Passos Coelho escolheu dizer a verdade. Faltavam (faltam ) 600 milhões na Segurança Social, faria as devoluções e desagravaria o enorme aumento de impostos conforme as possibilidades orçamentais.
António Costa perdeu as eleições e prometeu devolver tudo a todos para conseguir o apoio dos partidos anti-Europa . Uma mentira que, como todas as mentiras, tem perna curta e, ao fim de apenas dois anos ( meio mandato) Costa anda a tentar conter PCP e BE com o argumento de que afinal não tem dinheiro . Tem que ser de forma escalonada no tempo , aos poucochinhos, como dizia e diz Passos Coelho
É de tal forma humilhante que o sindicalista Mário Nogueira veio hoje anunciar que vai pedir ao PSD e ao CDS para, no Parlamento, votarem favoravelmente a proposta de descongelamento das carreiras dos professores e assim derrotarem o PS e consequentemente o governo.
António Costa agachou-se com medo e vai escolher a menos má das soluções. Porque são todas más como o próprio já intuiu e deixa transparecer no seu desespero televisivo. Vai deixar que seja o PSD a lembrar-lhe que o problema é o tal diabo que sempre veio ? O crescimento da economia não chega, é poucochinho, já estamos a divergir da média da Zona Euro e da União Europeia . O país está ficar mais pobre enquanto o governo tira à sociedade civil para dar aos seus eleitores, o Estado. E, na verdade, tal como dizia Passos Coelho, o orçamento só pobre cobrir as devoluções e melhorar a vida de vida dos portugueses com mais e melhor economia, melhor emprego, melhores serviços públicos e as contas nacionais controladas.
E agora António Costa ? A humilhação de ser salvo pelo inimigo de estimação ou a humilhação de morrer às mãos dos comunistas anti-Europa ?
Saíste-me cá um estadista, pá, para mal dos nossos pecados...
No Agrupamento de Escolas de Seia os funcionários rasuraram os boletins de matrícula, trocando a escola em associação escolhida pelos pais pela escola pública. O que é ilegal porque os pais não são obrigados a registar os filhos numa escola que rejeitam. Mas pelos vistos esta batota é a única forma da escola pública ter alunos. Não há humilhação maior.
Dezenas de pais foram coagidos para matricularem os seus filhos na escola estatal com veladas ameaças . Os funcionários declararam que estavam a cumprir ordens do director do Agrupamento.
É este o direito de escolha das famílias segundo o ministério da educação e os sindicatos afectos à CGTP.
Só quem nunca esteve naquelas salas das repartições do fundo de desemprego é que poderá não concordar com o Bloco de Esquerda. Entre o desespero de quem está desempregado e a arrogância de quem tem emprego para a vida e que pouco ou nada pode fazer pelos outros. Nem a ideia é essa.
Quando estava a preparar a entrada na reforma dei baixa no Fundo de Desemprego e durante esse período fui chamado algumas vezes. Para me perguntarem se já tinha arranjado emprego e eu a julgar que era essa a função deles. Com umas ameaças à mistura. Que me punham a tirar fotocópias foi uma dessas ameaças.
E as sessões de formação são um vómito. Uma menina fez de professora sobre contabilidade. Ao meu lado tinha um ajudante de cozinheiro que sabia tanto de contabilidade como eu sei de cozinha. É claro que foi uma completa perda de tempo e só serviu para a menina andar por ali a pavonear-se.
O BE tem toda a razão no acabar com esta prerrogativa fascista da administração pública sobre os cidadãos desempregados. Se nada têm para lhes oferecer ao menos respeitem a sua condição já de si difícil de estarem desempregados. E se não têm nada que fazer fiquem em casa. Não chateiem.
"Não aceitamos medidas que não servem nem para formação nem para encontrar emprego e que atribuem aos desempregados a culpa do desemprego. É preciso acabar com a perseguição às vítimas da crise. Há já acordo com o governo e vamos acabar com a humilhação da obrigação das apresentações quinzenais", afirmou Catarina Martins.
O PS vai perceber que está enganado. O fosso parlamentar cavado nas legislativas entre o BE e o PC, reforçado com a humilhação eleitoral de ontem, vai enfraquecer o governo. O PCP vai elevar o nível de exigência mas Marcelo estará atento. António Costa não vai poder ceder ao PC sem limites e beneficiar da benevolência de Marcelo.
" António Costa, que não quis Maria de Belém e tolerou Sampaio da Nóvoa, pensa que ganhou com Marcelo – acha que o tem nas mãos e que este é a sua alma gémea política. No fundo, que pode contar com ele. Rapidamente se aperceberá que está enganado.
E digo que será rapidamente por uma razão simples. Apesar de serem eleições presidenciais, os equilíbrios partidários que suportam o governo de António Costa saíram abalados da noite eleitoral. Paralela ao bom desempenho do BE, a humilhação do candidato do PCP deixará marcas, reforçando o fosso que os separa no parlamento e pondo em causa a disponibilidade do PCP para apoiar o governo nas medidas difíceis. Os comunistas têm na “geringonça” um desafio à sua sobrevivência. E, se se tornarem por isso factor de instabilidade política, dificilmente Marcelo segurará António Costa.
"Temos o direito de ser humilhados!" Têm o direito e gostam que é o que mais preocupa. A vida é injusta. Estes meninos deviam sofrer na pele o que a juventude das gerações da guerra colonial sofreram.O argumento mais utilizado para justificar as humilhações e a violência era que quando fossemos para o teatro de guerra íamos preparados. Revoltei-me, quando era difícil . Cinco dias impedido de sair do quartel, fins de semana cortados, mas sentia que aquele argumento não era despiciendo e isso acalmava-me. Ou antes, travava a minha fúria perante a prepotência.
Uma coisa sempre verifiquei. Os comandos capazes, homens de carácter, eram gente que não praticavam violência gratuita. Mas aqueles que toda a vida tinham servido, garantiam bem o adágio : não servias a quem serviu !
José Pacheco Pereira - Público : Ao institucionalizar a obediência aos mais absurdos comandos, a humilhação dos caloiros perante os veteranos, a promessa era a do exercício futuro do mesmo poder de vexame, mostrando como o único conteúdo da praxe é o da ordem e do respeito pela ordem, assente na hierarquia do ano do curso. Mas quem respeita uma hierarquia ao ponto da abjecção está a fazer o tirocínio para respeitar todas as hierarquias. Se fores obediente e lamberes o chão, podes vir a mandar, quando for a tua vez, e, nessa altura, podes escolher um chão ainda mais sujo, do alto da tua colher de pau. És humilhado, mas depois vingas-te.