Nos congressos do MPLA desfilava uma procissão de políticos portugueses a tecer loas ao cônsul. Mesmo sendo membro da Internacional Socialista e parceiro do PS, o partido do poder procurava aliados em quase todos os quadrantes. Em 2016, de 17 a 20 de agosto, em mais um congresso de consagração de Dos Santos (e no período em que o nosso atual ministro já cuidava do “melhor relacionamento possível” com o “mais alto dos patamares”), o PS fez-se representar pela secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, e pelo presidente, Carlos César, que enfaticamente brindou os anfitriões com um “o MPLA e o PS têm trilhado um caminho comum, um continuado diálogo político e uma colaboração concreta em áreas de interesse mútuo, incluindo no âmbito da nossa família política no seio da Internacional Socialista. Estou convencido que esse caminho de proximidade será cada vez mais produtivo e a nossa presença neste congresso e a nossa saudação neste congresso é justamente para aqui testemunhar a garantia desse caminho novo de proximidade, de afetividade, de colaboração e de luta comum”.
Eu gosto do Prof Louçã. Não concordo com ele em muitas coisas mas reconheço-lhe inteligência, coerência e conhecimento. Mas com a aproximação ao poder o Professor está a perder qualidades.
A gestão privada de um hospital público baseia-se num orçamento negociado entre o estado e a entidade privada, objectivos a concretizar mensuráveis e no exercício da exploração com aplicação das regras e Leis aplicáveis nas organizações privadas.
É preciso fazer uma compra de elevado montante de medicamentos ? Os privados negoceiam com os dois ou três fornecedores que lhes asseguram qualidade e prazos de entrega e escolhem o melhor preço. No público faz-se um concurso público e ganha quem cumpre as regras do concurso o que nem de perto nem de longe assegura o melhor preço/qualidade.
A gestão privada tem uma flexibilidade que a gestão pública não tem. Se a mesma equipa de gestão trabalhar num ambiente privado consegue melhores resultados que num ambiente público. Só quem está preso em ideologias é que não reconhece o que é evidente.
Quando Louçã fala em milhões de euros que são entregues aos privados está a empurrar-nos para uma mentirinha. Os milhões são para aplicar no pagamento dos custos do exercício, não são para remunerar a gestão.
É por estas razões que as universidades há muito que exigem autonomia na gestão, aplicação dos princípios administrativos da gestão privada e responsabilidade para responder perante os resultados segundo os objectivos negociados.
O Prof Louçã que estudou estes assuntos na mesma universidade em que eu estudei e onde é professor ( eu só fui aluno) sabe bem que é assim. Outra coisa bem diferente é o Estado onde o prof vê todas as qualidades e méritos para gerir os nossos impostos se comporta como um facínora e oferece contratos aos privados que são autênticos roubos ( energia, comunicações, água, pontes sobre o Rio Tejo, transportes...)
São más as PPPs ? A responsabilidade é da gestão pública que aceita os respectivos termos .
Pertenço à clientela a quem lhe venderam um “produto” da banha da cobra que chamam de excelência, com pagamento mensal de entrega de mais de 50% dos seus rendimentos em impostos, mas recebe um serviço de porcaria onde tem direito a uma saúde que não presta, uma educação miserável , uma segurança inexistente, uns transportes ineficientes. Que recebe aumentos de pensões, salários, redução de IRS de uns míseros euros para depois deixar centenas deles no supermercado, na gasolineira, renda, gás, luz e água porque o ROUBAM com impostos indirectos em 3 orçamentos de Estado consecutivos.
Pertenço à clientela que ganha legionella numa consulta de rotina, morre queimada numa estrada a fugir do fogo , vive inundada sempre que chove, que é obrigada a pagar IMI de cinzas, come carne crua com E.Coli na escola e vai desta para melhor sem entrar nas estatísticas por ser vítima indirecta. Sou aquela junto de quem se congratulam que dão “topos de gama” mas em concreto não passam de “carroças sem bois”. Que deixa o pêlo e o pelaço do seu suor para lhes alimentar a gula e recebe migalhas para se poder sustentar. Que tem de trabalhar cada vez até mais tarde para que possam ao fim de 15 anitos reformarem-se à nossa conta.
Sou aquela que para pôr comida e pão na mesa tem de trabalhar arduamente porque não lhe cai do céu como no Parlamento. Sou cliente desgraçado que tem 1 “contrato” ruinoso tipo SIRESP com o Estado incompetente, mas não o pode rescindir porque é vitalício. Sou aquela que deixou de ser cliente há muito para ser mero sobrevivente
Sou da clientela que os sustenta enquanto gastam à fartazana, riem da nossa cara, mentem à descarada, porque sabem que uma vez dentro do Parlamento, SÓ o partido os pode tirar dali.
NÃO SOU da clientela que não faz voto de pesar por ver partir um grande empreendedor e empregador no país mas que tem uma overdose de tristeza quando morre ditadores assassinos que condenaram seu povo à fome e miséria. .
NÃO SOU da clientela que não admite riqueza nos outros mas esconde o elevado património do partido, recusa-se a pagar IMI e IVA e muito menos o imposto Mortágua.
NÃO SOU da clientela que passa a vida a defender o sector público mas transporta-se em Porsches e Maseratis, quando tem tonturas vai para o hospital da Cuf, e pôe filhos a estudar no privado. Que come com luxo na cantina do Parlamento pelo preço de uma diária. Que se auto-aumenta 10% todos os anos e repos as subvenções vitalícias. Que nunca moveu uma palha na vida mas vive como um lorde, sem mérito, à conta dos nossos impostos cada vez mais altos. Que emprega toda a família no Estado, faz adjudicações directas aos amigos, dá tachos no Banco Portugal e outros tantos organismos públicos sem concurso
Com o comportamento da economia que temos a dívida não é pagável diz Francisco Louçã. Tal qual Schauble o ministro das finanças da Alemanha.
"não há nenhuma economia europeia, nem a grega, que tenha um pagamento de juros tão importante na escala do seu produto" como a portuguesa e que, para chegar a uma dívida de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) como obrigam os tratados, teria de ter todos os anos um 'superavit' primário (excedente das receitas dos impostos sobre as despesas do Estado) a um nível que nem a Alemanha conseguiu manter, no espaço de 15 anos.
"Nenhuma empresa aceita um juro acima daquilo que consegue produzir", ilustrou o catedrático de economia e membro do Conselho Consultivo do Banco de Portugal na palestra em Águeda, um concelho fortemente industrializado, defendendo que os juros devem ser adequados ao crescimento da economia.
"Se o juro da dívida não fosse de 3,5% ou 4%, mas sim de 1%, o que o Banco Central Europeu pode aceitar sem qualquer dificuldade, Portugal reduziria a dívida em cerca de 40% do seu produto [interno bruto]", concretizou.
É Francisco Louçã quem o diz. A palavra dada tem que ser honrada e mostra que sim, que tem. António Costa é que anda um bocado, para não dizer muito, baralhado.
"O gráfico ao lado, sempre com as contas do próprio PS, apresenta os efeitos de duas medidas, comparando os valores: o que a segurança social deixa de receber porque é reduzida a TSU paga pelos patrões (2550 milhões) e o que a segurança social deixa de pagar com o congelamento das pensões (1660 milhões).
As pensões são “sagradas”. Mas o PS anuncia-nos que as vai reduzir em 1660 milhões de euros durante o mandato, ou seja, tirar um mês a cada um destes pensionistas. E que entrega aos patrões 2550 milhões de euros da segurança social.
Corresponde a uma perda na receita de 1 600 milhões para a Segurança Social muito acima do que diz o governo e o PS. Um cenário inviável .
Com os salários que são pagos actualmente, e que são baixos, seria necessária a entrada de 500 mil trabalhadores em emprego novo, ou seja quase o desaparecimento do desemprego oficial” para, com as contribuições destes, compensar essa perda de receita, afirmou Francisco Louçã.
Ora quer o governo quer o PS nem de perto nem de longe prevêem a criação de 500 mil postos de trabalho em emprego novo.
A CGTP também já regiu : Para o sindicalista, a descida das contribuições que os trabalhadores e as empresas fazem para a Segurança Social é motivo “de grande preocupação porque pode pôr em causa a sustentabilidade da Segurança Social. “Esta medida não pode avançar porque levaria à redução dos direitos dos trabalhadores que têm contribuído para a Segurança Social e à redução do valor das prestações sociais para um nível assistencialista”.
João Ferreira do Amaral e Francisco Louçã juntam forças para defender a saída de Portugal do Euro. Basicamente, o que defendem é que "tudo é preferível a vinte anos de protectorado". Quer dizer, estamos novamente na área dos nacionalismos tão apreciados na extrema esquerda e na extrema direita. Não dizem como se sai do Euro nem como ficaria o país no dia seguinte. Vagamente, dizem que o país ficaria mais pobre entre 30 e 40% mas percebe-se que a contrapartida era pôr as rotativas do Banco de Portugal a emitir dinheiro. Escudo novo.
Também não dão explicação nenhuma para o facto de na UE ninguém falar da saída do euro o que prova uma resiliência inesperada ( entrou mais um país : a Estónia). Lá vem também a famosa renegociação da dívida, sem dizer como se faz, mas neste assunto acho que depois da proposta de Louçã ( que ninguém levou a sério) a coisa seja para esquecer. E, assim, temos Jerónimo, Ferreira do Amaral e Louçã a apresentar um desejo eminentemente político, tal como os anglo-saxónicos atlantistas que sempre tiveram como objectivo derrubar a moeda única europeia.
Assim se nega o mundo em que vivemos e se ignora que, em Portugal, foi raríssimo haver equilíbrio orçamental e externo nos regimes liberais; só em ditadura e a que preço. A não ser que seja disto que os proponentes da saída do euro estão a falar sem o saber ou, pior, sabendo-o muito bem. A saída do euro colocar-nos-ia de novo a quilómetros da Europa! É isso que queremos?
Um dia argumentei com o Prof Ferreira do Amaral que Portugal tinha estado 900 anos fora do Euro e que o resultado foi a miséria, a emigração e a ditadura. Ficamos assim...
Francisco Louçã é um economista brilhante com vários livros publicados nos países saxónicos. E é um político muito acima da média pese embora a ideologia que professa nada ter a ver com a minha. Mas isso não me impede de o admirar.
Juntamente com mais dois académicos, Louçã, ao fim de três anos de austeridade pretendeu apresentar uma alternativa . O que congeminou está aí em livro. Mas o que me deixa completamente surpreendido é que a alternativa proposta não mereceu mais que duas ou três menções públicas. Mesmo os seus camaradas de partido não a discutem, não a defendem. Desapareceu, se é que alguma vez apareceu, no espaço público. Sem merecimento suficiente para ser apresentada como alternativa credível.
Já depois da publicação do livro, apareceu António Costa na sua candidatura a secretário geral do PS. Costa ficou-se pelo crescimento da economia como solução única, mas que tem a aparente debilidade de ser defendida por todos. E não consta que tenha bebido da proposta de Louçã.
É que fazer crescer a economia como solução não é o ponto. O ponto é dizer como é que, nas presentes circunstancias, se faz crescer. E isso nem Louçã nem Costa dizem como.
Em quarenta anos só o BE rompeu o monopólio do PCP à esquerda do PS. E foi Francisco Louçã quem o fez. Depois de muitas derrotas. Os que agora o criticam são os que se acolheram no BE. Depois aconteceu o que sempre acontece com esta gente. Prepotentes, são incapazes de viver com a opinião dos outros. Em certo momento julgam que valem alguma coisa aos olhos dos eleitores. E, vá de destruir. Com sede de protagonismo, com uma vaidade que os impede de partilhar responsabilidades por muito tempo. E com o insucesso no horizonte. Não perdoam a Louçã ter deixado um vazio que não conseguem prencher. Bicéfalos, sem estratégia e sem orientação mostram que valem pouco mais que nada.
Sempre foi assim. Quem lhes dá a mão mais tarde ou mais cedo prova o sabor da deslealdade e da ingratidão. Tão certo como ficarem todos sem emprego.
O PS está mergulhado numa guerra ao estilo da "Aldeia Gaulesa". Não consegue viver longe do poder . Mário Soares comanda a facção mais radical com a facção Sócrates por perto. António Costa anda a ver se passa entre os pingos da chuva e Seguro vai mostrando que, no essencial, está de acordo com as políticas do governo.
No BE, há um total vazio desde a saída do Francisco Louçã. O Bloco corre o risco de se tornar irrelevante politicamente. À politica e às soluções diz nada.
Semedo, Catarina e aquele rapaz que consegue repetir o mesmo em todas as ocasiões e face a todos os problemas vão passando a ideia que o Bloco não faz falta. E isso é a morte do artista.
Com Francisco e outros que por ali andaram havia inteligência, capacidade argumentativa e um esboço de um programa. Tudo se perdeu embora não fosse muito. Para não ser capaz de abrir à esquerda uma alternativa já cá tínhamos outra "aldeia Gaulesa", o PC. Mas este está como há cincoenta anos .Cunhal tinha razão! Nada do que aconteceu no mundo comunista da miséria de Cuba à prisão colectiva na Coreia, passando pela implosão da ex - URSS conta. Mas olhem bem para a crise do capitalismo!