Uma vez que venceu as duas últimas. Luís Montenegro fez, depois, um ataque a Rio, dizendo que o atual PS é “o de António Costa, de Carlos César, de Pedro Nuno Santos, João Galamba ou Pedro Delgado Alves”, que se rendeu ao “bloquismo”. Por isso, avisa o ex-líder parlamentar, “é suicidário qualquer compromisso pré-eleitoral com este PS. Prometi que iria contrariar esta ideia .
Fazer do PS aquilo que o partido sempre quis, ser o fiel da balança, ora governa com a extrema esquerda ora com a direita sem precisar de ganhar eleições.
Ora o grande objetivo do PSD é afastar a extrema esquerda da governação mas Montenegro classifica a ideia de Rui Rio de viabilizar um governo minoritário do PS como “suicidária.” O ex-líder parlamentar do PSD diz que não compreende a polémica em torno das declarações de Miguel Relvas ao Público — onde o antigo ministro que o próximo líder “é para dois anos”e que “se não ganhar será posto em causa” — já que é uma observação de La Palisse.
O que Rui Rio disse é um erro político inaceitável. Em primeiro lugar, o líder do PSD é obrigado a candidatar-se para ganhar eleições. Era o mesmo que o Sporting ou o Porto dizerem "vamos para o segundo lugar, não para sermos campeões, não há essa expectativa". O líder do PSD é obrigatoriamente candidato a PM, não candidato a viabilizar um Governo do PS. E esse é o seu maior erro nesta campanha eleitoral. Porque não é aceitável que o PSD ainda antes das eleições venha dizer que viabiliza um Governo do PS, sem que, aliás, o PS diga se viabiliza um Governo minoritário do PSD...
O PS de Costa, este PS, ou ganha com maioria absoluta ou continua amarrado ao BE já que o PCP fartou-se.
Agora com PSD e CDS separados, PS e PSD estão em igualdade com ligeira vantagem ( 0,7%) do PS. Mas a governação ainda não começou . E os problemas adivinham-se difíceis . Aparentemente, face à nova situação, os eleitores fazem um compasso de espera. Por agora chega de politica e as presidenciais estão a caminho. A CDU continua em queda permanecendo em último lugar entre os partidos com representação parlamentar
Todos os dias António Costa promete coisas e queixa-se muito. Agora promete que ainda teremos oportunidade de saber porque o mandato do actual governo vai chegar ao fim. Há quem lhe lembre que a Lei obriga que as legislativas se efectuem entre 15 de Setembro e 15 de Outubro mas, Costa, acha que marcar as legislativas nesse intervalo é uma prenda para o adversário. No fundo, António Costa, está a queixar-se que quanto mais tempo o actual governo estiver em funções mais vai colher. Na economia que está a crescer como não cresceu nos últimos 15 anos. No desemprego, que está mais baixo que há cinco anos atrás. Nas contas públicas equilibradas. Nas exportações que não param de crescer.
Na verdade, o presente ano e os anos seguintes, são anos de colheita depois de uma sementeira árdua. Para Costa, serem os que semearam os que vão colher, é uma injustiça, porque ele colhe mais rápido.
Alguém lhe terá de dizer ( ontem o RU já lhe fez chegar um SMS) que o que interessa é a qualidade da colheita, não ser mais rápida. É que a rapidez ameaça o equilíbrio da Segurança Social. Esta ameaça está a ser levada muito a sério em vastas camadas da população. E em sectores fortemente organizados como os juízes. Ainda hoje uma juíza me dizia que era preciso defender a Segurança Social. E acrescentava : mas vou votar em quem ? No PC ?
Não lhe respondi mas aposto dobrado contra singelo, em como, António Costa, ainda nos vai prometer que, afinal, não há dinheiro para devolver salários e pensões. Não vai querer mexer no dinheiro da Segurança Social que é dos trabalhadores e pensionistas. E, isso, para um político de esquerda é sagrado.
Discutem-se os perfis presidenciais de um nunca mais acabar de candidatos . Candidatos já no terreno, outros em pleno lançamento, outros ainda a fazerem de morto. Nas presentes circunstancias mais do que discutir ideias trata-se de conversa de "encher pneus".
Estou em crer que o resultados das eleições legislativas vai ser um factor determinante nas escolha dos candidatos dos partidos às presidenciais . Até pelo facto de as legislativas serem mais próximas no calendário seria mais curial que se discutissem estas e não as presidenciais.
O problema é que em relação às legislativas há pouco para dizer. Há crescimento da economia? Há aumento do emprego ? O resto é conversa fiada. Já ninguém vai em promessas. O Syriza encarrega-se de as desmentir e Holland é para esquecer. Discutir o quê se até Outubro a realidade vai apresentar respostas ?
Isto serve muito o governo e muito pouco a oposição. A situação no PS, seis meses após a tomada de posse de Costa, é reveladora. Não há soluções e o partido não descola nas sondagens. À esquerda o que se vê é a dispersão embora todos, sem excepção, apelem à convergência.
Depois de cinco meses em queda, o PS subiu para 36,9% em Abril, um aumento de oito décimas que dá ao partido de António Costa o melhor registo desde Janeiro. Já o PSD, que estava em queda há quatro meses, recuperou 1,6 pontos percentuais para 30,5%, regressando assim acima da fasquia dos 30%.
Pequenas variações nas intenções de voto o que mostra que não haverá maioria absoluta e que o comportamento da economia até Outubro é que poderá ser o factor decisivo.
Os partidos tentam alargar a sua influência e obter maior votação mas legislativas chamando a sociedade civil. Nas presidenciais os candidatos oriundos da mesma sociedade civil são afastados, ora porque são "indiferentes" ora porque não são "a minha esquerda". Não é sério.
O que nos últimos tempos se tem visto no PS - quanto aos outros não esperaremos muito pela demora - mostra até que ponto são os interesses partidários e não os interesses nacionais que fazem mover a roda.
Henrique Neto é um homem do terreno. De jovem trabalhador fez-se empresário à força de determinação e de saber. Voz livre dentro do PS não é bem visto pelo rebanho. Mas todos sabem ao que vem e o que pensa sobre os grandes problemas nacionais.
Sampaio da Nóvoa é o contrário. Nascido em berço de oiro é um académico. Não tem experiência no terreno nem na vida política. E, para além de na linguagem se aproximar do discurso da extrema esquerda pouco ou nada se conhece do seu pensamento político. Sabe-se que quer ser um presidente interventivo. O que é pouco e é mau.
Para já António Costa tem um problema sério. Não pode chamar a sociedade civil nas legislativas e afastá-la nas presidenciais.
O Presidente da República não tem que ser membro de um qualquer partido. Não está escrito em lado nenhum e que se saiba também não é por herança divina. O independente Nobre teve 14% dos votos com todos os partidos contra.
O Presidente que ficou como reserva ética da nação é Ramalho Eanes, um independente.
O que é estranho neste processo é que o PS não tenha conseguido convencer António Guterres e António Vitorino e que seja mais fácil apoiar um independente. A ideia que passa é que o PS se colou a Sampaio da Nóvoa.
Na área do PSD e CDS, Santana Lopes, sabendo que há vários interessados tenta desalojá-los da toca em que se refugiaram. Conforme o que vier a acontecer ele próprio tomará a decisão.
Mas o factor preponderante serão as legislativas. Quem ganhar as legislativas perderá as presidenciais. Não creio que os eleitores, em tempos conturbados, metam os ovos todos no mesmo cesto. A ideia predominante é a mesma que impede a maioria absoluta a um qualquer partido.
A maioria dos eleitores está hoje mais convencida do que nunca que há mudanças a nível político que são obrigatórias e que, sem essas mudanças, o país não sairá da situação dificil em que se encontra. Mas para isso é necessário que os partidos se vejam na obrigação de se entenderem.
O primeiro passo é distribuir o poder por vários partidos.
Se nos próximos meses na Grécia as coisas correrem bem, António Costa vai poder dizer : Olhem para a Grécia. Mas se as coisas correrem mal então será Passos Coelho que dirá : Olhem para a Grécia.
A campanha para as eleições legislativas portuguesas serão dominadas pelo que se passar na Grécia nos próximos meses. Para Costa não bastará fazer promessas e para Passos não bastará dizer que não há alternativa. A Grécia é um laboratório onde as experiências passaram da teoria para os testes em "humanos".
Se a tudo isto juntarmos o que se passar em Portugal e na Irlanda os dados estarão lançados. Mais economia e menos desemprego. Baixas taxas de juro. Nesse cenário e com a Grécia a ceder ou em confronto com a Europa, não haverá lugar para promessas irrealistas e ficará provado que o caminho não podia, nem pode, ser muito diferente.
Empate técnico . E a oito meses das legislativas é o governo que tem os trunfos na mão. O PS só pode esperar que as coisas corram mal, mas o governo pode interferir nos resultados. É a economia e o emprego que são o às de trunfo. Se o souber usar...