Se lermos os "destaques" que o INE publica regularmente começamos a perceber a sistemática da orientação dos novos dados.
O PIB só cresceu 2,1% no primeiro trimestre deste ano divergindo da Europa. O Consumo Privado sobre o qual assenta o sucesso da política orçamental cresceu em linha com o PIB e é preciso recuar a 2013 para vermos um crescimento tão baixo num 1ª trimestre do ano.
O Investimento está a abrandar e as exportações com o pior crescimento dos últimos sete trimestres começam agora a ser sistematicamente superadas pelo crescimento das importações.
As taxas de juro estão a crescer e a dívida das famílias está outra vez a crescer. E a dívida pública não desce consistentemente .
O recente indicador da actividade económica diminuiu e o indicador do clima económico estabilizou.
Sem as reformas estruturais que não se fizeram que podemos nós esperar do futuro ?
"A capacidade de financiamento das Famílias1 diminuiu para 0,8% do PIB no ano acabado no 3º trimestre de 2017, refletindo o aumento da despesa de consumo final e a diminuição do rendimento disponível. A taxa de poupança das Famílias diminuiu para 4,4% do rendimento disponível, menos 1,0 p.p. do que no trimestre anterior. Como se pode observar no gráfico 3, o rendimento disponível registou uma variação negativa (-0,3%). A redução do rendimento disponível das Famílias resultou principalmente do aumento em 8,4% dos impostos sobre o rendimento pagos pelas Famílias, que mais do que compensou o aumento de 0,9% das remunerações recebidas. Como se observa no quadro 1, com a decomposição da taxa de variação do rendimento disponível, os impostos sobre o rendimento registaram um contributo negativo de 0,8 p.p., que mais que compensou o contributo positivo de 0,6 p.p. das remunerações."
Agora imaginemos o que diriam os jornais e a malta do costume se o INE escrevesse isto, não a propósito do ano acabado no fim do 3º trimestre deste ano, mas a propósito do tempo de Passos Coelho.
O INE diz que a economia cresce graças à procura interna. O Forum para a Competitividade diz que as exportações é que são o motor da economia e que a procura interna é o caminho mas curto para trazer até nós o FMI/Troika.
Por mim desde que ouvi o Arménio Carlos desenrolar a sua teoria sobre o salário mínimo deixei de ter dúvidas se é que alguma vez as tive. A procura interna pode ter uma pequena influência na economia mas os países ( com uma população muito maior que a nossa logo, uma procura interna muito mais influente na economia) que têm uma economia mais robusta têm exportações que chegam a 50% do PIB. Ora nós andamos pelos 40% e é agora nestes últimos tempos porque já foi bem pior.
Ao expurgar a componente importada das diferentes componentes do produto, explica o gabinete de estudos, verifica-se que “a procura interna nem sequer contribui para metade do crescimento do PIB, que depende sobretudo do andamento das exportações”.
O documento do Forum revela um “total desacordo com a forma como o INE apresenta os dados do PIB” e considera que estes “dão uma imagem muito enganadora do que se está a passar”. Pior: “levam os decisores políticos a cometer erros muito graves”, alerta a nota de conjuntura, que desafia o INE “a rever a forma como apresenta estes dados, em linha aliás, com a forma como o Banco de Portugal os divulga”.
Nem sequer concordam com as análises dos dados eles que andaram todos na mesma escola. É a mentira à medida.
O INE publica o indicador da actividade económica que estabiliza em Setembro o que vem acontecendo desde Junho. Já Catarina Martins prossegue com a sua deriva extremista e longe da verdade atribuindo o crescimento da economia à reposição dos rendimentos.
Ora, todos sabemos que o que está a puxar pela economia são as exportações e não o consumo interno. Mas para o BE a economia é como no futebol, o que é verdade hoje é falso amanhã e vice versa.
A recuperação da economia iniciou-se em 2015 com o governo de Passos Coelho e prosseguiu em 2016/7 com o actual governo como resposta às medidas da troika e ao despertar das economias europeias que são o destino das nossas exportações.
O actual governo começou por assentar a sua estratégia na procura interna tendo mudado quando percebeu o óbvio. O país é pequeno e as devoluções de rendimentos são diminutas o que conjugado não tem impacto na economia. Talvez o impacto visível sejam os 200 000 carros importados até Setembro e o aumento do crédito bancário às famílias para comprar casa. Onde é que já vimos isto ?
Mas a Catarina Martins nem sequer percebe (ou faz de conta) que o ritmo de crescimento já está a abrandar para 2018 e abrandará ainda mais em 2019. Números do governo.
Entretanto, o orçamento estoura pelas costuras sob a pressão dos grupos de interesses que suportam o BE e o PCP e o primeiro ministro anda aos zigue-zagues.
Os empresários não gostam e fazem-se ouvir . A sociedade civil continua a gemer sob o enorme aumento de impostos e Catarina tenta agora cavalgar a onda que se forma no horizonte. Quem paga tudo isto, a reposição dos salários e os direitos, dá-se conta que é trunfo fora do baralho e não gosta.
Mas Catarina até passa a mão pelo pêlo dos empresários. Estão a ver como o que fazemos até é bom para as empresas ?
É como o tipo que quer passar a velhinha para o outro lado da estrada embora a velhinha não queira.
""O indicador de actividade económica voltou a estabilizar em Setembro, pelo quarto mês consecutivo, interrompendo a trajectória ascendente iniciada em Agosto de 2016", adianta o INE na Síntese Económica de Conjuntura publicada esta segunda-feira."
O PM agita no parlamento uns papéis que diz que são gráficos que desdizem o INE. Afinal está tudo bem ao contrário do que dizem todas as instituições nacionais e estrangeiras. Jorge Coelho garante que foi estudar o assunto em profundidade e deixa-se apanhar com papéis e gráficos fornecidos pelo governo.
Descemos oito lugares no ranking da competitividade, a dívida cresce, a taxa de juros subiu e nunca mais desceu, a estabilidade fiscal e a legislação laboral foi um ai que lhe deu afastando o investimento público e privado. Mas está tudo bem. A economia cresce metade do prometido.
Aumentam-se os impostos indirectos para acudir aos sindicatos e funcionários públicos base eleitoral da geringonça. Mas está tudo bem. Reformas nem vê-las. O controlo orçamental faz-se à custa dos serviços do estado, proibindo despesa e aumentando a dívida aos fornecedores.
Citando os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) – que mostram que o PIB nacional cresceu 0,8% no segundo trimestre, em termos homólogos, e 0,2% face aos três meses anteriores – a unidade de previsão e análise da britânica The Economist sublinha que, em comparação com a média da União Europeia e da Zona Euro, a expansão económica em Portugal "foi muito mais fraca".
Entretanto, por cá, a narrativa é que a oposição não vê a realidade.
Os números do INE são interpretados conforme dá mais jeito. Para o governo e para o PS cresce a economia o emprego e o investimento, embora abaixo das previsões e das necessidades. Para o PCP e o BE o melhor mesmo é não se pronunciarem deixando o PS a falar sozinho.
Para o PSD e o CDS os números do INE são o que são. A economia cresce metade do ano passado, a dívida cresce para 132% do PIB, o investimento afunda, há menos empregados. E a execução do orçamento e o controlo do défice faz-se cortando despesa de investimento. E prolongam-se os prazos aos pagamentos aos fornecedores do SNS.
PCP e BE estão a banhos no que diz respeito às contas do país. A eles não lhes interessa o mal do governo que, ficou bem entendido, é um governo do PS. E vão continuar a pressionar contra a chantagem de Bruxelas mesmo, ou principalmente, que isso traga amargos de boca ao governo do PS.
O INE anunciou que o crescimento do PIB foi de 1,6% acima do 1,5% proposto. A revisão em alta dos níveis do Produto Interno Bruto de 2013 a 2015, divulgada na quinta-feira pelo INE, implicou uma alteração no crescimento homólogo e em cadeia da economia portuguesa nos dois primeiros trimestres deste ano. De acordo com os números, no primeiro trimestre de 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,6% em termos homólogos e, no trimestre seguinte, cresceu novamente 1,6% face ao mesmo período do ano passado. Os valores ficam, em ambos os casos, uma décima acima do anteriormente divulgado.
O indicador de clima económico (que agrega as avaliações qualitativas da Indústria Transformadora, Construção e Obras Públicas, Comércio e Serviços) é o mais elevado desde 2008. A Confiança dos Consumidores está no valor menos negativo desde, pelo menos, 2004. O mesmo se passa com as perspectivas sobre a evolução da economia do país. E em relação às perspectivas de evolução da situação financeira do agregado familiar, elas subiram para valores que já não eram atingidos desde o início de 2010.
Isto só quer dizer que a sondagem que o INE faz mensalmente a uma amostra generosa e representativa da população e dos sectores de actividade, isenta de qualquer avaliação política ou partidária, mostra que os cidadãos olham hoje, em média, para a sua vida financeira e para a economia do país da forma mais positiva desde, pelo menos, o início da década.
Bem pode a oposição agitar o papão do défice, do Novo Banco ou da ainda incipiente recuperação do PIB . Quem vota tem uma expectativa positiva sobre o futuro do país. É essa que conta.
Para quem usou como argumento que de Maio a Outubro o aumento do emprego é sazonal - turismo - não deveria ficar surpreendido com os números positivos que, sistematicamente, indicam a tendência de descida do desemprego e de subida no emprego. Mais difícil é tentar argumentar contra a tendência que se verifica desde o ano passado. Que mostram que há criação de emprego estrutural. Poupavam-se ao ridículo.
As exportações vão continuar a crescer este ano (3,4%) tal como têm crescido nos últimos dois anos. É caso para dizer que o ouro das famílias nunca mais acaba. Os empresários exportadores estão bastante optimistas este ano e começa a ser difícil perceber como é que se exporta tanto, o consumo interno aumenta e o investimento cresce 9,8%, sem aumento de criação de emprego. Poupavam-se ao ridículo.
Hoje ouvi gente dizer que o INE manipula os números como se o INE não esteja sujeito a conceitos e procedimentos rígidos harmonizados internacionalmente. A não ser que esteja tudo doido. O INE, o BdP, as instituições internacionais que apontam para índices iguais ou próximos. Poupavam-se ao ridículo.
Num desespero ridículo - é o bem do país que está em causa - dizem agora que é a emigração, como se Portugal não fosse desde sempre um país de emigrantes. Agora grande parte da emigração é de gente nova que é procurada e muito bem remunerada lá fora e que aproveitam, ao contrário da emigração antiga de gente que procurava trabalho que os residentes não queriam fazer. Poupavam-se ao ridículo.
Aliás, o conceito inicial da CEE e depois da União Europeia englobava a livre mobilidade de pessoas e bens de modo a fazer crescer os mercados incluindo o mercado de trabalho. É, pois, natural que a emigração e o mercado europeu de trabalho sejam cada vez mais uma mais valia. Poupavam-se ao ridículo.
Estamos perante o desespero de quem prognosticou o 2º resgate, mais dinheiro, mais prazo, a espiral recessiva . Perante os sucessivos falhanços deviam ser mais humildes. Poupavam-se ao ridículo.