Para sair do euro as razões são defendidas pelo economista João Ferreira do Amaral .Basicamente, o economista que sempre apontou o Euro como um erro, diz que a moeda única, por ser única, não serve economias tão diferenciadas e retira ao estado a capacidade de implementar a política monetária mais conducente com a situação das contas públicas . E o Estado perde a autonomia para emitir moeda.
Os que apresentam o Euro como um enorme sucesso são muitos mais como vemos aqui . Teríamos uma moeda fraca, desvalorizações contínuas e baixos salários. Empobrecimento .
Ontem na SIC os profs Ferreira do Amaral e João César das Neves ( não podiam estar mais afastados ideologicamente) convergiam na análise que faziam ao país . Um Orçamento preso por arames e uma economia a definhar. Uma banca com enormes problemas e o investimento a cair drasticamente. Tudo num país onde não há dinheiro.
O Programa Nacional de Reformas não passa de generalidades há muito prometidas. E a reforma do estado faz-se contra os interesses instalados algo que Costa não fará.
Se a economia na Europa não crescer significativamente ( o que parece certo) Portugal não cumprirá as metas do orçamento e não crescerá o suficiente. Se os resultados forem melhores do que o previsto o PS vai querer a maioria absoluta com eleições antecipadas. Se forem piores a oposição fará cair o governo porque PCP e BE já se terão afastado. Vem aí o orçamento rectificativo, o orçamento para 2017 e as autárquicas. A posição conjunta de PS+PCP+BE poderá ficar pelo caminho logo no primeiro porque Bruxelas vai exigir.
Não há dinheiro. Nem para solver os problemas da banca nem para investimento. O que o governo apresenta como novo não é mais do que baralhar e dar de novo. Entre Bruxelas e PCP e BE o PS não hesitará.
João Ferreira do Amaral e Francisco Louçã juntam forças para defender a saída de Portugal do Euro. Basicamente, o que defendem é que "tudo é preferível a vinte anos de protectorado". Quer dizer, estamos novamente na área dos nacionalismos tão apreciados na extrema esquerda e na extrema direita. Não dizem como se sai do Euro nem como ficaria o país no dia seguinte. Vagamente, dizem que o país ficaria mais pobre entre 30 e 40% mas percebe-se que a contrapartida era pôr as rotativas do Banco de Portugal a emitir dinheiro. Escudo novo.
Também não dão explicação nenhuma para o facto de na UE ninguém falar da saída do euro o que prova uma resiliência inesperada ( entrou mais um país : a Estónia). Lá vem também a famosa renegociação da dívida, sem dizer como se faz, mas neste assunto acho que depois da proposta de Louçã ( que ninguém levou a sério) a coisa seja para esquecer. E, assim, temos Jerónimo, Ferreira do Amaral e Louçã a apresentar um desejo eminentemente político, tal como os anglo-saxónicos atlantistas que sempre tiveram como objectivo derrubar a moeda única europeia.
Assim se nega o mundo em que vivemos e se ignora que, em Portugal, foi raríssimo haver equilíbrio orçamental e externo nos regimes liberais; só em ditadura e a que preço. A não ser que seja disto que os proponentes da saída do euro estão a falar sem o saber ou, pior, sabendo-o muito bem. A saída do euro colocar-nos-ia de novo a quilómetros da Europa! É isso que queremos?
Um dia argumentei com o Prof Ferreira do Amaral que Portugal tinha estado 900 anos fora do Euro e que o resultado foi a miséria, a emigração e a ditadura. Ficamos assim...
Vale a pena? É o que João Ferreira do Amaral propõe. Sair do euro mas na União Europeia como há outros países que pertencendo à União Europeia nunca aderiram ao euro. As vantagens é ter moeda própria e independência orçamental. Segundo o Prof é a única maneira de pagar a dívida.
"Para convencer os outros países da utilidade de sairmos do euro deveríamos assinalar que essa saída fará acelerar fortemente o crescimento económico e melhorar o saldo da balança de pagamentos pelo que teremos muito maior capacidade de pagar a nossa dívida externa. Além disso, deixaremos de ser um factor de instabilidade dentro da zona euro. Não faz sentido que Portugal, um dos países mais endividados do mundo em termos de dívida externa, se mantenha com uma moeda - como é o euro - que, dentro das moedas que contam, é a moeda mais forte a nível mundial. É desastre garantido."
Mas a verdade é que o proposto equivale voltar ao passado. E no passado fomos sempre pobres, desiguais e a viver do ouro do Brasil, das remessas dos emigrantes ou dos subsídios da UE. Não percebo por que seria agora diferente.
A única forma de sermos capazes de ser um país sustentável e justo é produzir mais do que se consome. Fora ou dentro do euro!
A saída do Euro seria uma catástrofe como cada vez há mais gente a perceber e a escrever. Antes de tudo, é quase impossível manter a operação guardada dos mercados. Ao mais pequeno sinal a fuga do dinheiro seria coisa nunca vista. Depois a dívida externa mantida em Euros e paga na nova moeda, se agora é difícil de pagar, passaria a impossível. Os dois primeiros anos, como João Ferreira do Amaral confessa, seriam dramáticos. Depois, teríamos uma situação como a conhecida na Argentina que se debate há anos, sem conseguir resultados visíveis.
Desvalorizar a nova moeda em 30% significava aumentar a dívida externa nos mesmos 30%. Os países da UE, com a Alemanha à cabeça, estariam contra nós e nada dispostos a pagar o que é que fosse ou a ajudar. Ora, as nossas exportações dependem dos países europeus . Sair do Euro não é uma boa solução. É irrealista!