O PS e o governo do PS vão empurrando com a barriga a exigência do PCP e do BE para reverterem as leis do trabalho . A CGTP ameaça . Vai ser um dos nós górdio da relação entre estes partidos à esquerda . E, claro, podem contar com a oposição determinada dos empresários.
Mas há uma razão para as empresas contratarem a prazo. Para além das eventuais necessidades ligadas a uma maior produção num tempo certo, as empresas recorrem a este mecanismo porque precisam de trabalhadores novos e não conseguem, de forma eficiente, que estes substituam trabalhadores mais antigos eventualmente menos produtivos.
A resposta da esquerda é introduzir ainda mais rigidez nas relações laborais (revertendo as medidas do tempo da troika), achando que assim estão a defender os trabalhadores. Estarão, é verdade, mas estarão a defender sobretudo os maus trabalhadores e os que já têm emprego, numa visão paternalista. Criando, assim, uma barreira quase intransponível para a tal "geração mais qualificada de sempre" e para aqueles que tiveram a infelicidade de cair no desemprego e dele não conseguirão sair. Os lugares estão ocupados, e bem guardados.
E são estes mesmos que impedem " a geração mais qualificada de sempre" de ter trabalho que choram lágrimas de crocodilo com a sua saída para o estrangeiro.
A CGTP, PCP e BE querem reverter as leis da flexibilização do trabalho que a OCDE tem como as responsáveis pela melhoria no emprego que se verifica nos últimos meses. Novamente patrões e direita de um lado e governo apertado na concertação social . Os apoios parlamentares do governo querem levar a decisão para a Assembleia da República onde mais facilmente podem ter maioria.
Há até a ideia que na questão da TSU ajudou muito um acordo prévio e visto como acordo escondido entre governo e patrões nesta matéria das leis laborais. À esquerda há perguntas insistentes ao governo sobre o possível acordo escondido o que denota angústia . A parada é cada vez mais alta. O governo para avançar como diz a extrema esquerda vai confrontar as Associações patronais ?
Esta mudança corresponde à reversão das reformas laborais introduzidas durante o período da troika e que foram elogiadas pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) numa avaliação encomendada pelo anterior Executivo, mas conhecidas apenas no início deste ano. Depois de concluir que estas reformas estruturais foram no caminho certo, com resultados visíveis na queda do desemprego, a OCDE defende que Portugal deve ir mais longe na mesma direção. E é este rumo que os comunistas querem inverter, mas o Governo não se quer para já comprometer.
Mas PCP e BE estão com pressa em ir em sentido contrário . Adivinham-se tempos dificeis.
Algum investimento público deixa de contar para o défice. Esta boa notícia deve-se à pressão dos partidos pró-crescimento e menos austeridade ou já é consequência dos bons resultados da fase de austeridade?
Dizem os socialistas : “em caso de recessão económica muito severa, não será exigido qualquer ajustamento”, pelo que este pode ser um sinal de uma Europa mais virada para o crescimento e menos centrada na austeridade.
Dizem os social democratas : Vai ser possível fazer reformas de forma mais suave, com efeitos menos drásticos”, explica o eurodeputado, sublinhando que a ideia da Comissão é apoiar os Estados para que estes levem a cabo “investimentos e reformas a pensar no crescimento”.
Bruxelas flexibiliza austeridade aceitando que algum investimento público não seja contabilizado para apuramento do défice. António Costa já tinha avançado com esta ideia. É desta que os motores da economia aceleram ?
O CES também já tinha proposto ao governo a flexibilização do déficite. Depois de dois anos muito dificeis começa a ver-se mais claro e a haver consensos. Estes consensos teriam sido possíveis mais cedo? Ou o "partir pedra" é que abriu caminho para chegarmos lá ?
"Propusemos isso no nosso parecer, é uma das nossas propostas. Já o tínhamos feito aquando do Orçamento do Estado (OE) 2013. Entendemos que seria um meio adequado de negociação com a 'troika' facilitar as amortizações [dos juros do empréstimo a Portugal] ", disse Silva Peneda aos jornalistas à margem da conferência 'Consensus e Reforma Institucional', a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
A flexibilização das metas e das condições do ajustamento estão na ordem do dia. O governo vai ultrapassar o grande problema do corte nas pensões acordando novo déficite para 2014. Claro que a oposição já percebeu que o "bloqueamento" do governo que tanto desejam não é para agora. Por isso dizem que a medida é um fracasso evitando assim reconhecer que é resultado da flexibilização .
Seguro, pelo contrário, está mais atento e percebe que o alívio deve ser para beneficiar o ajustamento e não para esconder falhas. Estou de acordo. A flexibilização deve servir para aliviar a pressão sobre os pensionistas. Creio que é o que vai acontecer.
Face ao comportamento da economia que é pior que o esperado, a Troika e o governo decidiram aliviar prazos para o déficite e para a reforma do Estado.
Também está a contribuir para estas negociações os resultados já conseguidos no controlo do déficite estrutural, das contas externase nas taxas de juro. Este acordo vai acelerar o lançamento da emissão a dez anos que se prepara para as próximas semanas, a exemplo do que já aconteceu ontem com a Irlanda, com enormesucesso. A sétima avaliação da troika ao programa de ajustamento português resultou na concessão de mais tempo para o Governo concretizar o seu plano de corte das despesas de 4000 milhões de euros.