A ponte não faz greves, não reclama, não é cliente do regime.
E há 6 meses que o ministro da respectiva tutela, Pedro Marques, informou o ministro das finanças, da extrema necessidade de autorização e alocação das verbas necessárias para poder executar as reparações necessárias.
Também há já seis meses, que o ministro das Finanças, Mário Centeno, tem retido a autorização e as verbas e mantido o mais absoluto silêncio sobre esta matéria.
E há 6 meses, que o ministro Pedro Marques, tem andado a engolir em seco, a recusa do ministro das Finanças, e também ele se tem remetido ao mais absoluto silêncio sobre a situação em que se encontra a ponte 25 de Abril, e sobre a recusa do ministro das finança em autorizar a sua reparação..
E há 6 meses que da parte de todo o governo, e respectivos serviços públicos, que detêm as várias responsabilidades nesta matéria. Nunca se ouviu uma única palavra. Todos no mais absoluto, e abjecto silêncio.
Foi preciso a revista Visão colocar este assunto na capa da sua última publicação, e terem previamente informado o ministro de que o iriam fazer, para que em menos de 24 horas, o governo desse andamento, a algo que durante 6 meses manteve na prateleira e escondido das centenas de milhares de utentes que atravessam semanalmente aquela ponte
Por outras palavras, os actuais governantes, só se mexeram, porque alguém atacou o único ponto onde lhes dói: o risco da sua popularidade.
Já quanto ao risco dos utilizadores da ponte, claramente ficou demonstrado, que ao longo de 6 meses, nunca foi uma preocupação nem uma prioridade do governo.
Mas desenganem-se se pensam que este é um caso isolado. Não é, nem pode ser de forma nenhuma, face à opção política escolhida pelo actual governo.
Cortar nas despesas da manutenção e investimento das estruturas públicas, para poder conseguir dessa forma, as verbas necessárias, para satisfazer a voracidade das suas clientelas da máquina estatal, a prazo, o resultado só pode ser este.
E face à continua adopção desta via de governação, isto é só um começo. Muitas mais pontes, muitos mais edifícios e estruturas e serviços públicos, irão começar a apresentar sintomas de colapso, e irão ser mantidas nas gavetas, até onde lhes for possível: até mais algum jornalista denunciar, ou até acontecer alguma tragédia. Com a actual política, não poderá haver outra via.
Não há milagres. a manta é curta e por isso tem que ser gerida com equilíbrio. E cortar quase a zeros, nos gastos de manutenção, para poder manter as clientelas do eleitorado que sustenta o actual governo, não é uma gestão equilibrada , e como tal, não pode nunca gerar nada de bom a não ser cada vez mais casos como o da ponte 25 de Abril, pois tudo indica que não aprendemos nada com entre os Rios. Tal como não aprendemos nada, com anos a fio de repetidas tragédias com os incêndios.
Mas as pontes, não reclamam, não votam, não fazem greves, não fazem parte da clientela do governo. e os utentes, das pontes, só irão reclamar quando elas caem, e mesmo assim, só os familiares dos que lá morrerem é que tendem a não esquecer, nos dias das eleições.
E se na ponte de Entre os Rios, ainda tivemos um ministro que se demitiu, assumindo as responsabilidades políticas, mas nunca a cíveis nem criminais, já com o actual governo, será uma perda de tempo ficarem à espera de verem alguns dos seus membros a apresentarem voluntariamente a demissão ou a assumirem quaisquer responsabilidades.
O mais provável, e virem dizer que a culpa foi do Passos Coelho, e até mesmo do Salazar, esse grande fascista, que não tinha nada que ter mandado construir a ponte.
O que vale é que, agora, se alguma ponte ou edifício cair, temos algo que antes não tínhamos: um presidente que prontamente lá estará a distribuir uns afectos e uns abraços.
Mas como é assim que o povo quer, é assim que o povo tem. Democracia é isto.