Convém, de resto, não esquecer que um Governo não existe para dar boas notícias ou para ser simpático e fazer aquilo que lhe some mais popularidade. Um Governo existe para fazer o que tem de ser feito. A sociedade lá estará para interpretar com justeza os sinais que lhe forem dados, os bons e os maus, com todas as consequências.
Dá-se ainda o caso de, no confinamento de março de 2020, quando tínhamos 642 novos casos de COVID-19 em todo o país e apenas 2 mortes, as exceções serem apenas 35 e, agora, num momento em que temos cerca de 10 mil novos casos diários e mais de 160 fatalidades, as exceções ascenderem a 52. Donde, por pertinentes e justas que possam ser essas salvaguardas, a verdade é que é incompreensível que encontrando-se a situação pandémica muitíssimo mais difícil do que há quase um ano atrás, as medidas de contenção sejam substancialmente menos restritivas.
Acresce um outro lado da equação: o tratamento das doenças não COVID, sistematicamente em crise quando se tarda a decidir. Só para citar um exemplo (crítico), os rastreios do cancro da mama, do colón e recto e do colo do útero desceram, ainda antes de chegar a 3ª vaga, cerca de 18%, 6% e 10%, respectivamente. Imagine-se como estarão por esta ocasião e as consequências letais que isso pode ter.
Todos esperam que o governo tome as medidas necessárias a proteger a saúde e as vidas da população. Mal se compreenderia que governantes e governados não entendessem que essa é a maior prioridade.
Estamos todos à espera, claro, que o governo tenho o rasgo de poupar vidas e salvar empresas e rendimentos. Mas ninguém tem que ser génio .
O problema que António Costa deve enfrentar é a capacidade de investir bem o dinheiro de Bruxelas e não o derreter em projectos estatais megalómanos. Salvar as empresas viáveis e criar novas empresas inovadoras . Ajudar à concentração empresarial.
Mas o governo tem também a obrigação de encarar os grandes problemas que ficaram sem solução, como a TAP, o Novo Banco, a refinaria de Matozinhos da Galp, os projectos do Hidrogénio e do Lítio. É que alguns destes projectos vão gerar muito desemprego no imediato e o rendimento ( o malfadado lucro) se vier será mais a médio e longo prazo.
E aí sim, haverá gente a lamentar-se por ficar no desemprego, empresas que deixam de produzir, partidos zangados por afinal já não ser preciso modernizar o tecido empresarial . Como já se vê com os trabalhadores da TAP e da Refinaria de Matozinhos . E as populações das regiões onde há lítio que se mobilizam para salvar o ambiente.
António Costa não tem como fugir a essas medidas que zangam trabalhadores, partidos à esquerda, sindicatos e populações.
Tem a obrigação e o direito de governar em tempos difíceis .
As perspectivas agora são sombrias interessa mais recolher o descontentamento em relação a quem governa. E aí está como a esquerda se entendeu quando havia perspectivas económicas animadoras e agora não consegue entender-se.
O que chega a ser chocante é o PS, o BE e o PCP terem conseguido superar as suas diferenças para atingir o poder numa altura em que as perspetivas económicas eram animadoras e não o conseguirem fazer quando o país vive uma emergência histórica.
Fica transparente que o que movia o BE quando da geringonça era uma simples questão de poder, e por isso conviveram com medidas que pelos vistos eram contra a sua consciência. Como também é evidente que agora não alinham com o PS porque sabem que o próximo ciclo vai ser muito complicado e querem capitalizar o descontentamento. Para chumbar o Orçamento, qualquer desculpa serviria.
O principio do fim do ciclo político de Costa diz Marques Mendes. Mas há alguém que queira substituir o primeiro ministro em funções nesta situação ? E não é justo que Costa governe em crise quando tão mal governou com vacas semi-gordas ?
Sem dinheiro e sem reformas concluídas o país navega ao sabor do convid-19. A ansiedade e irritação evidenciadas pelo Primeiro Ministro tem a ver com o dinheiro de Bruxelas que só chegará lá para o meio de 2021 e, sem dinheiro, Costa não sabe governar.
Sem dinheiro é preciso desagradar a muita gente para, por exemplo, resolver as listas de espera da vergonha e a falta de médicos e outro pessoal no SNS. E o BE não se cala, nem sequer os meios previstos no orçamento de 2020 foram ainda satisfeitos.
O PCP e o BE bem sabem que o que ficou por cumprir no orçamento em 2020 ainda menos será cumprido em 2021 e, a Lei Laboral, vai ficar como está para não desagradar aos patrões.
O Presidente da República já por mais de uma vez se referiu à falta de crescimento da economia. Não cresce há 20 anos o que tem empobrecido o país e os portugueses.
É preciso mudar as políticas públicas, quem insiste nas mesmas medidas e espera resultados diferentes é estúpido. Costa anda a reboque do PCP e do BE que só o apoiam se o primeiro ministro continuar a aumentar a despesa pública e a sufocar quem investe e quem trabalha.
Mas agora é preciso que Costa, Catarina Martins e Jerónimo governem em plena crise. É justo testar do que são capazes em 2020/21. O medo é muito.
Costa ameaça com uma crise política se não conseguir o apoio da extrema esquerda. O BE não quer ficar sozinho a apoiar o governo do PS e o PCP sobe a parada para não ter de dançar o tango a três.
Marcelo já disse que não abre uma crise política e agora apertado por uma popular diz para os portugueses votarem noutro governo. Não é ele quem governa, lembrou, e com as presidenciais no horizonte também não quer ficar com parte das culpas.
Querem todos deitar fora a água suja do banho mas nenhum tem coragem de deitar borda fora o menino. Que iria aterrar nos braços do Presidente.
Gerir e governar são duas coisas distintas. Não basta ficar outra vez de mão estendida, esperando ansiosamente que a Europa nos dê os milhões que não somos capazes de produzir para sustentar o nosso Estado Social, as nossas empresas e famílias.
Há uma grande diferença: António Costa ainda não demonstrou, como Churchill, ter uma liderança para lá da mediania – não vimos, desde que em 2015, está a governar, nenhuma ação de efetiva reforma e promoção do desenvolvimento e não vimos, até hoje, uma liderança clara face à pandemia. Estamos a falar de um político muito hábil na gestão do poder, mas a quem falta demonstrar competência elevada no que interessa para o caso – governar.
A substância de um Governo é governar, especialmente, em tempos difíceis. E governar não é, como hoje parece ter-se instalado, gerir perceções nos meios de comunicação. E mesmo aí, como se costuma dizer, pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.
Um grupo alargado de eminentes economistas holandeses arrasa o PM e o ministro das finanças do seu país pela falta de solariedade demonstrada aos países mais fracos do sul da Europa.
"Atualmente não existem soluções holandesas, alemãs, francesas ou espanholas. A cooperação com os outros países é agora literalmente vital. Agora é a hora da solidariedade. Começa com nós mesmos. Governo, pare de bloquear. Assuma a responsabilidade. Pense de forma construtiva, para os outros e para nós próprios."
"... nós temos de escolher os nossos momentos. Os países devem, naturalmente, reformar-se e pôr em ordem as suas contas domésticas. Para o conseguirmos, teremos certamente de nos fazer ouvir no futuro. Mas agora não é o momento para essa discussão. A ameaça comum do vírus requer clemência e ajuda. Podemos e devemos mostrar solidariedade a partir da nossa posição relativamente confortável.
Agora é necessária uma ação europeia convincente. Os primeiros passos já foram dados. A Comissão Europeia encontrou dezenas de biliões dentro do orçamento atual e as necessidades orçamentárias foram aliviadas. O BCE anunciou que vai estimular a economia, entre outras coisas, comprando mais de um bilião de euros em dívidas. As recentes decisões do BCE são particularmente significativas, especialmente o Programa de Compra de Emergência Pandémica. Na margem, o ESM também foi ligeiramente ampliado.
No entanto, a maioria das medidas são de natureza nacional. É impressionante como os Estados membros do norte da UE são capazes de gastar mais dinheiro do que os do sul. A Alemanha anunciou um pacote de ajuda no valor de mais de 350 mil milhões de euros. A própria Itália apresentou um pacote de 25 mil milhões de euros, muito menos e muito mais problemático, devido à situação financeira precária da Itália. Especialmente agora, o apoio pan-europeu aos países mais fracos é crucial. Também eles devem ser capazes de prosseguir uma política de apoio. O coronavírus é um inimigo comum, o que requer políticas comuns.
Começou por apresentar uma proposta de entendimento ao PS onde exigia a nacionalização de várias empresas ( Costa chamou-lhe a atenção que custavam 30 mil milhões de euros, 15% do PIB)para aceitar formar governo com o PS.
Rapidamente, quando percebeu que a votação era tudo menos positiva, baixou as exigências para o que faltava cumprir do acordo da geringonça. O sonho esfumava-se.
Agora temos aí os estadistas bloquistas a chorar lágrimas e ranho. O PS não quer, o PS nunca quis.Os bloquistas estavam prontos a deixar cair o que fosse preciso para irem para o governo convencidos, coitados, que o tal "muro" da governação tinha mesmo caído.Não só não caiu como em seu lugar se construiu outro que vai demorar muitos anos a mover-se.
António Costa, europeísta, olhou para o que se passa com os partidos irmãos do BE.Levar para o governo um partido comunista extremista não lembra a ninguém, mesmo que se diga social democrata.
"Ir buscar o dinheiro onde ele está" é em tudo igual a ir para para as administrações dos bancos. É a melhor forma de os assaltar.
O governo corre o risco de encontrar as salas vazias quando convidar os empresários para reuniões. É que há muito que um orçamento é tão pouco amigável dos empresários . E o presidente da CIP já avisou.
Contrariamente ao que pensa o primeiro ministro (chapa ganha chapa distribuída) a chapa não é ganha é produzida e acerca da produção de riqueza este orçamento não tem nada. É o próprio governo que prevê a redução do crescimento da economia em 2018 e crescimento ainda mais baixo e a divergir com a Zona Euro em 2019.
Mas neste orçamento o que se vê é o aumento da despesa pública a par do aumento da dívida. Continuamos a pedir dinheiro emprestado e continuamos com um encargo dos juros da dívida colossal (7,9 mil milhões) . É tão assim que PCP e BE já andam com a história da carochinha da renegociação da dívida. Primeiro gastam ao desbarato e depois querem convencer os credores a facilitar o pagamento da dívida. Os empréstimos e o seu contrário. Um fartar.
E é claro que os empresários nacionais não tomam decisões de investimento e a captação de investimento estrangeiro não se realiza. Menos produção de riqueza, menos postos de trabalho, menos receitas para o Estado. Menos exportações e mais importações e pior défice externo. Um fartar.
E se a derrama do IRC aumentar de 7% para 9% conforme exigência dos extremistas os empresários podem sempre tornar mais rigoroso o seu planeamento fiscal. Menos receita para o Estado .
Depois de distribuída pela administração pública a pequena almofada conseguida, mas mantendo o "enorme aumento de impostos" sobre os privados, a vida do governo não tem sido fácil e vai tornar-se mais difícil.
Em apenas dois anos a "solução conjunta" é um saco de gatos à procura da melhor forma de lixar os parceiros . Sempre soubemos que era uma questão de tempo, não se pode juntar um PS europeu com um PCP e BE anti-europa.
António Costa e Mário Centeno já deram o que tinham a dar para este peditório. E o PCP e o BE vão continuar a exigir até baterem de frente ou fazerem o país cair no buraco que tão afanosamente estão a abrir.
Foi mau de mais. António Costa e o seu governo revelaram o que têm de pior. E aquelas cenas trágicas vistas por centenas de milhares de portugueses não se esquecem.
Que consequências para o governo e para os partidos que o apoiam ? O PCP já veio afastar-se criticando duramente. O Bloco de Esquerda entrou num silêncio obsceno.
Depois destas tragédias vamos continuar a ver os sindicatos a exigirem mais dinheiro para os seus membros sabendo nós, que o governo anda a cortar verbas nas actividades onde podem morrer pessoas ? É justo que PCP e BE continuem a negociar mordomias para os seus eleitorados enquanto morrem à míngua de meios os mais pobres e isolados ?
Neste ano e meio de governação não há uma única reforma que tenha tocado nos interesses instalados no estado. Pode continuar assim o resto da legislatura ?
Na votação da moção de censura o PCP e o BE vão ter que optar perante esses milhões de portugueses que choram a morte de mais de cem pessoas. A governação tem sido boa ? O país está melhor pese a boa conjuntura que atravessa ? A margem financeira conseguida é para pagar o apoio parlamentar do PCP e do BE ?