Parece começar a haver um consenso sobre as prioridades. Agora é o IST que o diz .
Se tivéssemos preparado o combate e controlo da doença com estratégias inteligentes, que nos permitissem manter sempre os números baixos, pois é este o objetivo em qualquer pandemia, como programas rigorosos de rastreio e de testagem em escolas e em outros setores, fazendo com que a própria população fosse ensinada a usar os testes de rastreio, como a Alemanha faz, teria ficado muito mais barato ao país do que uma semana de confinamento só em impostos e em PIB. Vai ser muito difícil de recuperar esta situação.
Penso que é fundamental vacinar o maior número de idosos o mais depressa possível. Acredito que se todos os idosos, sobretudo os que têm mais de 70 anos, estiverem todos ou quase todos vacinados até ao final de abril que vamos ganhar a batalha contra esta pandemia e que teremos um verão bastante mais aberto e tranquilo.
Há 10 anos o governo de então, sem grande oposição política ou da opinião pública, decidiu que Portugal se deveria tornar líder mundial em energias renováveis. Foram prometidos grandes retornos às empresas privadas que investissem em renováveis. Em troca, essas empresas colocaram pessoas próximas do poder nos seus conselhos de administração. Essa aposta eventualmente reflectiu-se na conta da electricidade e chegou a representar 40% da conta da electricidade. Entretanto, no mundo real, um dos países mais quentes da Europa é também onde mais se morre de frio. Sem instalação para aquecimento a gás e com o aquecimento a electricidade demasiado caro para a maioria das pessoas, morre-se de frio no país que ia liderar o mundo no sector da energia. O fosso entre o Portugal dos políticos, dos planos quinquenais, das grandes inaugurações e das ilusões de grandeza e o Portugal real não poderia ser maior.
Enquanto que aqueles que desejam aquecer a sua casa pagam 23% de IVA sobre gás ou electricidade, os partidos políticos aprovaram à socapa uma lei de financiamento que os isenta de IVA em todas as despesas, desde a electricidade usada para alimentar as luzes nos comícios às gambas dos jantares de gala. No mesmo país em que morrem pessoas de frio no interior, a Câmara Municipal de Lisboa prepara-se para gastar 60 mil euros em cartolas. Portugal é uma enorme Raríssimas, com a diferença de que pelo menos a Raríssimas prestava um serviço decente.
Estão "sinalizadas" pelos serviços do estado mas morrem na mesma. Quantas ? Procedimentos que sinalizam crianças e famílias em ruptura e que, mesmo assim, as deixam morrer não deveriam ser revistos ?
Por exemplo, os serviços do estado serão capazes de se aproximarem fisicamente das vitimas no sentido de captar indícios de agravamento da situação? Parece que não. É também o que se passa com os idosos "sinalizados" que morrem sozinhos. Quem vive perto, sejam amigos ou familiares, são quem primeiro dá o alarme. As vítimas deixam de ser vistos no dia a dia, há rotinas quebradas, há sinais de violência. Não basta estar perto, é certo, é preciso ter olhos e alma para ver. Mas é bem mais difícil para quem está longe, prisioneiro de gabinetes e burocracia. Não vê, não ouve e não ajuda mas sinaliza.
Cuidar de quem precisa em família em vez de institucionalizar. Mais proximidade, mais atenção, mais barato. Retirar os idosos dos hospitais depois de terem alta também passa por ajudar as famílias. Com horário flexível ou trabalhar a partir de casa. Ou mesmo em part time. Já se faz nos países que se dedicam a resolver os problemas dos seus cidadãos em vez de discutirem ideologias.
Inglaterra iniciou uma experiência que passa por dar às famílias para cuidar dos idosos os mesmos direitos que os pais recebem quando têm filhos: mais dias de assistência à família, horário flexível, part-time ou trabalhar a partir de casa. A experiência está a ser desenvolvida entre o ministério da segurança social e as associações patronais. E há o modelo Canadiano para a prestação de cuidados paliativos.
Basicamente, trata-se de envolver mais a sociedade civil retirando ao estado esse papel de cuidador quase universal. Cuidados impessoais, longínquos e como tal, pouco eficazes e caros. Quem melhor conhece os casos dificeis que a família e os vizinhos ? Não são de certeza as funcionárias públicas a partir dos seus gabinetes .