Chegam as notícias da Venezuela. Mais de dois milhões de pessoas que fogem da fome, da doença, da miséria, sobretudo para os países próximos: Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Chile. A pé, em grandes filas. Uma inflação estratosférica. Imagens de hospitais em caos e incalculável penúria. E tudo o mais que se adivinha por detrás do horror já de si muito visível. Do outro lado, o grotesco. O tintinesco Maduro anunciando os seus grandes planos para a economia do país, abarrotado de petróleo e em tempos o mais próspero da América Latina, e aconselhando aos cidadãos a compra de lingotes de ouro. Os dignatários do regime rindo com ele e batendo palmas. Os grupos de criminosos que guardam a “revolução” aterrorizando criaturas inermes e desesperadas.
Convenhamos que é difícil não deduzir de tudo isto o horror do regime “bolivariano”. Mas há, como se sabe, quem não o faça. O Partido Comunista persevera na sua particular versão dos acontecimentos.
Na festa do "Avante" Jerónimo não deixou a sua aversão ao Ocidente e à Europa por mãos alheias. Não perdeu o ensejo de se juntar ao ditador da Coreia do Norte . A culpa de quem anda a fazer experiências nucleares é do imperialismo . Como sempre. E apoia este partido um governo pró-União Europeia .
"Os Estados Unidos, a NATO, as grandes potências da União Europeia e os seus aliados são, de acordo com Jerónimo de Sousa, os "responsáveis por uma colossal corrida aos armamentos, incluindo o aperfeiçoamento de armas nucleares e a instalação de sistemas anti-míssil à escala global".
"São responsáveis pela militarização das relações internacionais, o uso da chantagem nuclear, a criação de sucessivos e constantes focos de tensão, o desrespeito da legalidade internacional" .
Não há evidências do ataque Sírio ao seu próprio povo com armas proibidas pelas convenções internacionais. Este é sempre o argumento do PCP para não votar favoravelmente a condenação geral. Para o PCP trata-se de mais um ataque do imperialismo ocidental .
Como se numa guerra onde já morreram 300 000 pessoas haja inocentes que no caso são as pantufas cardadas da Rússia, do Irão e da Coreia do Norte . Na continuação da ideologia que levou Cunhal a ser considerado " um herói soviético." Está para lá do meu entendimento este cego alinhamento com os países inimigos da nossa terra. Ainda se houvesse evidências que por lá há mais justiça e melhor qualidade de vida.
Mas não, as evidências são exactamente ao contrário, há mais pobreza, menos justiça social e quanto aos direitos e garantias das pessoas nem é bom falar disso.
Esta sexta-feira, o PCP apresentou um voto próprio de condenação, mas em sentido contrário, condenando as operações militares que prosseguem em território sírio. O voto foi chumbado, com votos contra de PSD, CDS e PS, e com a abstenção do Bloco de Esquerda e PAN.
E, claro, também estão contra a União Europeia e a Zona Euro criação imperialista de denominação dos povos europeus.
Os milhões de trabalhadores que saem à rua não são povo, são o capitalismo e o imperialismo. E assim sendo podem ser milhões?
É o capitalismo que tirou 40 milhões de pessoas da miséria no Brasil nos últimos anos. Depois Lula deixou-se tentar e ficou mais dois mandatos na presidência por intermédio de Dilma. Com ela ficaram os boys e girls que povoam o estado e a administração pública. E a seguir estenderam-se para as empresas públicas . Mesmo quando é a esquerda que leva os países à ruína para os comunistas é a extrema direita. O problema é que não há um só exemplo de um país socialista que seja feliz. Nem um.
Sempre que o povo se revolta num país socialista ou perto, deixa de ser povo e a justiça passa a ser telecomandada pelos yanques. Por cá também é assim. Quem não pensa como eles é reaccionário : As ligações de Lula da Silva a Portugal estão a ser investigadas pela justiça brasileira, que pediu a cooperação das autoridades portuguesas. Em causa estão negócios como a privatização da EGF, em que Lula terá pedido o favorecimento da brasileira Odebrecht (que acabaria por não apresentar proposta), a venda da operadora brasileira Vivo, detida pela PT, à Telefónica (que permitiu a entrada da Oi na operadora portuguesa) ou a compra da Cimpor pela brasileira Camargo Corrêa.
Por cá também se prendem ex-governantes inocentes...