre 2005 e 2011, abandonado São Bento com a chegada da bancarrota.
Faz um acordo agora e paga na próxima Legislatura já com um outro governo. Isto é o reconhecimento de que não será governo na próxima legislatura ?
"Qualquer que seja a solução que seja admitida deverá começar a vigorar ainda nesta legislatura. O que não estou de acordo é que qualquer solução, mesmo que represente um encargo financeiro muito diluído plurianualmente, seja atirado para depois das eleições legislativas", frisou.
Dizendo esperar "formar o próximo Governo", Santana defendeu que o atual executivo não tem legitimidade para "entregar o encargo a quem vier depois".
A linha vermelha para os empresários é a Legislação Laboral e Santana Lopes reiterou que tem de haver estabilidade em matéria laboral sob pena de afastar o investimento.
"Se se mexe na legislação laboral no sentido que algumas forças de esquerda querem, só tem uma consequência: afugentar o investimento, o que gera menos emprego e menos rendimento para as famílias portuguesas", alertou.
Tudo isto é mau de mais para apenas dois anos de governação.
Foi mau de mais. António Costa e o seu governo revelaram o que têm de pior. E aquelas cenas trágicas vistas por centenas de milhares de portugueses não se esquecem.
Que consequências para o governo e para os partidos que o apoiam ? O PCP já veio afastar-se criticando duramente. O Bloco de Esquerda entrou num silêncio obsceno.
Depois destas tragédias vamos continuar a ver os sindicatos a exigirem mais dinheiro para os seus membros sabendo nós, que o governo anda a cortar verbas nas actividades onde podem morrer pessoas ? É justo que PCP e BE continuem a negociar mordomias para os seus eleitorados enquanto morrem à míngua de meios os mais pobres e isolados ?
Neste ano e meio de governação não há uma única reforma que tenha tocado nos interesses instalados no estado. Pode continuar assim o resto da legislatura ?
Na votação da moção de censura o PCP e o BE vão ter que optar perante esses milhões de portugueses que choram a morte de mais de cem pessoas. A governação tem sido boa ? O país está melhor pese a boa conjuntura que atravessa ? A margem financeira conseguida é para pagar o apoio parlamentar do PCP e do BE ?
Portugal tem de habituar-se a ser uma democracia madura, sem permanentes estados de angústia. Numa democracia madura as legislaturas são para durar até ao fim, pois só assim se pode ter tempo para as reformas. Quem perde, espera pela próxima eleição sem a voracidade que marcou tantas intervenções públicas nos últimos quatro anos. Tudo o que sejam cálculos para acordos transitórios que não criem as condições para que, ao menos, possamos pensar de novo a quatro anos, só nos atrasam, só nos prejudicam.
O mundo não acaba amanhã, em democracia ninguém fica no poder para sempre. É duro perder quando se esperava ganhar, mas amanhã é outro dia e, até lá, há muito trabalho de casa que tem de ser feito, cooperando. Haja vontade – a vontade que Fernando Medina pediu no seu certeiro discurso do 5 de Outubro.