Andamos a empobrecer alegremente mas não há responsáveis porque isso implica admitir os erros grosseiros de quem nos tem governado.
A gestão do curto prazo leva-nos a um país hipotecado, com um reduzido crescimento potencial e cada vez mais dependente de subsídios. Fomos ultrapassados por todos os países que entraram na União Europeia este milénio, sem que qualquer responsabilidade ou razões fossem apuradas.
Ao impedir a responsabilização das estratégias e investimentos anunciados, seja ao nível do cumprimento ou da sua eficácia, evita-se corrigir a estratégia económica futura. Qual o resultado das estratégias anunciadas nos últimos 20 anos? A da década, a dos centros de decisão nacional, a de Lisboa ou ainda a estratégia industrial…
São tantas as estratégias que é fácil um cidadão deixar de acompanhar e perder o interesse. Mas o sistema está feito para isso mesmo. A corrupção, os conflitos de interesse, os negócios de milhares de milhões feitos em prejuízo da economia nacional, demonstram que em nada se tem alterado o rumo do país.
O problema nunca está nos políticos que nos governam há décadas com os mesmos resultados e objectivos – ficar à frente a Grécia. Este dinheiro que aí vem tem de ser supervisionado pela União Europeia ou cairemos no mesmo: o benefício de alguns, hipotecando o próximo século de muitos.
Ao ritmo de 3 mil milhões/ano e a partir de agora de 6 mil milhões /ano. Dinheiro não tem faltado o que faltam mesmo são ideias. E capacidade política para os necessários consensos e implementação no terreno.
Depois de nos últimos 25 anos e de tanto dinheiro não termos conseguido convergir com a UE, dá toda a razão aos holandeses para suspeitarem da nossa capacidade de fazer bom uso dos subsídios.
Por cá e, como habitualmente, a culpa não é nossa é dos outros que não são solidários . O que recebemos está sempre "aquém" do necessário no tipico linguarejar dos partidos que andam permanentemente a atacar a UE .
Desde a inviável TAP, passando pela sustentável e produtiva EFACEC, mergulhando no incerto e caríssimo hidrogénio ( já há 74 projectos apresentados para acesso aos subsídios) boa parte do dinheiro já tem destino. Não contando com os inúmeros buracos sem fundo que nos atormentam há muitos anos.
Mas o dinheiro demora a chegar às empresas que produzem, exportam e criam emprego. Ajudá-las a capitalizarem-se e a ganharem dimensão, projectos seguros que têm todas as condições para crescer ao longo da cadeia de valor.
Portugal cresceu e convergiu com a UE de 1960 a 2000, os últimos 20 anos são uma miséria completa. Não será tempo de mudar de modelo de crescimento e de protagonistas ?
E sem uma Administração Pública eficaz, amiga do desenvolvimento, nunca chegaremos lá. Onde estão as reformas sempre tão prometidas e nunca realizadas ? Que forças estão interessadas em bloquear as reformas tão necessárias na máquina do estado ?
Daqui a dez anos os holandeses continuarão a ter razão ?
O primeiro-ministro holandês foi a Bruxelas à cimeira de chefes de governo, dizer que os países que pretendem receber solidariedade europeia, com a atribuição de fundos para sete anos, devem garantir que fazem reformas internas.
Disse afinal, o que salta à vista e é o caso de Portugal.
O dinheiro vindo de Bruxelas, sem reformas no Estado e na sociedade, não muda a nossa realidade de cada vez maior pobreza e atraso.
Ou seja, Portugal tem um problema de política doméstica que preocupa os estrangeiros, mas a que os portugueses não ligam puto, designadamente os que apoiam este governo.
E os estrangeiros pedem uma espécie de troika permanente para continuarmos a receber ajuda.
De outro modo, sem o dizer, fica a mensagem para que optemos definitivamente pelas ideias de A. Costa e do seu fantástico mundo albanês moderno, inspirado em Louçã conselheiro bancário, com Jerónimo e o catecismo de 1918 e as irmãs circenses do bloco.
Façamos então as nacionalizações, voemos então na TAP ao preço de luxo das arábias e sigamos a estratégia louca de multiplicar a dívida e o desnorte.
Seria um mundo fantástico este que o Portugal governamental solicita.
Uma coisa como ir ao banco pedir emprestado, sem dizer para quê, sem garantias nenhumas de aplicação reprodutiva do que nos emprestam, bastando a mão estendida para cair nela o donativo.
Há em Portugal quem sonhe ter ajudas de 70 mil milhões de euros como em 2011, para garantir pensões e o funcionamento básico do Estado, e não ter a troika a controlar a aplicação destes recursos.
Há quem sonhe ainda hoje, ir de mão beijada às capitais europeias, agora de máscara e reverências invocando o Covid19, para logo que recebido o cheque, regressarem a Lisboa, para voltar ao vício e reafirmar acordos com o PCP e o BE.
Uma espécie de amante de luxo dos contribuintes líquidos da Europa, para manterem as meninas do sul na casa do euro.
É difícil, sendo patriota, não bater palmas ao holandês que diz e faz o papel encomendado pela germânica Merkel, resguardada na benignidade discreta, para daqui a pouco sair como heroína histórica consensual do Euro e da unidade europeia.
A estes açoites sorridentes a Portugal e mais alguns, chama o holandês a questão da “gouvernance”.
Isto é, como se governa em Portugal e por que razão não crescemos criando riqueza a sério.
Como se governa em Portugal e não atraímos investimento estrangeiro, num país descapitalizado.
Como se governa em Portugal e empresas portuguesas vão para a Holanda pagar impostos. Por que razão não oferecemos as mesmas condições de fiscalidade como na Holanda.
Como se governa em Portugal e os processos na justiça concorrem com o tempo da justiça divina.
Como se governa em Portugal e uma decisão da Administração Pública está hoje num tempo de comunicação instantânea, como no tempo dos mangas de alpaca.
Como se governa em Portugal, com a educação controlada por marxistas e teorizadores da esquerda tantas das vezes arqueológica, tantas das vezes caceteira.
Como se governa em Portugal, sugando o lucro das empresas e o trabalho das famílias.
Como se governa em Portugal, sendo mais difícil despedir um colaborador de uma empresa do que criar a empresa.
O holandês, como todos os “holandeses” das capitais europeias, recebem relatórios das embaixadas em Lisboa.
Depois, um dia, ganham coragem e não cedem, “the party is over” e A. Costa fica sem jeito ...
Nesta crise ninguém tem culpas ( talvez os chineses tenham alguma), é um inimigo externo e a União Europeia tem que reunir fileiras. Todos os países sofrerão embora uns mais que outros. Os fracos, os que não fazem o que a boa governação manda fazer serão os que sofrerão mais. Como é habitual nós somos dos impreparados.
Durante quatro anos António Costa andou a aumentar impostos indirectos para aumentar rendimentos (poucochinho) não cuidando de enfrentar os problemas do país que persistem há décadas. Mais do que governar tratou de ganhar tempo mas, como diz a regra da gestão " se alguma coisa pode correr mal, corre mesmo, mais tarde ou mais cedo". E Costa foi apanhado com as calças na mão.
Um parceiro que não reduz a dívida e não acelera o crescimento económico não é flor que se cheire . E as contas externas estão cada vez mais deficitárias o que quer dizer que importamos mais do que exportamos. Foi sempre por aqui que começaram os afundanços .
Quem nos empresta dinheiro não é tolo, sabe bem que se não controlar a disciplina financeira dos países do sul voltamos para as contas desequilibradas. Várias outras vozes criticaram a falta de medidas europeias mais eficazes, entre as quais a do ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors, considerado um dos "pais" da UE, atualmente com 94 anos e há muito retirado da vida política.
"O clima que parece reinar entre os chefes de Estado e de Governo e a falta de solidariedade europeia representam um perigo mortal para a União Europeia", disse o ex-ministro da Economia francês, que presidiu à Comissão Europeia entre 1985 e 1995, numa rara declaração pública divulgada pelo instituto que fundou com o seu nome.
E com as contas desequilibradas a quem é que os Holandeses venderão tulipas ?