Não vale a pena ? É que pelo que se vê na planta não há destruição nenhuma nem impedimento do "fruir colectivo" . Entretanto, o estado, já apresentou a lista definitiva dos 30 edificios que serão entregues aos privados para lançamento de iniciativas empresariais.
A cor roxa está o café Jeronymo, aberto desde setembro. Ao lado, a laranja, fica o futuro hostel. Do lado oposto, o espaço verde escuro simboliza o futuro Starbucks. A verde claro está a bilheteira da CP. Ao lado, a castanho claro, ficará o Mercado Time Out.
De acordo com o PCP, o património não pode ser transformado "num negócio em que quem lucra são os grupos privados à custa da memória e da história coletiva do nosso país".
"Se o património fica mais bem servido com gente dentro, a solução passa por intensificar a ligação cultural entre as populações e o património, integrar o património edificado na vida e quotidiano do país, designadamente na vida de trabalho, resultando numa valorização e preservação vivida e fruída coletivamente", defendem.
Só não percebe quem estiver contra " a ligação cultural", "resultando numa valorização e preservação vivida e fruída colectivamente " . E quem paga se ainda assim soubermos concretizar tão claros objectivos ?
Não é por causa da austeridade e nem por causa dos pobrezinhos : "Aquilo que define o PS, o PCP e o BE não é a preocupação com as vítimas da austeridade ou com os “mais desfavorecidos”, mas o facto de serem partidos que fizeram dos dependentes do Estado as suas bases de apoio. Não quero com isto dizer que o PSD e o CDS também não utilizem o poder do Estado para dar empregos e fazer favores. Mas no PSD e no CDS, há quem julgue (e também há quem não julgue) que é possível gerar votos garantindo a propriedade privada e a liberdade de iniciativa dos cidadãos, e que esse seria até o melhor meio de o país aproveitar os mercados globais. Nada disto é necessariamente de direita: em França, é o PS quem neste momento tenta adaptar a sociedade à “globalização”. Mas no PS português, há cada vez menos gente a pensar assim, e no PCP e no BE nunca houve. A operação política de Outubro não visou reverter a austeridade, mas reocupar o Estado, com dois fins: defender ou refazer clientelas, e reestabelecer uma cultura de restrição da propriedade e da iniciativa dos cidadãos.
O que se passa em toda a Europa e também em Portugal é que um dos pilares da democracia e do estado social está a soçobrar ao peso do estado. A liberdade individual de iniciativa, a única que cria riquesa e postos de trabalho, que inova e avança, deixou de conseguir manter a despesa pública.
É, hoje, praticamente unânime que ao nível dos meios financeiros, técnicos e humanos que o estado consome, não é possível a economia crescer acima dos 4% . O estado social e o estado administrativo retiram à economia quase 48% do que produzimos. E das duas uma, ou o estado se coloca ao serviço da iniciativa privada, melhorando e facilitando, como há muito perceberam os estados mais avançados do Norte da Europa ou continua a olhar para a iniciativa privada como um inimigo a abater . O lucro, " o ninho da serpente ".
A Democracia está a encontrar saídas, chamando para a solução as forças de protesto que, ora avante, vão deixar de prometer soluções milagrosas. Os partidos comunistas que chegaram ao poder em democracia desapareceram todos. E até mesmo os partidos social-democráticos e socialistas estão a perder representatividade.
Será o estado democrático, liberal, assente no escrutínio e na participação da sociedade civil que responderá aos desafios do futuro. Para já é o estado social inventado pelos Europeus que carece de soluções. Não se confunda com as empresas e administração públicas onde se aninham os interesses das classes dependentes do orçamento do estado.
Sem o "lucro " tão odiado não há investimento nem postos de trabalho. Em paralelo há despesa pública que já nos empurrou e nos continuará a empurrar para o empobrecimento.
O PCP e a CGTP pedem pouco ao PS. Só querem a reversão das leis laborais e o regresso ao seu seio das empresas de transportes. Com tão pouco param o país sempre que quiserem.
Há 15 anos que Portugal não cresce economicamente e sem mudanças essenciais continuará a não crescer o suficiente : Temos que colocar o Estado ao serviço de todos, “nacionalizá-lo”, não permitindo que continue cativo dos vários interesses privados e corporativos que o controlam, e assegurar uma sua melhor gestão. Temos que dignificar e regular a iniciativa privada “privatizando-a”, despegando-a dos favores e promiscuidades públicas. Temos que tornar todos os mercados mais flexíveis e abertos sem excessos de poderes dominantes, com uma concorrência forte e bem regulada. Temos que fazer crescer e aproveitar todo o potencial de cada português e de todos os que cá trabalham e empreendem.
Os recentes casos do BES e da PT são prova disto mesmo bem como todos os outros onde a promiscuidade entre Estado e a iniciativa privada deitou tudo a perder. De cada um segundo as suas capacidades a cada um segundo as suas necessidades. A frase é marxista mas não quer dizer o que os marxistas lhe atribuem. A verdade é que não somos iguais e não temos todos as mesmas necessidades nem as mesmas capacidades. O que o Estado tem que garantir é oportunidades iguais para todos . E sair da frente.