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BandaLarga

as autoestradas da informação

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A China aprendeu

Envolveu-se na globalização e com isso tirou milhões da miséria. Mas há ainda muitos milhões de seres humanos na miséria

A China, dirigida pelo Partido Comunista, poderá parecer, neste contexto, uma excepção, mas o seu desenvolvimento, ainda e sempre, no quadro de uma sociedade totalitária em que não existem liberdades individuais, deve-se no essencial, por um lado, à adopção de um modelo de capitalismo de Estado, seguindo e respeitando os mecanismos de mercado (e não a um qualquer modelo comunista de direcção central da economia) e, por outro lado, à sua integração nas cadeias de valor a nível mundial, com um papel determinante na globalização a qual, aliás, fez mais pela retirada de centenas de milhões de chineses da pobreza do que qualquer teoria social marxista-leninista.

A globalização tirou milhões de seres humanos da miséria

Chegou o ponto de inversão em que as vantagens da globalização foram ultrapassadas pelas desvantagens. Há que corrigir segundo a aprendizagem. É assim que funciona a economia com ciclos de crescimento seguidos de períodos de reajustamento, em que os países têm que encontrar equilíbrios económicos e financeiros para estarem preparados para o relançamento.

Quem estiver bem preparado ultrapassa bem as crises, quem não se preparar mergulha em recessões brutais que atingem os menos afortunados. Não é por acaso que Portugal, Espanha, Itália e Grécia são sempre apanhados no olho do furacão. Todos eles assentam o seu modelo de desenvolvimento na elevada despesa pública paga por uma elevada carga fiscal sobre as famílias e as empresas e por uma elevada dívida pública. As suas economias não crescem o suficiente para pagar a dívida e reduzir a carga fiscal.

Nos últimos 25 anos crescemos em média à volta de 1%/ano bem menos que a média de taxas de juro que pagamos . Sem reformar o Estado e sem mudar o modelo económico estaremos sempre a empobrecer.   

"Enquanto que nas economias emergentes, a globalização tirou milhões de seres humanos da fome e da miséria, e foi responsável pela emergência de classes médias, no mundo desenvolvido a globalização trouxe graves problemas económicos que minaram a legitimidade da ordem liberal. Aí assistimos à perda de empregos, ao declínio dos salários e ao aumento das desigualdades, resultado do deslocamento das indústrias dos países desenvolvidos para locais com custos de produção mais baixos, agravadas pela automação e inteligência artificial. "

Graças ao capitalismo e à globalização vamos ter uma crise sem fome

Foi com muita pena que fiquei a saber hoje que o jornal Defesa de Espinho irá suspender actividade durante as próximas semnas. Mais uma vítimia colateral do virus. Na sua penúltima edição, de 13 de Março, ainda a pandemia estava no seu início em Portugal, escrevi este artigo:

Corona e a globalização

Ainda não sabemos como evoluirá o COVID-19. É uma situação nova, o sistema de saúde do país já sofria com falta de capacidade antes, faltando-lhe capacidade em excesso para absorver situações excepcionais e esta pode vir a ser uma situação excepcional de grande magnitude. Por outro lado, escaldados por histerias passadas, muitas pessoas estão, compreensivelmente, a desvalorizar os riscos o que pode vir a agravar a situação. A quantidade de falsas informações que vão passando nas redes sociais também não ajuda. Eu sou crítico do atual modelo de gestão de saúde do país, mas esta é a pior altura para o discutir. Mal ou bem, serão os atuais governantes a gerir esta situação e apenas teremos que torcer para que o façam da melhor forma possível. No final cá estaremos todos (espero eu) para avaliar. Mas só no final.

É, no entanto, uma boa altura para fazer uma reflexão sobre a globalização. Este vírus teve origem na China e espalhou-se pelo resto do Mundo em parte graças à globalização e à circulação livre de pessoas. Apesar dos cuidados, chegou rapidamente a outras partes do Mundo. Será muito fácil por isso culpar a globalização e assumir o discurso nacionalista da necessidade de fechar o país ao estrangeiro. Não faltarão oportunistas a aproveitar esta situação para discursarem contra o capitalismo e a globalização. Nada mais errado.

Em primeiro lugar, a existência de pandemias é algo muito antigo. Embora a transmissão pudesse ser mais lenta sem a atual liberdade de circulação de pessoas, as epidemias no passado raramente conheceram fronteiras. Há 100 anos, sem aviação comercial, sem livre circulação e com fronteiras ainda fechadas devido à primeira guerra mundial, a “gripe espanhola” espalhou-se por todo o Mundo e matou entre 50 e 100 milhões de pessoas. Bem antes disso, a Preste Antonina atingiu todo o Império Romano tendo contribuído para o início do seu descalabro. Quando uma epidemia deste tipo aparece, com ou sem globalização, será sempre muito difícil de travar.

Em segundo lugar, porque foram a globalização e o capitalismo que permitiram que hoje tenhamos o desenvolvimento económico para enfrentar a situação com outras armas. Mesmo nos piores cenários ninguém espera que morram mais de 50 a 100 mil pessoas em todo o Mundo com o COVID-19. Há 100 anos morreram 1000 vezes mais pessoas com a gripe espanhola. O progresso proporcionado pelo capitalismo permitiu-nos garantir acesso a bons cuidados de saúde a uma parte maior da população e acabar com uma boa parte da pobreza extrema onde as epidemias têm efeitos mais perversos. A globalização do acesso a informação permite que hoje mais pessoas saibam o que devem e não devem fazer. Mesmo que muitas optem por ignorar essas informações, pelo menos têm acesso à informação. Também os estados, sabendo o que aconteceu noutros países sabem melhor o que devem fazer. Em Portugal, por exemplo, decidiu-se fechar um conjunto de instituições quando ainda só havia algumas dezenas de casos confirmados e nenhuma morte. Sem saber o que se tinha passado noutros países, e a importância de agir cedo, nunca tais medidas seriam tomadas e hoje as consequências seriam ainda mais graves.

Finalmente, outro fator muito importante: a diversificação do risco em resultado do comércio internacional. Numa sociedade fechada um vírus deste tipo causaria mortes diretas, mas também muitas mortes indiretas. Morreriam pessoas produtivas, campos agrícolas ficariam sem mão de obra, ao abandono, o que faria com que muitas mais morressem de fome e subnutrição. Uma epidemia numa região fechada ao comércio internacional ditaria muito rapidamente uma fome generalizada que poderia causar tantas ou mais fatalidades do que a epidemia em si. Nós hoje podemo-nos dar ao luxo de parar regiões inteiras, fechar todas as unidades produtivas e ainda assim não faltarem produtos essenciais nos supermercados. Hoje podemos ter epidemias sem fome e, tirando casos pontuais, praticamente sem escassez de produtos essenciais. Isto só é possível por termos uma economia globalizada em que o bem-estar de uma região não é sensível a perturbações temporárias na sua capacidade de produção.

Não faltará quem tente culpar a globalização e o capitalismo por mais esta crise. Normalmente, serão as mesmas pessoas que acusam a globalização e o capitalismo de todos os males do Mundo, dando já por adquirido tudo aquilo que beneficiaram destes dois movimentos, e ignorando que esses benefícios estão longe de ser dados adquiridos e podem ser destruídos rapidamente. Esta pandemia já é, e pode ser ainda mais, trágica, mas temos a sorte de enfrentá-la com uma capacidade que nunca tivemos antes. Será certamente muito menos trágica do que seria se não beneficiássemos dos proveitos da globalização e do capitalismo.

Nada do que falta hoje existia antes

Há quem rasgue as vestes contra este tempo que se deixa infectar por um vírus.

É preciso atrevimento para chegar a essa conclusão quando as paredes dos supermercados estão cheias, quando as redes sociais nos permitem saber de todos e falar com todos e ver todos e aconselhar todos, quando há formas de trabalhar em casa, quando há redes sociais e de voluntariado que rapidamente se organizam, quando livros e filmes e jornais e músicas estão ao nosso dispor, quando há comércio online, quando uma descoberta pode imediatamente ser partilhada por todos e todos podem beneficiar dela - isto para não falar dos sistemas de saúde, por mais falíveis e saturados que estejam, mas que asseguram uma resposta impossível no passado, com os vários atores e setores, do hospitalar ao farmacêutico passando pela academia a investigação, do público ao privado, mobilizados para encontrar uma resposta e uma cura.

Estou convencido vou votar em António José Seguro

António Costa não aprendeu nada. O seu programa é , passo a passo, o caminho que trouxe Portugal a esta situação. Não diz como se paga a dívida nem como se pode negociar (é instrumental). Promete o que sabe não poder cumprir. Repor salários e pensões. E tenta lavar os pecados mortais dos governos que precederam o actual. A globalização. O Euro. O que ele não explica é porque há estados que arrumaram a casa a tempo e horas e não viveram nem vivem em crise ."

"Em 1991, o governo negociou o investimento da Autoeuropa, que iniciou a produção em 1995. Este foi o último (!) grande investimento em Portugal, constituindo uma resposta evidente e correcta aos desafios que a liberalização das economias do Leste europeu estava a apresentar a Portugal. O que fizeram os governos seguintes, para fazer face ao dificílimo desafio da globalização, para o qual Portugal estava numa posição especialmente frágil? Resolveram ignorar o problema e espatifar o dinheiro dos contribuintes e dos credores externos em auto-estradas sem tráfego, em estádios de futebol e em rotundas (no caso das autarquias), "investimentos" que jamais poderiam melhorar a nossa competitividade."

Que fique claro, António, à segunda cai quem quer...