Os trabalhadores do SNS exigiram a redução do horário de 40 horas para 35 horas e o governo para agradar à extrema esquerda fez de conta que não percebia que com essa medida aprofundava a já débil situação do sector. As listas de espera, as greves e a degradação dos serviços estão aí para evidenciar a cegueira ideológica.
Os (i)responsáveis dizem agora que a culpa é das cativações de Centeno e da intransigência de Costa. E eles que com a sua cegueira ideológica vão destruindo o SNS não têm culpa nenhuma é bem de ver. Felizmente que o privado é uma opção .
A ideia de reduzir o tempo de trabalho nessa dimensão sem aumento substancial da despesa e sem degradação dos serviços públicos foi uma das mais improváveis fábulas políticas desde há muito tempo. O SNS foi a principal vítima dessa imprudente fantasia política, até porque favoreceu a acumulação de funções no setor privado.
"Ao contrário de quase todos os outros países da OCDE, os professores portugueses, do pré-escolar ao ensino secundário, ganham mais do que outros trabalhadores com educação terciária [ensino superior]", diz o relatório, precisando que esta diferença "varia de 35% a mais no 3.º ciclo para 50% a mais no pré-escolar". Os diretores também são referidos, com a OCDE a concluir que estes "ganham o dobro do que os trabalhadores com o ensino superior ganham em média".
Refira-se que o relatório não afirma que os professores portugueses ganham mais do que os seus colegas de outros países. De resto, a mesma organização já produziu documentos que concluem precisamente o contrário, sobretudo quando se trata dos primeiros anos de profissão. O que a OCDE está a dizer é que, considerando a realidade nacional, os salários dos professores podem ser considerados acima da média.
A administração da empresa já fez saber aos trabalhadores que vai avançar com o novo horário mesmo sem acordo com a Comissão de Trabalhadores e os sindicatos.
Do ponto de vista legal, a empresa pode introduzir a laboração contínua (três turnos diários incluindo fins-de-semana) nos termos em que está prevista no contrato coletivo do trabalho para o setor que se aplica à Autoeuropa.
Na mensagem remetida aos trabalhadores, a empresa lembra que “desde 2015, que a laboração contínua foi considerada no acordo laboral e com pagamento normal aos sábados.
"Será tomada uma decisão que cumpra com a lei, mantenha o emprego, assegure o crescimento da fábrica e o programa de produção. Em paralelo, a empresa vai manter abertos os canais de comunicação com as partes envolvidas”, diz a newsletter assinada pelos três principais gestores da fábrica da Palmela: diretor-geral Miguel Sanches, diretor de finanças e tecnologias, Steffen Schudt-Pialat e diretor de recursos humanos, Jürgen Haase."
A fábrica de Palmela ganhou a produção do novo modelo na base de um plano de produção. E nessa base fez investimentos superiores a 600 milhões. Não se podem mudar as regras a meio do jogo até porque a anterior Comissão de Trabalhadores conhecia e negociou o plano de produção.
É muito preocupante esta decisão da administração porque mostra que o Grupo está disposto a usar meios que tem ao seu dispor. Pessoal nacional interessado em trabalho bem remunerado há muito e a nível internacional há muitos trabalhadores do Grupo experientes dispostos a passarem por cá uma temporada. Como aconteceu com 400 trabalhadores portugueses que em época de pouco trabalho aceitaram ir trabalhar para outras fábricas Volkwagen.
O presidente da República já manifestou publicamente a sua preocupação e o ministro da economia acompanha de perto as negociações. Dá para perceber o que está em jogo que a curto prazo pode ser um prejuízo controlado mas a longo prazo pode ser um prejuízo com dimensão nacional.
A CGTP não vai ser a interlocutora da administração da fábrica como nunca conseguiu ser durante os mais de vinte anos que a fábrica produz em solo português.
De uma forma ou outra, mesmo com uma decisão negociada, nesta altura já são os trabalhadores os mais prejudicados. O Grupo alemão entregará no futuro novo modelo à fábrica de Palmela ?
"A fábrica da Volkswagen vai anunciar os novos horários até dia 15 de Dezembro. O objectivo é arrancar com a produção aos fins-de-semana a partir do início de ano de forma a produzir 240 mil automóveis em 2018. Administração mantém porta aberta para acordo."
A questão essencial é a do título, porque a redução de horário com a consequente redução de vencimento é uma medida inteligente. Atrevo-me a dizer que vai ser uma medida amplamente aceite nos países desenvolvidos no futuro.
Não há trabalho para todos, já a senhora Merkell disse aos seus compatriotas no discurso da nação. Temos que nos preparar para viver com mais qualidade de vida e com menos dinheiro. Ter tempo para a família, para ler, para criar os filhos.
Jorge Fiel : Na esperança de obter uma resposta inteligente, deixo aqui uma pergunta estúpida aos funcionários públicos que recusam a semana de trabalho de 40 horas.
Vocês não podem ser despedidos, ganham mais e têm mais férias e melhor assistência na saúde do que os outros trabalhadores. São pouco produtivos (64,5 para uma média europeia de 100 e 107,9 dos espanhóis). Têm um patrão falido que anda de mão estendida, em Bruxelas, Washington e Berlim, a pedir dinheiro emprestado para vos pagar os salários. Por que é que teimam em querer trabalhar menos que os outros, num sinal incrível de falta de respeito pelo milhão de portugueses desempregados?
Os funcionários públicos estão a ser empurrados para se igualarem aos trabalhadores privados. Querem manter os benefícios e, por isso, fazem manifestações com os sindicalistas muito activos. É, claro, que a festa acabou. Não há dinheiro.
Os professores, vá lá saber-se porque razão, insistem em ter um tratamento especial de corrida. As medidas aplicam-se a todos mas não a eles. Desta vez é a mobilidade, o horário zero e as zonas geográficas onde podem ser colocados. Indignados, dizem que foram enganados . Não sei se foram, o que sei é que não podem ter tratamento especial. E, eles, também sabem .
Os Alemães sabem e é por isso que vivem bem e resolvem os problemas a tempo e horas. "Um grupo de 100 académicos e políticos alemães estão a pedir um horário de 30 horas semanais sem um corte nos salários, noticia hoje o jornal alemão Tageszeitung, citado pela CNBC. Os peticionários argumentam que uma semana de trabalho mais curta é a melhor forma de lidar com o aumento da taxa de desemprego no país, contribuindo também para o aumento da produtividade dos trabalhadores.