Tal como V. lembra foram os sucessivos governos que quase extinguiram a ferrovia e, consequentemente, os comboios. As empresas que tinham como mercado a ferrovia extinguiram-se ou mudaram de mercado . O tal foco empresarial.
Só o Estado pode reabrir o mercado apostando nos comboios agora que descobriu que os outros países (benza-os Deus, tão pouco sabem) nunca deixaram de apostar na ferrovia. Como forma de incentivar o transporte colectivo, mais barato, mais rápido, mais seguro e mais ecológico.
Diz V. que nos USA foi o estado que desenvolveu a NASA. Sim, segundo o modelo capitalista, o estado traçou objectivos, reuniu dinheiro dos impostos, juntou engenheiros e cientistas, matemáticos, informáticos e astronautas e deixou a empresa trabalhar.
E, chegou primeiro com homens à Lua único país a conseguir tal feito. Os países socialistas de que V. é camarada andam agora 50 anos depois a chegar lá perto. Saberá também que depois do primeiro é uma questão de dinheiro. A física, a matemática a tecnologia, a informática até já andam por aí na internet.
Lembro pois a V. que o melhor mesmo é dar garantias que a ferrovia vai ser ressuscitada para que o mercado possa funcionar. E as empresas privadas vão surgir com tecnologias avançadas, com mais qualidade e a preços bem mais competitivos.
Nestas alturas quando algum representante do estado comunica que vai ser "Player" ( é só para armar ao pingarelho) lembro-me logo dos Estaleiros de Viana do Castelo e do funeral que o Estado e a Autarquia lhes fizeram.
Das coisas mais escabrosas que aconteceram na política foi aquela inauguração do início das obras da ala pediátrico do hospital São João. Passadas as eleições fotografias mostram que não há obras nenhumas e que os equipamentos que serviram para compor o "boneco" foram retirados.
A recuperação da ferrovia de décadas de atraso como pomposamente o governo anunciou é inexistente, como publicam hoje os jornais. Passou só um mês das eleições.
Se juntarmos a estes escândalos a situação dos hospitais e das escolas ( 20 000 alunos sem professores) é mais do que óbvio que o governo se bate com graves problemas de tesouraria. Daí também o aumento previsto nos salários e nas pensões ( 75 cêntimos/mês) .
Pode enganar-se muita gente durante muito tempo mas não é possível enganar toda a gente durante o tempo todo.
Estações destruídas, composições vandalizadas, material obsoleto, cancelamento de ligações, horários deslocados, atrasos terceiro-mundistas, degradação e incúria. Como foi possível chegar-se aqui? É que os constrangimentos financeiros não explicam tudo. Houve má gestão na planificação de recursos, na programação de actividades operacionais e na condução de empreitadas. Sendo o Estado o detentor da quase-totalidade dos meios de rede e operação, é a ele que devem ser assacadas responsabilidades.
Os principais agentes do sistema de valor ferroviário são a Infraestruturas de Portugal (IP), a CP e a EMEF (a que se juntaria a Sorefame, barbaramente assassinada em 2003), mas o primeiro responsável, o que superintende as diferentes administrações e, sobretudo, gere os recursos disponíveis é o Governo. Quando se afirma que o sector deve manter-se nas mãos do Estado e se refutam modelos de concessionamento a privados, tem de se demonstrar no terreno que o serviço público é capaz.
O governo e a CP estão em velocidade acelerada a negociar o contrato de serviço público.
Trata-se de uma medida importante quando se está em contagem decrescente para a entrada em vigor da liberalização deste transporte na União Europeia.
Esse contrato, que detalha regras e e critérios objetivos da operação (como tipo de operação, transparência financeira, obrigações de serviço público e compensações) é necessário a partir de 1 de janeiro de 2019 para definir os termos em que a exploração de comboios pode ser feita em qualquer linha, troço ou região.
Tal como na rodovia, na qual empresas privadas prestam serviços, também na ferrovia as empresas privadas vão prestar serviços em concorrência com as empresas públicas .
E sabendo isto, nós começamos a compreender porque é que não há investimento público nem privado na ferrovia ( a liberalização ainda não tem os critérios aprovados), a degradação do serviço actual prestado é uma realidade indesmentível e decide-se alugar equipamento a Espanha que só chega em ...2013 .
Mas o primeiro ministro com aquela desfaçatez que lhe é tão própria diz, que nunca se investiu tanto na ferrovia como agora.
É mesmo para que o investimento volte à ferrovia que a liberalização chega devagarinho.
O governo cortou no investimento para assim subir a despesa em salários e pensões. Cortar no investimento paga-se caro. Depois dos atrasos na Saúde, Educação e interior sabemos agora que a ferrovia vai apenas com 15% executado .
Diz o governo que são os projectos e estudos ambientais que estão atrasados. É, e normalmente atrasam-se desta forma escandalosa para esconder a falta de dinheiro. As obras não estão no terreno . O governo deixou o programa de investimento na gaveta.
O Plano de Investimentos em Infraestruturas Ferrovia 2020, apresentado a 12 de fevereiro de 2016 pelo ministro Pedro Marques, prometia um investimento de 2,7 mil milhões na ferrovia e obras em 1193 quilómetros de linhas férreas, incluindo a modernização de alguns corredores já existentes e a construção de novas linhas. Dois anos depois, o plano está praticamente parado.
A notícia é avançada esta terça-feira pelo jornal Público, que dá conta do atual estado de situação: numa altura em que já deveriam estar a ser cumpridas obras em 528 quilómetros da linha, só estão a ser intervencionados 79 quilómetros. As contas são simples: o Governo só tem 15% das obras prometidas em curso.
Mas o ministro andou a fazer foguetório em vários locais anunciando o grande investimento na ferrovia.
Já está disponível a comparticipação financeira da União Europeia para a linha ferroviária que ligará Sines a Elvas para transporte de mercadorias
Com estes dois grandes projetos agora aprovados pela Comissão Europeia e outros projetos de menor escala no âmbito do percurso Sines-Évora que foram financiados pelo Fundo de Coesão através do POVT, fica totalmente modernizada a ligação ferroviária Sines - Évora.
Está prevista a realização do investimento respeitante à construção da nova ligação Évora - Elvas no período de Programação 2014-2020 de modo a concretizar a totalidade da ligação ferroviária do porto de Sines à fronteira com Espanha.
De Sines a Madrid em velocidade alta. Espera-se que a economia nacional comece a crescer gradualmente a partir do próximo ano e que, em 2015, o País já esteja em condições de suportar investimentos para desenvolver o comércio internacional, ou seja as exportações, como é o caso da ligação ferroviária a Espanha e à Europa em bitola europeia, de 1,435 m (actualmente, Portugal e Espanha, à excepção das linhas de TGV espanholas são em bitola ibérica, de 1,668 m). A distância entre carris é fundamental para o escoamento de mercadorias para a Europa sem demorados e caros transbordos de contentores ou alterações de comboios na fronteira franco-espanhola. Por isso, mais do que a alta velocidade para mercadorias, é essencial a ligação dos portos de Sines, Setúbal, Aveiro, Leixões a uma rede ferroviária europeia, sobretudo com apoios comunitários anunciados até 85%. O transporte de passageiros poderá vir depois, por acréscimo, se se justificar. Sensato, não?
Ligação ferroviária para unir a costa Atlântica de Portugal com o resto da Europa. Como se sabe há que adequar a bitola do caminho de ferro dos dois países Ibéricos com a dos restantes países europeus.Este corredor, inserido nas Redes Transeuropeias de Transportes, pretende criar as condições necessárias para que as empresas nacionais passem a dispor de um transporte ferroviário de mercadorias mais eficiente, mais competitivo e mais económico para a exportação dos seus produtos para o resto da Europa”.
No que respeita a Portugal, este projecto vai ligar “Sines, Setúbal, Lisboa, Évora, Santarém, Leiria, Coimbra, Aveiro, Porto, Viseu e Guarda a França (Paris), com extensão à Alemanha (Manhheim), bem como ao resto da Europa através da interligação com os restantes corredores ferroviários de mercadorias transeuropeus.”
Está identificado pelos "players" o Porto de Sines e os acessos ferroviários como uma das prioridades para o "novo investimento". O grupo de trabalho deve levar em conta :(...) "modos alternativos com intervenção dos privados" e analise qual a melhor forma de usar o quadro comunitário de apoio 2014-2020. (...)a par da justiça, competitividade fiscal e da burocracia, hoje é identificado junto da AICEP pelos mais variados ‘players' e investidores, a competitividade através da logística e das acessibilidades com um ponto chave".
Sem TGV mas servindo os portos e as mercadorias de exportação, o corredor de mercadorias entre Portugal, Espanha e a França arranca em Novembro.
Os gestores das infraestruturas ferroviárias de Portugal, Espanha e França vão iniciar em novembro o corredor de mercadorias "número 4", que ligará os portos portugueses ao norte de França, revelou ao Expresso a Rede Ferroviária Nacional (Refer).
Juntar vontades, agilizar procedimentos administrativos é para já. Combinar bitolas e sistemas de segurança é para o médio e longo prazo. Há imensas coisas muito importantes que não necessitam de pazadas de dinheiro.