Nos grandes negócios do estado cabe aos representantes do estado defender o interesse público. Não é ao contrário.
Aos privados cabe defender o interesse da sua empresa. Se do acordo negocial sai um resultado ruinoso para o interesse público a culpa é inteirinha dos representantes do Estado. Que não souberam ou não quiseram defender o interesse do Estado que lhes cabia defender.
Quando uns anos depois os representantes do Estado são premiados com milionários vencimentos em empresas privadas a conclusão é simples .
Quem defende um Estado que não sabe defender o interesse público e, mais, quer alargar a sua dimensão e poder em mais áreas da governação, não pode queixar-se. Mas também não pode fazer de conta que é o privado o culpado.
A ideologia não justifica tudo. Juntar poder e dinheiro num Estado centralizado e que se recusa a descentralizar não pode esperar que a promiscuidade de interesses termine. Porque há-de terminar se só uma dezena de anos depois a Justiça chega e depois de muitos milhões a engrossar as contas bancárias ?
Fosse o Estado uma pessoa de bem e não teríamos os ruinosos grandes negócios . Todos feitos de braço dado com o Estado . Esperam o quê ? Que sejam os privados a defender o interesse do Estado ?
É esse o interesse do público. Ao público não lhe interessa que a empresa que fornece o serviço seja pública ou privada. Basta olhar para a RTP e para a TAP para perceber que o bem comum não existe no léxico dos instalados. Preferem falar de serviço público, que é a melhor das expressões para garantir que a factura é sempre paga pelos contribuintes.
Não sendo de esquerda nem de direita ou, no melhor dos dois mundos, sendo de esquerda numas coisas e de direita noutras, o que devemos esperar é que a política funcione a favor do bem comum.
Os lobbies e os dogmas partidários não deixam que o país se modernize. Basta ver de quem parte a iniciativa das petições que logo aparecem como se representassem alguma parte significativa do povo, "um conjunto de personalidades", que são sempre os mesmos. Que toda a vida viveram à sombra do estado a prestarem "serviço público que os contribuintes pagam.
O interesse público é o que, a cada momento, o que os detentores do poder dizem o que é. O interesse público muda segundo a ideologia de quem manda. E, essa, é uma das razões porque os gestores públicos são altamente condicionados. Os SWAPS especulativos são do interesse público porque foram incentivados pelos governantes de então?
Sempre desconfiei do Estado como empresário. Desde logo porque tenho dificuldade em compreender o que é o Estado como gestor e accionista.
Como gestor porque se, normalmente, a gestão de qualquer empresa visa, essencialmente, o lucro, a gestão pública visa a prossecução do interesse público.E o que é o interesse público? Não faço ideia.
Aparentemente vai mudando consoante a cor que veste o accionista Estado e de acordo com a evolução da agenda política. Isso dá um grande contributo para que o Estado seja, por natureza, um mau gestor, um accionista instável e um parceiro de negócios de pouca confiança.