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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Há comprimidos para a azia ?

Primeiro o governo manda fazer um estudo sobre a "candidatura do Instituto do Medicamento Europeu para instalar em Lisboa" . Sobraram as críticas, o Porto, bem, veio lembrar que não podíamos continuar a centralizar tudo na capital. Perante o erguer de voz portuense o governo rapidamente deu o dito por não dito e decidiu-se pela capital do norte.

Mas não é que agora se sabe que um inquérito feito aos 900 funcionários da agência, localizada em Londres, a maioria escolheu Lisboa ?

Com a falta de jeito a que já nos habituou, António Costa, "o hábil", acabou por cortar o pescoço ao melhor argumento que Portugal podia apresentar na candidatura. A vontade maioritária dos funcionários. Esta nem dá para acreditar.

Como o actual governo se limita a fazer render o peixe, cavalgando a onda positiva que se formou na austeridade e que agora se desenvolve no crescimento da economia na Zona Euro, sempre que tem uma decisão para tomar enreda-se na rede esburacada que lança ao mar. E espera que algum peixe venha à rede. Desta vez em vez de peixe apanhou uma barrigada de ridiculo.

 

 

Argumentos viciados

Carlos Guimarães Pinto

2 h ·
 

António Costa disse hoje que a Agência Europeia do Medicamento não podia ser no Porto porque o regulador nacional (o Infarmed) estava em Lisboa e porque apenas Lisboa pode vir a ter uma "Escola Europeia".

Vamos por partes. A questão do Infarmed já ser em Lisboa é daqueles argumentos que alimentam o ciclo vicioso do centralismo. Quantos mais organismos na mesma cidade, mais se justifica a centralização acrescida. Mas será que ter o regulador nacional na mesma cidade é um requisito assim tão importante? Olhemos o que acontece nas outras cidades candidatas:
- Espanha candidata Barcelona. Regulador nacional do medicamento é em Madrid.
- Itália candidata Milão. Regulador nacional do medicamento é em Roma.
- Holanda candidata Amsterdão. Regulador nacional do medicamento é em Utrecht
- Suécia candidata Estocolmo. Regulador nacional do medicamento é em Uppsala

Sobre a absoluta necessidade de a Agência Europeia ficar na mesma cidade do regulador nacional, estamos conversados.

O segundo argumento de Costa é que só Lisboa poderá vir a ter uma Escola Europeia (ou seja, uma escola gerida conjuntamente pela UE e governo nacional). Este ainda é mais risível que o anterior. Em primeiro lugar porque a instalação de uma Escola Europeia em Portugal nem sequer é certa pelo que não poderá ser uma vantagem na candidatura. Em segundo lugar, fica por explicar porque é que "só Lisboa poderá vir a ter uma Escola Europeia". Em Itália, a escola Europeia é em Varese, a uns 600km da capital. Na Holanda é em Bergen. Em Espanha é em Alicante e no Reino Unido em Culham. Para além disso, das cidades candidatas à Agência Europeia do Medicamento, apenas Bruxelas tem uma escola Europeia. A esmagadora maioria das agências europeias não está em cidades com escolas europeias. Os filhos dos funcionários vão simplesmente para escolas internacionais.

E se mais dúvidas existissem sobre as vantagens de Lisboa é ver o relatório desenvolvido pela KPMG há 3 meses, analisando 16 cidades europeias tidas como candidatas à agência. Nessa análise, Lisboa ficava em 15º lugar. (retirado daqui http://www.greatercph.com/a-way-of-li…/…/location-comparison

O cinismo centralista e centralizador

Porto e Braga têm todas as condições para receber o Instituto Europeu do Medicamento.

...Não é também um problema a disponibilização de infra-estruturas de educação para os filhos dos funcionários, a oferta de serviços de saúde e de apoio social, bem como de oportunidades de trabalho. Basta lembrar que o eixo Porto-Braga é o maior dinamizador das exportações portuguesas, vive igualmente o “pico” do turismo e possui duas universidades altamente cotadas (a Universidade do Porto é a universidade portuguesa mais bem classificada internacionalmente). Isto para não falar que a mais importante indústria farmacêutica portuguesa está alojada neste eixo e que o INL é uma conhecida história de sucesso em Braga. Importante é também a proximidade a Aveiro e à sua rede industrial e universitária e, bem assim, a Coimbra, onde está um outro pólo fundamental na área da saúde. Quanto à atractividade de cidades como estas, veja-se apenas o que os media e muitas tabelas ou rankings internacionais dizem sobre o Porto e nada mais precisa de esclarecimento. Diga-se, aliás, que, por uma simples questão de menor afluência, a oferta educacional, sanitária, social e económica é até mais franca e franqueada a Norte do que na capital. Quer se queira, quer não, há custos de capitalidade e eles são tanto mais vastos quanto se concentre e atafulhe tudo o que é serviço ou sede na capital. 

Mais um exemplo de descentralização exemplar

Os argumentos para trazer o Instituto do Medicamento Europeu para Lisboa são uma "pescadinha de rabo na boca ". Traz-se o Instituto do Medicamento para Lisboa porque já cá estão o Instituto da Droga e o Infarmed e, estes, estão em Lisboa porque já cá estavam as melhores infraestruturas e acessibilidades. E assim por diante.

O Porto reage mal e com razão porque aceitando este raciocínio Lisboa será cada vez mais a cabeça de um deserto. E, na cidade invicta, há infraestruturas de investigação médica de grande reputação mundial com o I3S e o IPATIMUP onde se encontra a mais avançada investigação como é o caso do cancro da tiróide e do estômago. E há, hospitais que estão na primeira linha do que melhor se faz em várias áreas da medicina.

No entanto, por motivos de “conveniência da proximidade do Infarmed” e também por Lisboa já ter outra agência europeia, Costa acredita que, com as três sedes em Lisboa, seria possível criar uma Escola Europeia. E considera a questão fechada.

Rui Moreira tem-se mostrado contra a decisão de Portugal candidatar Lisboa para acolher a agência que, por causa do Brexit, terá de sair do Reino Unido e encontrar um novo país de acolhimento. E considera mesmo que candidatar novamente Lisboa, que já tem uma agência europeia, é uma fraqueza da candidatura portuguesa. O autarca deu vários exemplos na Europa. Espanha, por exemplo, discutiu o assunto desde julho de 2016, depois do Governo ter aberto a discussão nacional. Barcelona foi a cidade escolhida, num país que já acolhe cinco agências europeias — nenhuma em Madrid. E lembrou que a Escola Europeia, em Espanha, fica em Alicante.