Os gestores que desmentem o ministro
E a culpa do Estado que não é amigo do empreendorismo, que é mau pagador, que muda as regras a meio do campeonato e que saca impostos sobre tudo o que mexe ?
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E a culpa do Estado que não é amigo do empreendorismo, que é mau pagador, que muda as regras a meio do campeonato e que saca impostos sobre tudo o que mexe ?
Caíram um a um . O último foi António Mexia. Bastou o estado ficar sem dinheiro . E como se sabe "sem dinheiro não há palhaço ".
A indisciplina financeira do estado explica . Recebe agora para pagar nos anos futuros . No caso da EDP com rendas há muito tidas como excessivas. Paga o contribuinte e a competitividade das empresas suas clientes . Os salários dos "gestores-estrela" são obscenos e é preciso remunerar principescamente os accionistas.
As estrelas da gestão foram caindo em menos de uma década, todas elas ligadas directa ou indirectamente a Ricardo Salgado e a negócios com o Estado. As nossas empresas e bancos de referência foram construídas pelo Estado e os seus gestores caem do pedestal quando o Estado ficou sem dinheiro.
Vítimas da ganância e de se terem convencido que eram de facto gestores geniais quando boa parte do tempo estiveram a trocar dinheiro que entregaram ao Estado no presente por rendas ao longo da sua vida de gestores.
Por causa da declaração de rendimentos ? É poucochinho . Mas à medida que se sabe mais percebe-se que a CAIXA foi arrombada . O banco das PMEs concedeu 3% do crédito total à pequenas e médias empresas. O resto foi direitinho para a PT, Vale de Lobo, assalto ao BCP, Grupo Lena, Efacec ( da Isabel dos Santos com dinheiro da cgd ) e umas quantas mais.
Bruxelas exigiu aprovar o Plano Estratégico para autorizar que a recapitalização se faça segundo os critérios de mercado e, com isso, obrigar a Caixa a conceder crédito às PMEs e a reduzir o crédito às grandes empresas e a reforçar as garantias. Ora, para quem está habituado a mamar na teta da CAIXA isto não pode ser. E moveram-se vontades políticas, empresariais e amizades milionárias.
E o que parecia uma teimosia dos gestores ( inexplicável) não passou de um ataque generalizado da classe política que não aceita perder um grama do poder que tem na gestão da Caixa.
Parece que Paulo Macedo tem paciência de chinês e vai ter que a pôr à prova. Negociando, mantendo-se independente e cuidar da gestão segundo as melhores práticas, enfrentar gente poderosa habituada a usar o nosso dinheiro a seu belo prazer. Com o respaldo de Bruxelas vai ser um osso duro de roer .
Vários governantes pronunciam-se sobre o affair na CAIXA num concerto bem ensaiado . O que não conseguem é explicar porque legislaram explicitamente sobre o assunto tentando remediar a palavra dada.
Os gestores foram na conversa "da palavra dada palavra honrada" não percebendo que estavam a negociar com políticos. O resultado é o que se adivinha. Os gestores de rastos e a saírem muito mal na fotografia e os governantes a sacudirem a responsabilidade . E, é claro, que há a reputação da CGD e a do país .
Os que em Bruxelas estiveram envolvidos na operação ( até se deram ao luxo de mandar uns quantos receber umas lições sobre a banca) devem estar perplexos e a rebolar a rir. Então é assim que se governa um país e o seu principal banco ainda por cima público ? Ou é assim por ser público ?
Já se percebeu que Centeno está em para-quedas com António Costa a deixar que o seu adjunto para os assuntos parlamentares tire o tapete ao ministro das finanças. Por sua vez Marcelo já falou sobre o assunto " tudo explicadinho" e da parte do governo crescem as vozes a apoiar o "amigo" Marcelo.
Estamos na fase de salvar a pele, questão em que António Costa é exímio mas, desta vez, vai deixar um rasto de vítimas no seu próprio campo.
O impasse em que estamos não é culpa nem de António Domingues, nem da equipa que ele escolheu: é responsabilidade de quem aceitou as suas condições sabendo que, para as aceitar, teria de mudar a lei e as regras do jogo. E quem as aceitou tem nome: Mário Centeno (eventualmente logo em Março, como se noticiava esta segunda-feira) e António Costa (pelo menos desde Junho, de acordo com uma notícia deste sábado)
Uma vez nos idos de setenta li um cartaz levantado por um trabalhador que dizia " Dá-me o teu aumento que eu dou-te o meu ordenado". Ficou gravado.
No entanto não havia as disparidades que hoje encontramos nas grandes empresas. Creio que o salário deve reflectir o valor do trabalho produzido por cada trabalhador mas é por isso mesmo que me questiono sobre os valores que podemos encontrar na lista seguinte. Qual é o limite ? Veja aqui:
A TAP e o aeroporto eram propriedade do governo . O terreno onde estão instalados eram da Câmara Municipal de Lisboa ( apesar de haver um contencioso que vinha desde a implantação do aeroporto naquele local). Para vender a ANA e a seguir a TAP era preciso desbloquear esta questão. O governo, accionista único das empresas públicas referidas, resolveu comprar o terreno supostamente propriedade da Câmara de Lisboa.
E assim se faz um gestor financeiro.
Não sabia, não tinha memória e porque sim. Esta é a resposta de um pretenso gestor genial que ganhou prémios de melhor CEO da Europa ( comprados como agora é evidente). Depois disto que não é mais que a continuação da narrativa em muitos outros casos, o que esperam os empregados e pequenos accionistas para meter estes portentos da gestão na prisão ?
Iam almoçar a um restaurante de luxo porque lá era mais fácil estacionar. Mentira? É o arguemnto apresentado em tribunal pelos acusados.
Que razões podem invocar os antigos administradores da empresa de bairros sociais Gebalis, que começam hoje a ser julgados em tribunal, para em ano e meio terem gasto cerca de 200 mil euros em refeições em restaurantes de luxo, estadias no estrangeiro e outras despesas sumptuárias?
Nenhuma, obviamente, a não ser que não prestam contas a ninguém. Que foi o caso. Estes esmeraram-se tanto que deu nas vistas do Tribunal de Contas e acabaram em tribunal.