Deitar os foguetes e apanhar as canas
EUROGRUPO | CENTENO A eleição do ministro portugués para a presidência do Eurogrupo tem sido festejada como uma grande vitória. E, nomeadamente, uma grande vitória da diplomacia portuguesa. Mas não foi, nem é. Sendo honrosa, ela resultou de um quadro de desistências, tipo dominó.
Primeiro facto: para reequilibrar o peso do norte e centro da UE, ficou entendido que o substituto do holandês do vinho e gajas deveria ser, agora, um ministro das Finanças dos países do sul. Os ministros mais falados como candidatos fortes foram os da França e Itália. Mas, dadas as conjunturas internas desses países, eles recusaram. Chegou então a vez do ministro espanhol.
Mas Madrid considerava relativamente irrelevante a função e queria mesmo ( e quer) a mais decisiva posição de vice presidente do BCE. Guindos desistiu também. Restava Lisboa ou Atenas. Esta era uma candidatura impensável, depois de tudo o que a Grécia do Syriza representa. Hipótese riscada.
Restava Portugal, que havia recuperado respeitabilidade com os dois últimos governos e, em Bruxelas, beneficiava do discurso anti-geringonço de Costa e da política realista de Centeno. Ficou este, por exclusão de partes. Sorridente, sabedor, dupla face, foi considerado um intérprete possível e aceitável da visão do eixo Berlim-Paris. Por exclusão de partes. Bastaria ir lendo a imprensa do país vizinho para ir seguindo o caso. Com a nossa não chegávamos lá...