É só o governo grego taxar os armadores gregos milionários que não pagam impostos sobre os lucros das suas empresas. É uma medida que está de certeza no programa do Syriza e é mais do que justa.
O especialista para as áreas financeiras do grupo parlamentar da CDU, Michael Fuchs, refere-se em concreto aos armadores gregos, que segundo a edição de hoje do jornal alemão, conseguem lucros anuais superiores a 17 mil milhões de euros e que estão livres do pagamento de impostos.
Os armadores pagam apenas uma taxa fixa em função da tonelagem dos navios de carga e a isenção dos impostos sobre os seus lucros está protegida pelo artigo 107 da Constituição grega.
Calculo que os milionários gregos vão usar os argumentos já conhecidos por cá. Está na constituição, mãe de todas as leis, só pode ser revista por 2/3 dos deputados e é um direito adquirido. Os juízes não deixam? O parlamento num assunto tão óbvio de certeza que não terá dificuldade nenhuma em rever a constituição.
É mais justo e mais fácil do que obter o perdão da dívida.
Perdoar a dívida à Grécia. Pode ser uma forma de pressão tão perto das eleições mas , finlandeses e espanhóis, não o fazem por menos. Impossível. Não podem andar a impor austeridade aos seus cidadãos e perdoar a dívida aos gregos. E há eleições em Abril na Finlândia.
Tsipras escreveu recentemente um artigo de opinião no The Guardian onde defendia que "a maior parte do valor nominal da dívida pública tem de ser anulada, tem de ser imposta uma moratória sobre o reembolso da dívida remanescente e uma cláusula que associe o serviço dessa dívida à taxa de crescimento, de modo a que se possam usar os recursos assim poupados em medidas de estímulo do crescimento". "Nós reclamamos condições de reembolso que não levem o país a sufocar em recessão e as pessoas ao desespero e à pobreza", concluía Tsipras.
É claro que não estão a falar da mesma coisa, há muita política, margens de manobra. As eleições gregas não irão alterar a realidade. A Grécia terá de prosseguir as reformas económicas para retomar o crescimento. E se o fizer pode contar com a solidariedade europeia? Claro que sim, ninguém quer a Grécia fora do Euro.
Não é possível sair do euro sem quebrar a zona euro por completo. Seria passar de um sistema de moeda única para um de taxas de câmbio fixo, como tivemos na década de noventa”, explicou. “Somos contra a depreciação das condições de vida da maioria das pessoas e uma depreciação monetária seria equivalente a aplicar um plano de austeridade”, acrescentou.