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BandaLarga

as autoestradas da informação

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O caminho da indústria é apanhar a boleia da Alemanha

Todo o movimento que vamos ter nos próximos anos vai ser liderado pela Alemanha e este nosso plano tem de estar muito entrosado com aquilo que vai ser a estratégia de industrialização da Alemanha e das grandes multinacionais. Temos que apanhar esse comboio”. Até porque, sublinha, “temos algumas vantagens e é sobre isso que temos que construir. Conhecemos muito bem o investimento alemão: Autoeuropa, Bosch, Continental são alguns exemplos. Já têm uma forte ligação ao tecido empresarial português e, por vezes, a universidades portuguesa”. É nesta oportunidade que temos que trabalhar, até porque o risco também é grande. “Com a pandemia vai haver uma competição feroz pelo investimento na Europa”, afirma.

Covém, portanto, não inventar para não desbaratar o dinheiro em pomposos projectos que nos têm levado à pobreza.

A recuperação económica na UE já começou

Nos serviços e na produção industrial em França e na Alemanha já se observa uma recuperação maior que a esperada. E os níveis de confiança atingiram o maior nível desde Fevereiro.

A atividade económica no bloco do euro deu assim sinais de maior robustez e de normalização face ao longo período de confinamento e consequente retração económica. A contribuir para isso mesmo esteve a evolução acima do esperado dos serviços e produção industrial na Zona Euro.

Bons sinais a par de outros menos positivos que é necessário recuperar .

Regenerar a indústria portuguesa com dinheiro europeu

Segundo a verdade oficial andamos a viver à conta do Turismo mas a realidade é outra, senão, lei-a :

A indústria portuguesa vale 12% do PIB e gera cerca de 1,4 milhões de empregos, o que representa quase um terço da população ativa. O alojamento e a restauração, somados, representam cerca de 8% do PIB e dão emprego a pouco mais de 320 mil portugueses. Imagine-se o que será se a indústria nacional não sobreviver aos impactos da covid-19.

É estratégico alocar dinheiro e injetar ambição na indústria nacional, que guarda a experiência de saber fazer o que a Europa deslocalizou há muito. Há dinheiro comunitário, finalmente. Merkel e Macron acordaram há dias libertar 500 mil milhões também para reforçar a resiliência industrial da Europa. Há instrumentos em Portugal – o Governo nem precisa de dar trabalho aos legisladores, está quase tudo feito. Há capital privado nacional no “private equity”, como o nome indica (em português, dizer capital de risco engana – é capital, ou equity de privados, que investem, arriscam, para regenerar empresas). Basta dar gás a estes privados, portanto, e um mandato claro: investir lado a lado na regeneração da indústria nacional, preservando o saber-fazer. Portugal, querendo, pode estar no coração do movimento de reindustrialização europeia. Simples demais? É sempre assim com os conceitos que funcionam.

Os visionários alemães e os vesgos portugueses

O programa industrial português arranjou a semana passada o gestor que vai iniciar as conversações com os diversos players. O Programa industrial alemão está em fase de aprovação. Quer dizer a corrida começou agora e nós já temos um atraso de mais de um ano. Estadistas, é o que temos.

E, claro, a Alemanha tem muitos milhões para injectar na economia enquanto que nós estamos à espera que chegue o dinheiro de Bruxelas. Estadistas é o que temos.

A nova estratégia da Alemanha mostra um país que está pronto para apostar forte na economia do futuro, mas manter-se fiel às tradições frugais da Alemanha. No resgate da Lufthansa, o governo comprou as ações por um valor que é inferior a um terço do valor do mercado.

"Demos ao mercado um sinal convincente de apoio à economia de mercado. Mas este também é um sinal de que o Governo alemão pretende defender a soberania tecnológica e económica deste país", disse Altmaier na conferência de imprensa a anunciar os termos do resgate.

Programa estruturado para a indústria portuguesa

Nestes anos todos só tivemos dois programas estruturados para a indústria. Precisamos de um terceiro.

Um novo PEDIP, de base tecnológica, com grande incorporação de inovação e aposta nas cadeias de valor, com parcerias internacionais com players de referência nos vários sectores, e com um programa de reforço dos capitais próprios e de crescimento, em dimensão – financeira, produtiva e tecnológica, das empresas nacionais.

Um novo Projecto Porter, também de base tecnológica, que identifique e robusteça os clusters tecnológicos em que o país já tem uma presença razoável – materiais, biotecnologia, TIC, ciências da saúde, mobilidade, aeronáutica, que reforce as competências dos parques e centros tecnológicos sectoriais, e que, simultaneamente, promova o upgrade tecnológico das indústrias tradicionais, com uma maior integração da robótica, impressão 3D e inteligência artificial.

Injectar mil milhões na TAP é um insulto

Com mil milhões salvam-se inúmeras empresas viáveis, milhares de empregos e relança-se a industrialização do país. Injectar mil milhões na TAP que mesmo no apogeu do Turismo deu prejuízos é um insulto.

Tal como a maioria dos países europeus Portugal não precisa de uma companhia aérea de bandeira. O seu lugar seria rapidamente ocupado por empresas mais rentáveis, mais baratas e com melhor serviço e os seus activos contratados bem como o seu pessoal . Para termos uma ideia daquilo que está a ser planeado, o dinheiro que se planeia injectar na TAP daria para acabar com as listas de espera para consultas no SNS e ainda sobraria para baixar alguns impostos, estimulando a economia.

Portugal tem que fazer parte do cluster industrial europeu que vai receber de volta as indústrias que hoje operam em países asiáticos .

"Portugal quer estar na linha da frente da reindustrialização e pôr ao serviço da Europa as suas enormes capacidades em matéria industrial".

"Fala-se do têxtil e do vestuário, do calçado, mas também de engenharia, farmacêutica e agroalimentar. Portugal quer ser um fator de industrialização, um 'cluster' industrial poderoso na Europa da reindustrialização.

Entretanto gasta o dinheiro que não tem em empresas inviáveis.

Quando o burro está a comer não se lhe pode mexer na barriga

As crises têm este efeito. Muitos, mas mesmo muitos,  andaram anos a dizer que o modelo económico não era adequado . Em duas semanas é o próprio primeiro ministro a dizê-lo em público, o ministro das finanças e as elites das classes académica e empresarial. Estão todos de acordo. É preciso mudar de modelo de desenvolvimento económico.

Isto faz lembrar " que a burro que está a comer não se lhe pode mexer na barriga". Enquanto foi dando para manter um certo nível de despesa mas sem resolver qualquer problema estrutural, a maioria foi comendo. O ambiente económico permitiu esse jogo de xadrez que Costa e Centeno manobraram com critério. Mas como sempre foi claro, ao primeiro embate o país estaria numa situação crítica para enfrentar a crise que daí resultasse.  

 "Portugal tem de se colocar nessa primeira linha do reforço da base industrial e da capacidade de produção nacional, além do mais porque somos dos países que ainda sabemos fazer muitas das coisas que a Europa se habituou a deslocalizar para o Oriente", disse António Costa.

Reiterando a urgência de "perder dependências que hoje existem de produtos e de serviços, trocando tanto quanto possível importações por fabrico interno", o presidente da CIP defendeu uma "ótica europeia federal" ao nível da indústria, em que "cada Estado membro tem estratégias próprias de desenvolvimento económico" que permitam uma diminuição da dependência externa que hoje se faz sentir.

E, tanto o Primeiro Ministro como António Saraiva repetem agora o que há mais de 30 anos o celebre economista americano Peter Druke veio cá dizer. É esse caminho que temos que prosseguir e esta crise até nos pode despertar para acelerarmos o que já vínhamos fazendo em setores que estão a reinventar-se, como o têxtil, o calçado, a metalurgia e metalomecânica, a aviação e aeronáutica ou os moldes", sustentou. E o cluster do Mar com um extraordinário potencial e tão mal aproveitado.

Para António Saraiva, a atual crise veio até "acelerar mais" o processo de transição para a economia digital que em Portugal já estava em curso, impondo um ainda maior recurso às plataformas eletrónicas e ferramentas digitais .

Ou o país tem coragem de percorrer este caminho difícil ou continuaremos pobres, com dois milhões de pobres, salários baixos, emigração e profundamente endividados.

E este trabalho não é de esquerda nem de direita. É um trabalho patriótico. 

A indústria automóvel britânica pode ser devastada pelo Brêxit

Há mesmo duas marcas que já fecharam ou reduziram as fábricas no RU e procuram novos locais na europa.

A indústria automóvel é uma das que mais está a sofrer com o Brexit. No ano passado, o setor perdeu dois nomes, como a Honda que anunciou o fecho da fábrica de Swindon, já em 2021, e a Ford, que anunciou um corte drástico no tamanho da fábrica em Bridgen.

Ainda que os dois fabricantes não tenham confirmado que a saída se deve ao Brexit, o investimento no setor está a sofrer grandes quebras e os fabricantes já estão à procura de outros destinos na Europa para se fixarem.

“O fim da inexistência de fronteiras pode provocar grandes dificuldades para a indústria, que é baseada no modelo ‘just-in-time'”, segundo o relatório dos analistas. “O atraso no transporte de partes automóveis para a cadeia de produção mede-se em minutos, e cada minuto de atraso pode custar 50 mil libras (65 milhões de euros) em valor agregado bruto, ou mesmo 70 milhões de libras por dia, imaginando o pior cenário”, sublinham.

O investimento regressa à indústria

Esgotadas as autoestradas, as rotundas, os pavilhões e a festa na Parque Escolar, o investimento regressa à indústria. Maior produção industrial virada para a exportação e para a criação de postos de trabalho não precário. A gente sabe que este investimento de aumento de produção e de substituição de equipamentos dá retorno a curto prazo em volume de negócios e em emprego a tempo das legislativas. Chamem-lhe oportunista ou eleitoralista mas o que interessa mesmo é o seu custo/benefício. E, também como sabemos, as autoestradas estão desertas, os pavilhões com o tempo admirável de que o país goza não são necessários, as crianças preferem fazer desporto ao ar livre e as moderníssimas escolas públicas estão meio vazias (é disso que se queixam aqueles professores das Caldas da Rainha).

O estado deixará de ser o prescritor, o produtor e o cliente

Os clusters que Portugal deve promover estão há muito definidos, é só preciso apostar forte. Há mais de vinte anos que o país pagou (principescamente) um estudo a um guru de que me não lembra agora o nome, e que nos veio dizer aquilo que já sabíamos. Devíamos apostar nas actividades em que temos matérias primas e nas que temos experiência. Vinho, agricultura, pescas, têxteis, reparação naval, conservas...

Sabe-se o que aconteceu. Trocamos grande parte dessas actividades por subsídios .

Agora precisamos de retomar as actividades onde somos bons. Não é para voltar a trás, como bem diz Hollande : Não é um regresso ao passado, esclareceu o Presidente francês, na apresentação do plano no Eliseu. Longe da estratégia dos anos 1960, “onde o Estado era o prescritor, o produtor e o cliente”, disse, o Estado intervirá, sim, mas através de legislação, incentivos fiscais ou financiamento público. “França tem de relançar a sua produção, propor novos objectos, utilizando os últimos avanços tecnológicos, os últimos equipamentos, as últimas máquinas, as últimas propostas de criação industrial”, disse François Hollande, citado pela AFP.