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BandaLarga

as autoestradas da informação

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A economia não cresce o suficiente sequer para pagar os juros da dívida

A dívida continua a crescer e o PIB cresceu pouco e já está a travar. Conjugado não crescemos o suficiente para pagar os juros da dívida.

A situação financeira de Portugal continua muito frágil. Façamos umas contas de algibeira. Um país que deve mais de 700 mil milhões de euros paga por cada um por cento de juros sete mil milhões de euros por ano. Um crescimento de 3% – ao qual não se chegou nesta recuperação – para um PIB da ordem dos 200 mil milhões de euros dá seis mil milhões de euros. Se usarmos o crescimento nominal – ou seja, somando a inflação e que é mais correcto – um crescimento de 4%, do qual nos aproximaremos em 2019, dá-nos 8 mil milhões de euros. Não crescemos em termos reais o suficiente sequer para pagar os juros da dívida e, em termos nominais, pouco nos sobra.

O governo troca dívida não paga dívida

E fez bem, trocando a dívida do FMI com juros mais altos por dívida pública com juros mais baixos. Nada a dizer.

Mas o que há a dizer é que o governo tornou a mentir ao anunciar que ia pagar dívida dando a entender que ia baixar a dívida.

A dívida estava em 226 mil milhões e para já está em 251 mil milhões. O montante mais elevado de sempre.

E como poderia ser de outro modo se o crescimento da economia não liberta meios ? O défice após pagamento dos juros continua a ser défice . É bem verdade que após estes três anos de governo e com as condições favoráveis que tivemos o país devia estar a crescer 3/4% e aí, sim, já libertaríamos meios para baixar a dívida. Com 2,2% é poucochinho, não chega.

Fica mais uma mentira do governo da palavra honrada.

Os juros dos empréstimos das famílias iniciaram a subida

Quando se começa a falar de subidas de juros é fatal como o destino , Vão subir mesmo. As primeiras vítimas são as famílias que contrairam empréstimos para comprar habitação. Já vimos isto há bem pouco tempo.

O início do ciclo de subidas das taxas Euribor pode afetar mais as famílias portuguesas do que as europeias. "De um modo geral, as famílias portuguesas encontram-se muito mais vulneráveis a alterações das taxas de juro de curto prazo do que as congéneres do conjunto da área, dado que uma parte mais significativa dos empréstimos que contraíram no passado foi a taxa variável (isto é, indexada à Euribor)", avisou o Banco de Portugal no último Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado em dezembro.

O Banco de Portugal relembra que metade dos orçamentos de famílias endividadas com rendimentos baixos vai para o serviço de dívida. E conclui: "Estas famílias estarão numa situação especialmente vulnerável" quando as taxas de juro começarem a aumentar.

Problemas velhos que se mantêm e que nos levam a destinos conhecidos e nada recomendáveis. Mas mesmo em tempos de vacas voadoras não aprendemos.

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Juros a baixar ? O risco da dívida é o dobro de 2015

As coisas estão a melhorar mas não tão rapidamente como necessário .

Contudo, numa análise mais alongada e comparativa, a descida dos juros de Portugal mostra como ainda existe um caminho a percorrer na estabilização da perceção de risco. Se olharmos para a diferença entre os juros da dívida portuguesa e da dívida alemã (referência sem risco para a zona euro), constata-se que esse prémio de risco ainda está em níveis muito mais elevados do que no início de 2015.

No início de 2015, a diferença entre os juros de Portugal e da Alemanha, a 10 anos, era de 125 pontos-base (1,25 pontos percentuais). Agora, essa diferença é superior a 250 pontos-base (porque os juros da dívida da Alemanha também baixaram), apesar de terem estado acima de 350 pontos-base há poucos meses.

Muito longe do que é necessário.

Entre 2005 e 2007 Swaps pagam juros acima de 92%

Santander ganhou nos tribunais ingleses e o contribuinte português perdeu. E, sim, os Swaps foram negociados entre 2005 e 2007 , pelas empresas públicas de transportes. O resto é conversa de encher.

Os Swaps são uma operação financeira corrente desde que negociada com boa fé. Cobrir riscos de aumentos inopinados de juros. Repartir o aumento de juros entre os bancos e o cliente. Mas não são formas encapotadas de obter dinheiro . E foi isso que as empresas públicas de transportes fizeram e que nos levaram alegremente contra a parede.

Está escrito por um ex-secretário de Estado a autorizar estas operações quando o governo de Sócrates já não tinha quem lhe emprestasse dinheiro. O tempo dos PECs salvadores que nos salvariam da bancarrota. Operações vergonhosas e desastradas com todos os benefícios a favor de uma das partes.

Foi possível negociar os Swapps mais razoáveis e o Estado poupar cerca dde 400 milhões mas, quanto a estes com o Santander o melhor que se consegue é o banco estar disposto a negociar com o estado. Vá lá , a gente faz um desconto...

Estes contratos colocam, por isso, as empresas públicas numa situação desfavorável. Tal como já tinha sido decidido na primeira instância, em março de 2016 (um caso julgado pelo juiz William Blair, irmão de Tony Blair), a validade destes contratos implica que as empresas tenham de “suportar sozinhas o fardo do efeito adverso da crise financeira global nas taxas de juro”, afirmam os juízes.

 

A canção do gatuno

Dívida portuguesa, a quinta mais alta do mundo, atingou um novo recorde: 133,1% do PIB.

Juros da nossa dívida pública a dez anos chegaram aos 3,9% - o máximo registado em nove meses.

O efeito conjugado de uma dívida monstruosa com elevadas taxas de juro é fatal. Apesar disso vendem-nos a canção do gatuno . Gozamos de estabilidade. Deve ser a estabilidade do cemitério.

É inacreditável como o governo nos diz sem se rir que a economia está a crescer . Ora, o anão também cresce mas não o suficiente .É com o crescimento que o governo prevê nos próximos anos que vamos pagar a dívida ?

Centeno já andou por Bruxelas a defender o alívio da dívida Grega numa tentativa de apanhar a boleia . Cá dentro há estabilidade mas, PCP e BE, não param de exigir a renegociação da dívida que, na sua opinião, é impagável . Como ficamos ? É que pagar taxas de 4% com a economia a crescer 1,5% é poucochinho, não chega.

Já temos um saldo primário positivo o que daria para pagar já alguma dívida, não fosse ter sido alcançado com um corte brutal no investimento público . E sem investimento não há crescimento, porque os investidores privados também não têm confiança para nos fazerem chegar o dinheiro.

De que é que te ris, António ?

Factos sobre a dívida pública portuguesa por Rui Mendes Ferreira

Rui Mendes Ferreira

54 min ·
 

Juros da dívida pública de Portugal, a 10 anos, atingiram hoje, os 3,24%. Enquanto os de Espanha, para o mesmo prazo, estão nos 1,07%.

Para os menos entendidos ou conhecedores, vou tentar explicar o que se está a passar, e as implicações que se avizinham.

Esta semana tivemos uma colocação que para além de ter tido uma baixíssima procura ( o que traduz bem a desconfiança dos investidores em relação a Portugal) teve uma taxa de juro já muito próximo destes valores.

Ora acontece que tudo isto se passa, apesar do BCE estar a comprar no mercado secundário 1200 mil milhões de dívida nacional, todos os meses. Mas nem assim os nossos juros baixam. Antes pelo contrário.

Portugal, tem sido desde o ínico de 2016, o único país da zona euro, que tem registado aumento dos juros da sua dívida pública. Todos os restantes países, apresentam trajectórias descendentes. Inclusive a Grécia.

Então se o BCE está a comprar dívida pública nacional, porque é que os nossos juros não baixam como os dos restantes países? Com a a política monetária levada a cabo pelo BCE, o normal e esperado seria uma descida dos nossos juros. Mas porque não descem então:

É simples: se o BCE está a comprar 1200 mil milhões todos os meses, e os juros sobem, isso quer dizer os investidores, que deteem em carteira, títulos da nossa dívida pública, estão a tentar desfazer-se deles, a um ritmo e em montantes superiores, aqueles a que o BCE a está a comprar.

Assim, face ao que está a acontecer, no dia em que o BCE parar de comprar dívida pública portuguesa, tudo indica que os juros irão disparar, e o segundo resgate será meramente uma questão de dias, ou algumas semanas, na melhor das hipóteses.

Com a concorrência Seguro já está a melhorar

Pagar a dívida ao FMI que nesta altura custa o dobro dos empréstimos obtidos nos mercados. A Irlanda já está a trabalhar nessa solução junto das instituições financeiras europeias. Percebe-se mal que não se poupem milhões em juros com uma operação simples e que faz todo o sentido. E abre caminho à solução que melhor ajuda os países com dívida elevada. A compra pelo BCE dessa dívida que seria paga pelos dividendos futuros a receber pelos países accionistas do banco central.

Sem perdões e sem prejudicar os investidores, mantendo a confiança dos mercados. O exemplo da Argentina, novamente à beira da bancarrota, mostra bem que "não pagar" significa pagar com língua de palmo.