Mais um morto e quatro feridos a lamentar por inexperiência do Comando Nacional. Ouviram o pedido desesperado de socorro mas a ajuda só chegou 20 minutos depois. Agora vamos ter um rigoroso inquérito como habitualmente que acabará em nada.
Foi às 19h19 que a equipa “começou a pedir socorro. Comunicações pouco percetíveis, mas em que se entendia o desespero”, adianta o oficial dos Bombeiros da Lousã.
O fogo de Monchique afectou os grandes tipos de floresta e mato na proporção quase exacta em que estavam presentes, não tendo “preferido” (nem “evitado”) nenhum deles, fossem eucaliptais ou sobreirais .
Lá se vai a teoria dos que odeiam a indústria da celulose.
Todos revelaram igual propensão para arder. Verificou-se o mesmo para tipos de ocupação do solo com menor extensão, como as áreas agrícolas e as de outros tipos de floresta, ou seja, a propagação do fogo foi essencialmente indiferente ao tipo de vegetação que encontrou pela frente.
António Costa optou por uma táctica de disseminação de responsabilidades — como bem notou António Barreto no Diário de Notícias. Num primeiro momento, cedeu ao PSD a criação de uma equipa de peritos no âmbito do Parlamento e disparou perguntas e inquéritos, para, depois, impor a "lei da rolha" aos bombeiros. E, desde o início, desvalorizou o papel de esclarecimento público do Estado e a responsabilidade política do Governo.
Mas, perante a pressão da comunicação social, Costa despistou-se. Levado pelo seu excesso de auto-suficiência, começou a precipitar-se nas respostas, como na declaração de que estava tudo esclarecido sobre os mortos de Pedrógão. E colocou-se no "olho do furacão". Nada indica estar em causa a solidez da maioria que apoia o Governo, mas pode até acontecer que o Governo arda este Verão. Se isso acontecer, dever-se-á apenas à incapacidade do primeiro-ministro de evitar tropeçar no novelo que criou.
A frase dita por alguém que estava no terreno diz tudo. E lembra-nos que dois meses antes da estação dos fogos o governo mudou os boys na direcção e coordenação . Há culpados.
António Costa, tem um pesadelo às costas chamado SIRESP e agora tem outro chanado Alijó. É que no incêndio de Alijó não foram eucaliptos que arderam, foram árvores frondosas, valiosas com dezenas de anos. À sua sombra medrava um tapete verde de musgo e cogumelos ( António Carvalho - Público).
Não vai ser simples o primeiro ministro e os seus ministros alijar a responsabilidade como estão a fazer com Pedrógão.
Hoje não há dúvidas de que era possível ter-se feito muito mais, muito melhor. Até Marcelo já admitiu, em declarações à SIC, que o Estado falhou. As fragilidades ficaram à vista.
Costa, que sabe o que fez quando era Ministro da Administração Interna, também sabe que a melhor defesa é o ataque: “Numa zona de grande densidade florestal, onde há elevado risco de incêndio, o sistema de comunicações de uma determinada companhia, que não vou dizer o nome para não me criticarem, assentar em cabos aéreos, e nessa rede circular não só a comunicação normal como a de emergência, expõe obviamente essa rede a uma fragilidade inadmissível”, disse. Não há como discordar. Infelizmente, esta evidência não ocorreu ao ministro que em 2006 adjudicou uma rede de comunicações de emergência a um consórcio que era servido por esta “companhia” que em zonas de “grande densidade florestal” estava dependente de “cabos aéreos”...
A narrativa aproxima-se cada vez mais da "narrativa socrática". O país foi à bancarrota mas a culpa foi de quem não aprovou o PEC IV.
Com dois orçamentos da sua lavra o actual governo não pode fazer de conta que as consequências - boas e más - não são da sua responsabilidade.
Os desastres dos fogos e o gravíssimo roubo de material de guerra são consequência das políticas orçamentais. Bem como a classificação das agências de rating . Continuaremos no "lixo" enquanto não descermos a dívida e não limparmos a banca do "mal parado "
"Como tem feito em relatórios anteriores, a Fitch sublinha que dívida pública é muito elevada (130,4% do PIB em 2016) e superior à média na Zona Euro (90%), referindo ainda que, embora sendo "baixo", tem de assumir como "não negligenciável" o risco de o país impor controlos de capitais, numa referência à possibilidade de uma renovada crise que ponha em dúvida a permanência de Portugal no euro. "
A devolução de rendimentos podia ter sido feita de forma faseada mas a opção política foi acelerá-la e para isso foi preciso compensá-la cortando no investimento. As consequências estão em Pedrógão Grande e em Tancos e na fuga de informação dos exames na Educação.
Como o crescimento dos impostos não compensa o aumento da despesa, a dívida não para de crescer e o investimento bateu no fundo.
Quem tem culpa dos incêndios ? Os bombeiros e a Proteção Civil. Quem tem culpa do roubo das armas ? ( em Tancos e na PSP). As chefias militares.
Mas as chefias militares já vieram hoje insurgir-se contra a classe política que, essa sim, tomou a opção política de agradar à sua clientela eleitoral em detrimento da manutenção das infraestruturas. O que pode correr mal corre mesmo mal ( Lei de Murphy) e as consequências estão à vista.
Aumentar entre 6 e 10 euros os pensionistas não tira ninguém das dificuldades financeiras mas o seu montante total chega aos 200 milhões mais que o suficiente para fazer a manutenção do SIRESP, dos aviões e instalar a vídeo vigilância . E encurtar a lista de espera dos doentes para cirurgia .
Este governo já fez aprovar dois orçamentos e está a preparar o terceiro não pode sacudir a água do capote. Fez uma opção política para o bem e para o mal
Quando muitos apontavam o perigo nos cortes no investimento para acomodar os défices era destas consequências de que tinham medo. E a longo prazo o prejuízo ainda será maior no crescimento do PIB e na criação de emprego.( não tão trágico)
Costa precisa de ganhar tempo e para isso empurra com a barriga o inquérito para lá das autárquicas. A ideia é evitar ter que assumir que foi a sua criação nos anos em que foi ministro da Administração Interna a principal responsável pelo sucedido .
Mas com o verão que está ainda no inicio a ansiedade é muita e com cada fogo que lavre a confiança das populações terá um abalo . Até lá o primeiro ministro vai manter a ministra para não haver um vazio do poder e não deixar Costa na primeira linha do combate político.
Costa evitou situações que o expusesssem a eventuais vaias - apenas foi ao enterro de uma das 64 vítimas do fogo e não apareceu ao lado de Marcelo no concerto da MEO Arena.
No PS há a percepção nítida que a confiança das pessoas ficou abalada e o recente rouba de armas em Tancos não está a ajudar nada à recuperação da confiança.
O governo não pode arriscar nova tragédia, a intenção é baixar o tom e o assunto ser engolido por outras narrativas.
Sempre haverá fogos. Poderá é haver menos e menos intensos. Tudo o que está para além do razoável depende da nossa capacidade de equacionar o problema. (...) a tal produtividade primária, que sustentava a pastorícia e agricultura fornecendo mato como matéria-prima, passou a ser um problema da florestação que considera o mato como resíduo.
Ao transformar uma fonte de riqueza num custo de exploração criámos as condições para a sua acumulação, ou seja, regámos Portugal com combustíveis, esperando que nunca nenhuma ignição viesse a iniciar um fogo.
Do que precisamos é escolher o que arde, quando arde e como arde, porque teremos sempre de conviver com o fogo.
E se uma parte destas escolhas resultam em políticas públicas, outra parte, a maior, resulta das opções de consumo, em especial alimentar, que fazemos todos os dias.
Enquanto nos concelhos mais fustigados pelo fogo não vir as ementas das escolas, dos lares, dos quartéis de bombeiros, dos restaurantes, dos hospitais, a contribuir para sustentar as fileiras económicas que têm capacidade de gerir os combustíveis, não posso deixar de lamentar as perdas, em especial de vidas, que resultam dos fogos, mas continuarei a dizer que essas perdas são da minha e da tua responsabilidade, de mais ninguém.
Fazem parte de uma conta de exploração. São uma componente essencial de um negócio. São plantadas com acessos fáceis e limpas periodicamente. Objecto de vigilância permanente. E se houver fogo é atacado nos momentos iniciais quando a velocidade das chamas é ainda pequena.
A floresta nacional e o respectivo cluster são uma das principais exportações nacionais. Aqui também raramente há fogo.
Mas na floresta de pequena dimensão, com parcelas encostadas umas às outras mas de propriedade diversa, em que os custos são contínuos mas as receitas se convertem só ao fim de dez anos no mínimo, o fogo encontra as condições ideias para matar àrvores, animais e homens.
No outro dia um proprietário lamentava-se que lhe tinham roubado dezenas de pinheiros. Ora cortar dezenas de pinheiros, rechegar e transportá-los exige a utilização de equipamento pesado. Que faz muito barulho. Que ninguem ouviu. Quer dizer que não só o proprietário não visitava sequer aquilo que era seu como não tinha ninguém a vigiar. Ora o fogo é muito mais silencioso.
Sem parcerias de propriedade tornando a floresta lucrativa nunca haverá limpeza e muito menos vigilância. E continuará a arder ano após ano!