A terceira maior reforma global europeia está a caminho - as forças armadas europeias. Portugal participa na preparação e organização mas PCP e BE estão contra como seria de esperar.
E como também estão contra a NATO ficamos sozinhos ou acompanhamos a China ou a Rússia.
É mais uma profunda divergência entre os partidos que compõem a geringonça e que não se vê como pode a habilidade de Costa anular.
Para uns, é a maior reforma europeia desde a criação do mercado único e da moeda única. Para outros, é uma antecâmara para um exército europeu. Consensual é que não é. Nem na direita, nem na esquerda
O PCP diz que se trata de transferir uma parte da independência do país para a esfera europeia e o BE diz que prefere que o dinheiro seja gasto na floresta. Ambos esquecem que Portugal fora ficará também fora do desenvolvimento e investigação quer na área civil quer na militar.
Os partidos da extrema esquerda que o PS levou para o governo estarão sempre contra a União Europeia e a Zona Euro e o PS vai ter que desatar o nó. Mais tarde ou mais cedo.
Não sei porque lhe chamam nova sendo tão velha . Consiste em retirar o país da NATO e do envolvimento com o imperialismo dos Estados Unidos. E como quem não quer a coisa lá vai dizendo que também é preciso afastar o país da União Europeia.
Edgar Silva preconizou que Portugal se assuma como parte ativa num processo de desarmamento e de reforço dos mecanismos internacionais de segurança coletiva, no sentido da "dissolução da NATO e do impedimento da criação de novos blocos político-militares, rejeitando o aprisionamento do país pelas políticas envolventes das grandes potências na NATO e da União Europeia".
O candidato do PCP é para isto que serve. Retomar as velhas doutrinas que têm como objectivo enfraquecer o Ocidente e a Democracia
Este estado chegou a uma situação de inconsciência, de falta de reconhecimento das suas funções, de arrogância que chega a meter medo. O General Valença Pinto, hoje no Expresso, em entrevista em que deixa vários avisos, a certa altura pergunta. "É possível que o orçamento do Ministério da Defesa seja maior que o da Força Aérea ? " E, é o mesmo Ministério, absurdamente supérfluo e gordo que anda a cortar a eito nas forças armadas, nos operacionais.
É, claro, que há coisas incompreensíveis e esta é uma delas. Como também é incompreensível que só após quarenta anos é que os três hospitais militares sejam reunidos num só. Como também é incompreensível que as compras das Forças Armadas sejam sempre uma mar de suspeitas de corrupção. Como também é incompreensível que os colégios das Forças Armadas não se reúnam num só. Mas quem é que está disposto a mudar o quer que seja quando os políticos não dão exemplo nenhum que se siga?
O orçamento do ministério da defesa é um monstro, como monstros são o da Educação, da Saúde, da Agricultura e Pescas e tantos outros. Este dinheiro assim desperdiçado devia ser entregue às escolas, aos hospitais, aos agricultores... Mas há quem defenda isto. Chamam-lhe "serviço público" !
Os Chefes dos Estados - Maiores dos três ramos das Forças Armadas assumiram, em comunicado, a lealdade, disciplina e a coesão no quadro da Democracia e do estado de Direito.
A nota assinala que os quatro chefes militares, "de forma responsável e solidária, continuarão a pugnar para que as Forças Armadas mantenham a serenidade, a coesão e a disciplina, condições essenciais ao seu funcionamento".
O comunicado reforça que os chefes militares "têm desenvolvido e apresentado, no quadro das orientações políticas emanadas, os trabalhos para a transformação coerente das Forças Armadas, preservando os valores e os princípios incontornáveis da organização militar, designadamente no quadro do Ciclo de Planeamento Estratégico de Defesa Nacional, em curso".
O CCEM reitera a confiança nos militares e na "sua atitude de dedicação e rigor no cumprimento, com qualidade e segurança, das missões atribuídas às Forças Armadas".
Aí está um bom exemplo que só foi conseguido 37 anos após o fim da guerra colonial. E que se saiba nenhuma destas associações de militares, agora tão preocupadas com a reestruturaçao em curso, alguma vez se tenha lembrado de tão evidente desperdício. E há mais um hospital militar no Porto. Calcule-se a perda de qualidade e o desperdício de pessoal e equipamentos nestes hospitais a mais. Terá custado quanto ao estado este desperdício?
O ministro em entrevista veio dizer que serão reduzidos de 38 000 militares para 30 000 e que a relação entre os 80% que custa o pessoal e os 20% para o equipamento, também se vão ajustar a umas forças armadas mais flexíveis.
Mas como é de bom tom aí estão as associações a protestar.
Portugal não tem inimigos naturais e beneficia de uma situação geográfica de só poder ser atacado pela Espanha. Napoleão comprou o rei de Espanha para poder passar com os seus exércitos e invadir Portugal. Não quero dizer com isto que as Forças Armadas não devam estar dignamente equipadas mas percebo mal que se gaste mais dinheiro que a média europeia. A despesa em Defesa em 2010 representava 1,7% do PIB acima da média europeia de 1,4%. O peso com os salários rondava os 0,8% do PIB enquanto a média da Zona Euro é 0,7%. Também em equipamento ( fornecimentos intermédios) gastou-se 0,7% do PIB contra 0,5% da média euro.
Claro que já tivemos demonstrações de rua de oficiais, sargentos e praças contra os cortes anunciados e já estão marcadas outros protestos.
Mas, como diz o Ministro " não há orçamentos ilimitados". Todos os sectores têm que contribuir para um estado mais reduzido e menos gastador.