Mas quem é que disse que a esquerda gosta de igualdade ?
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A narrativa é sempre a da igualdade. Somos um dos países da UE onde há mais desigualdade mas sempre que há uma oportunidade cavamos ainda mais o fosso. Se não vejamos :
De acordo com as contas da consultora, um funcionário público que receba 1.600 euros mensais brutos vai receber em janeiro mais 22,87 euros líquidos (2,08%) do que dezembro, enquanto um que receba 2.000 euros mensais ganhará mais 2,61 euros (0,19%).
Nos ordenados mais altos, um trabalhador do setor do Estado com um salário bruto de 3.000 euros por mês vai auferir mais 50,84 euros líquidos (2,95%) e um outro com um ordenado de 4.000 euros mensais vai levar para casa mais 54,97 euros ‘limpos’ (2,55%).
Quando trabalhava em empresas industriais ouvia muitas vezes quando passava " dá-me o teu aumento que eu dou-te o meu ordenado". Era uma frase que me afligia porque no essencial correspondia a uma injustiça que se justificava por as percentages de aumento se aplicarem a vencimentos base muito diferentes. Quem ganhava mais, mesmo com uma percentagem de aumento mais pequena, passava a ter uma diferença ainda maior para os que ganhavam menos. Nunca houve, nem há, a coragem de congelar os salários mais altos para que os salários mais pequenos possam crescer e a diferença reduzir-se.
As carpideiras de serviço não tardam voltam à carga a apontar a desigualdade. Não fazem é nada para que diminua. Que falta fazem 50E a quem ganha 4 000 euros?
Esquerda e direita : “Embora não haja equivalência perfeita entre [esquerda e direita], também não há uma superioridade moral nem razões históricas para a reivindicação de um qualquer absolutismo de uma sobre outra ."
"Aliás, o facto de o PS nunca se ter conseguido coligar com a sua esquerda em 41 anos de democracia tem exactamente a ver com isto: o PCP ou o Bloco não reivindicam apenas a sua superioridade política sobre os outros partidos — o que seria natural — mas também a sua superioridade moral. Ou seja, não se trata apenas de defender a mais elevada qualidade das suas propostas — que é a posição habitual da direita em relação à esquerda —, mas de defender e estar absolutamente convencido da maior decência das suas propostas."
E é um paradoxo. Quem defende a igualdade acha-se superior a quem defende a liberdade .
Da entrevista de Francis Fukuyama ao Expresso : o ponto de Tocqueville é que uma das coisas da modernidade é que temos um circulo de compaixão que se vai espalhando e alargando em função das pessoas com quem sentimos empatia. E a tecnologia acentua isso.
Entramos num campo de refugiados e vemos as crianças e pensamos nos nossos filhos. O mundo moderno e o alargamento da democracia, fizeram da igualdade uma força poderosa e um suporte de muitas das nossas politicas.