Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BandaLarga

as autoestradas da informação

BandaLarga

as autoestradas da informação

Curar doentes não é bom para o negócio

A hepatite C é curada em mais de 90% dos casos com o medicamento inovador que apareceu há três anos no mercado. O problema é que com a cura definitiva dos doentes num curto espaço de tempo as receitas para as farmacêuticas baixam drasticamente. O negócio não é sustentável.

Manter o doente sob terapia, transformando a doença numa doença crónica controlada, também salva a vida ao doente e as farmacêuticas não perdem receitas mantendo a capacidade financeira para continuarem a investir em novos medicamentos.

Lá está o óptimo é inimigo do bom, razão têm as nossas avós.

"“O potencial para providenciar ‘curas de uma dose’ é um dos aspectos mais atrativos da terapia genética, terapia celular geneticamente modificada e edição de genes. No entanto, esses tratamentos oferecem uma perspetiva muito diferente no que concerne às receitas recorrentes na comparação com terapias crónicas”, escreveu o analista Salveen Richter. “Ao mesmo tempo que esta proposta traz um valor tremendo para os pacientes e a sociedade, poderá representar um desafio para os desenvolvedores da medicina do genoma que procuram um fluxo permanente de receitas”.

As pessoas estão primeiro

O quadro das contas nacionais publicado pelo Banco de Portugal mostra que as pessoas estão primeiro . O único item preocupante, o das importações, é devido ao consumo dos medicamentos inovadores para tratamento da Hepatite C. Esta importação, em Abril, tem um peso significativo devido ao preço excepcionalmente alto do medicamento mas que , já permitiu curar 207 doentes que de outra forma teriam desenvolvido cancro hepático fatal .

Em Fevereiro, o Governo chegou a acordo com a empresa farmacêutica fornecedora de dois medicamentos inovadores para o tratamento da hepatite, que permitiram tratar cerca de 13 mil doentes. No final de Setembro, 107 doentes já tinham sido dados como curados.    

Não está nada mal para quem é acusado de estar a destruir o Serviço Nacional de Saúde . A verdade é que os índices da saúde em Portugal estão entre os melhores a nível mundial e, esta verdade, só é possível por quem coloca em primeiro lugar as pessoas .

Os extremistas que passam a vida a destruir mas que não conseguem apresentar, nem de perto nem de longe, soluções credíveis, vendem sempre um país onde campeia a miséria e a desolação. As recentes eleições mais uma vez mostraram que o povo não compra amanhãs que cantam e não deita borda fora o menino com a água do banho

Jorge Coelho 30 - Macedo 1

No seu tempo de ministro, Coelho demitiu-se porque a ponte de Entre-os-Rios ruiu arrastando para a morte cerca de 30 pessoas. Soube-se depois que as bases dos pilares que sustinham a ponte estavam corroídos pela água e pelo desgaste causado pela extracção de areia do rio. Não havia manutenção há muitos anos nem sequer a verificação atempada do estado de fragilidade a que os materiais tinham chegado.

Nessa altura não faltavam subsídios da UE que foram dirigidos para auto-estradas. Não foi por falta de dinheiro que a manutenção da ponte foi negligenciada. Foi mesmo por opção, por cretinice.

Agora estamos confrontados com a questão do medicamento para a hepatite C, ou melhor, com o seu custo. Foi preciso morrer um doente para que a farmacêutica cedesse e acordasse com o governo um preço aceitável para o tratamento de todos os doentes que dele necessitam. ( de todos não só de alguns)

E que conclusões se tiram daqui? É que o doente que morreu de hepatite C foi vítima da austeridade. Ficamos por saber a que se deveu a morte dos 30 viajantes do autocarro que caiu ao rio. Foi por gastar dinheiro a eito sem critério?

 

Espanha já tem acordo para o medicamento para a Hepatite C

Em Espanha, os doentes com Hepatite C, já estão a ser tratados pelo SNS com dois medicamentos inovadores e cujo custo é incomportável para os doentes. O preço do medicamento mais promissor foi objecto de acordo entre o estado Espanhol e a farmacêutica americana. Em Portugal, por enquanto, só quem tem dinheiro é que tem acesso ao medicamento. O tratamento, com uma eficácia fantástica, dura 3 meses e custa 90 mil euros.

Portugal está na primeira etapa, o SNS fornece o medicamento a quem está em estado muito adiantado e, paralelamente, negoceia um acordo com a farmacêutica. Este caminho está a ser trilhado em conjunto pelos países Europeus por forma a terem força negocial .

Tudo indica que se encontrou uma solução que não só é financeiramente sustentável como se revela extremamente eficaz. Ao arrepio das tentativas mal conseguidas de forçar o SNS a pagar "um preço pornográfico" incomportável.

Assim se vê quem é amigo do SNS

Lembram-se da campanha a favor do novo medicamento que trata a Hepatite C ? Deixar morrer pessoas, nada menos. Individualidades com responsabilidades no SNS colocaram-se sem vergonha ao lado da indústria farmacêutica. Conhecido o preço exigido logo se percebeu que estávamos perante uma guerra económica e não numa disputa a bem dos doentes. Até para o mais canhestro era fácil perceber que não há serviço de saúde nenhum que suporte os custos envolvidos. Era (é) uma questão de bom senso.

Quem tem que fazer contas para manter sustentável o SNS apanhou por tabela. Mas é o ministro que face ao enorme problema arranjou uma solução global para combater a posição monopolista da farmacêutica. Um monopólio na oferta combate-se com uma posição comum de todos os compradores. É isso que está em cima da mesa ao nível de todos os países europeus. Baixar dez vezes o custo do medicamento . Qual o racional para se chegar a este preço dez vezes mais baixo? Alinhar com o preço que a farmacêutica pratica no Egipto. Percebeu sr. Bastonário ou é preciso fazer um desenho ?

Os interesses farmacêuticos chegam facilmente aos jornais

Cada vez mais cortes na saúde, mas o exemplo apresentado é uma completa mentira.:Começámos por saber que se evitava dar medicamentos mais caros, primeiro aos doentes oncológicos ou cardíacos, depois aos das artrites reumatóides. E agora é a hepatite C. Os doentes vão caindo em doenças mais graves (cirroses ou cancros), ou morrendo, enquanto o Estado quer negociar com as farmacêuticas o embaratecimento dos novos medicamentos de eficácia comprovada.

Como já foi devidamente explicado, não só pelo governo, é falso que se neguem medicamentos inovadores aos doentes. O que é preciso é que sejam mesmo inovadores o que, infelizmente, na maior parte das vezes não é o caso. O estado até já negociou com as farmacêuticas uma partilha de custos caso os medicamentos ditos inovadores não provem. Como os médicos alemães reconhecem " pura cobiça". Não há sistema nenhum que suporte o preço que a indústria exige , e muito menos com medicamentos que de forma alguma apresentam eficácia comprovada.

Mas há sempre quem esteja pronto para defender interesses estranhos contra o SNS. Desde comentadores ao bastonário da Ordem dos Médicos todos têm lugar garantido na comunicação social .Estas encomendas jornalísticas são pouco menos que pornográficas.

 

A hepatite C e o bastonário da Ordem dos Médicos.

Hoje um leitor no Expresso ..."o ministro diz que o preço do medicamento é imoral" afirma o bastonário - " Imoral é não tratar os doentes (...) finalmente com muitas pressões alguns doentes começam a ser tratados". Muito a propósito, a "Der Spiegel" do passado dia 18 de agosto publica a seguinte nota : "100,00 euros, é quanto custa a produção da quantidade necessária para um tratamento de 12 semanas com o novo medicamento Sofosbuvir para a hepatite C. Mas na verdade o seu fabricante, Gilesd Sciences, pede 6 000,00 euros pela terapia. Cobiça pura", é como classifica isto a MEZIS, organização dos médicos alemães". Parece-me desnecessário mais qualquer comentário ( Francisco Batoréu, Lisboa).

E a mim parece-me interessante remeter o leitor para estas leituras aqui no Banda Larga : Defender o SNS da hepatite C e dos preços pornográficos".    Saia uma dose de jornalismo de investigaçãoO jornalismo de sarjeta e o bastonário sindicalista

Defender o SNS da Hepatite C e dos preços pornográficos

Há pouco mais de um mês vimos instituições públicas, médicos e representantes dos médicos a fazer lobby pela indústria farmacêutica. Iam morrer umas dezenas de doentes por falta do novo medicamento que cura a doença. O preço proposto é imoral, mas nada trava estes interesses poderosos de lançar campanhas na comunicação social . Matar gente, nada menos.

Os verdadeiros defensores dos doentes e do SNS recusaram o alarmismo e foram estudar o problema. E, como era de prever há soluções que defendem os doentes e o SNS. "Para o efeito propõem que o "tratamento da Hepatite C em Portugal se baseie apenas na associação dos novos antivirais", por oposição aos atuais tratamentos que, diz, são comercializados "a preços verdadeiramente pornográficos e incompatíveis para qualquer sistema de saúde".

Claro que a gentinha do costume apressou-me a bater palmas apoiando a indústria farmacêutica a coberto do sempre renovado "interesse público". Têm aí a resposta.