Com o crescimento da extrema direita há uma questão que se coloca desce já. A direita e o centro-direita contam com o CHEGA ?
No PSD, Morais Sarmento, já anunciou no recente congresso. Claro que sim. Então se o PS se juntou à extrema esquerda para governar e derrubou esse muro à esquerda o que se espera? Que não se derrube o muro à direita ?
Não colhe o argumento já avançado que a extrema direita é racista, xenófoba e outros mimos porque essa é a visão que interessa à esquerda. A direita pode sempre dizer que a extrema esquerda é anti - União Europeia, contra a economia de mercado e apoiante de ditaduras.
Feitas as contas a direita representa 40% dos votos e a esquerda 60% e em eleições ganha quem tiver mais um deputado.
Nas próximas autárquicas o PSD e o CDS vão juntar-se nas grandes cidades e nas autarquias que podem vencer com mais 200/300 votos retirando-as ao PS . O BE e o PAN não têm implantação autárquica não vai ser o PS a facilitar-lhes o caminho, juntando-se a eles.
É, muito claro, que os pequenos partidos que estão a crescer à direita estão a ter o efeito que tiveram nos outros países da Europa. Desgastam o Centro que tem governado Portugal. Rui Rio e António Costa querem pescar votos ao centro o que deixa espaço para os partidos à esquerda e à direita cresçam.
António Costa é o responsável. Salvar a pele com a gerigonça pode ter elevados custos.
Bem pergunta Pedro Marques o socialista líder da lista às europeias. E trata-se bem se percebe de uma pergunta que exige uma resposta sem tibiezas.
"Uma visão mais progressista da Europa, de uma Europa que avança, é uma Europa que recusa a xenofobia os populismos, a extrema-direita (...). Agora, há diferenças políticas entre nós e a direita, claramente, e entre nós e os liberais também, depois, nas escolhas que se fazem para o avanço do projeto europeu"
Falando explicitamente no BE e no PCP, o cabeça de lista do PS disse que as ideias dos dois partidos sobre a moeda única - de que são profundamente críticos - representam "um grande perigo".
E depois insistiu, deixando a ambos os partidos um desafio: "Onde estão os partidos à nossa esquerda quanto ao euro. Querem ou não querem a saída?". "Temos de fazer essa pergunta", sublinhou.
Segundo Catroga, tendo em conta o contexto favorável de crescimento ao nível europeu dos últimos anos, Portugal devia mesmo já estar a criar excedente orçamental. “O défice público, em 2010, estava na casa dos 11% do PIB. Sem fatores extraordinários, estava à volta de 8,5%. Pedro Passos Coelho, em 2015, passou de 8,5% para 3% [do PIB]. Este Governo tinha obrigação nacional de passar de 3% para zero e criar excedente orçamental. Isto é um processo de ajustamento que começou em 2011 e que tem sido desenvolvido nos sete últimos anos e vai continuar a ser desenvolvido, porque temos de criar condições para a redução do stock da dívida pública; precisamos de criar condições para a melhoria da produtividade e da competitividade da economia portuguesa”, diz.
Se os eleitores, que ora voltam no PSD ora no PS, tivessem antecipado a opção de António Costa em se coligar com o PCP e o BE continuariam a votar no PS ? Há muitas dúvidas quanto a isso e essa questão irá ditar a tal luta eleitoral suja de que fala Francisco Louçã.
Porque a actual votação no PS foi conseguida sem que a opção parlamentar inédita à esquerda fosse conhecida pelos eleitores . Ora, a verdade, é que PCP e BE não estão a conseguir beneficiar nas intenções de voto como ficou bem demonstrado nas últimas eleições autárquicas.
Quando Rui Rio diz que o PSD pode ganhar as próximas eleições está a lembrar que governar desgasta, encanta uns e desencanta outros e, até lá, o ambiente não vai para melhor vai para bem pior.
A pressão a que o PCP e BE estão a sujeitar o governo, na contagem do tempo dos professores e de outros sectores da administração pública, a degradação evidente da saúde e da educação, ferrovia e transportes públicos, deixará ainda mais a descoberto que esta formula de governo governa em benefício do público à custa do privado.
Uma parte do eleitorado potencial do PSD pode igualmente votar no PS e a oscilação deste eleitorado do centro é decisiva para a vitória de qualquer deles. Mas estes eleitores são em princípio hostis aos partidos da extrema-esquerda .
Reconhece-se em geral que o sucesso do PSD se fez pela capacidade de representar um vasto conjunto de valores e interesses, dos pequenos aos grandes empresários, dos trabalhadores do setor privado aos profissionais liberais, pessoas que não dependem diretamente do Estado, pagam impostos, têm a ambição de se promoverem pelo trabalho e pelo esforço, pessoas sem filiação às velhas ideologias .
Apoiante de Rui Rio, que integrou a sua direcção no PSD, a ex-presidente do partido elogia a postura do vencedor das directas, que durante a campanha eleitoral assumiu que, em caso de derrota nas legislativas, viabilizaria um governo do PS para "evitar que o país continue governado completamente à esquerda e amarrado à extrema-esquerda como tem andado".
Ainda antes das legislativas que Costa perdeu Passos Coelho dizia o mesmo: antes a maioria absoluta do PS.
É visível que a maior azia com a eleição de Centeno para o Eurogrupo é dos partidos à esquerda do PS. Afinal, o Governo é como os outros e segue uma ortodoxia europeia tão irrepreensível que o seu ministro das Finanças se torna o presidente dos ministros das Finanças do Euro. Mas é à direita que o golpe é maior. Porque demonstra que, sem se afastar da essência ortodoxa dos défices baixos, dos saldos primários e das reduções da dívida, é possível amarrar a extrema-esquerda .
E, agora, após a eleição de Centeno, temos que da direita à esquerda somos todos pró-Europa e pró-zona euro o que é extraordinário depois do que se disse contra durante a recessão. Bastou a economia crescer em toda a Europa para os problemas desaparecerem a curto prazo em Portugal.
O que é verdadeiramente surpreendente é que a única reforma que se mantém inalterada seja a das Leis laborais a que maior engulho representa para PCP e BE. Porque Centeno é um especialista liberal na matéria?
Na imprensa estrangeira a nomeação de Centeno é dada como um "estar no lugar certo no momento certo" tendo em vista que a maioria dos serviços são chefiados por gente da direita, é necessário um representante socialista a acrescer aos poucos que restam. Mas não contaram com os problemas internos cá dentro.
Se a geringonça tinha morrido com as autárquicas, a nomeação de Centeno é o prego último no caixão.
Entre a União Europeia e a extrema esquerda anti-europa há que escolher e por muita flacidez táctica que António Costa seja capaz não vai poder fugir a essa escolha estratégica.
O PSD vai poder agora preencher o espaço ao centro que já foi seu em contraponto ao PS companhon de route de partidos marxistas-leninistas anti-Zona Euro. E os sinais são cada vez mais evidentes, com a agitação dos sindicatos e as exigências de Jerónimo e Catarina.
A Comissão Europeia vai dando uma na ferro outra na ferradura, ora louvando o momento de crescimento ora advertindo que é necessário avançar com mais redução do défice, sem o que a dívida não desce. É uma questão de tempo, o PS está obrigado a obter uma maioria absoluta em eleições a não ser...
E aqui entra o próximo secretário Geral do PSD já que Cristas anunciou o que se esperava. Não entra em coligações com os socialistas.
Rui Rio ou Santana Lopes um deles vai ter que reposicionar o PSD ao centro e vai ter que confirmar que não aceitará ser segundo num governo liderado por António Costa. Este está a descobrir que a geringonça não serviu só para lhe salvar a pele após uma derrota eleitoral, amarrou-o também à ideologia que Mário Soares sempre combateu.
Rui Rio é estrategicamente mais consistente que Santana embora este seja mais flexível na táctica. Ora com o nosso comprometimento com a Zona Euro a estratégia está traçada o que o PSD pode e deve fazer é enveredar por políticas que são as suas - a social democracia.
Uma sociedade civil liberal, uma economia de mercado e um estado mais leve e menos interventor são os factores fundamentais para que o país consiga sair da pobreza, da desigualdade e da dívida. Cenário que nunca foi experimentado em tempos de crescimento.
É verdade que Santana está mais maduro mas eu comprava mais depressa um carro usado a Rio.
As sondagens que precisam de alguns dias para serem realizadas - não, estes dias de espera não são nada de reflexão - vão dizer quem é o preferido.
Centeno goza de uma paz e popularidade nunca vistas num ministro das finanças. Com o silêncio dos sindicatos e da extrema esquerda . Quantas grandoladas já teriam percorrido o país se fosse um governo de direita ?
Porque os meios utilizados para atingir o sucesso devem mais a expedientes oportunistas do que a rigor técnico. Cortes selváticos no investimento e despesas de operação, receitas extraordinárias e impostos originais não constituem receita válida e consistente para gerir um país. Corta-se onde se pode, não onde se deve. Assim, em cada mês renasce a interrogação do que se conseguirá.
A dívida pública continua a subir, e até acelerou face ao período anterior. Não existem medidas estruturais ou sequer estratégia orçamental sólida e segura. Centeno, decerto forçado pelas restrições políticas, limita-se a sacrificar tudo ao objectivo imperativo da meta do défice em percentagem do PIB. Entretanto, o cancro financeiro, público e privado, agrava-se em surdina, sob a aparência de sucesso de um governo alheio à sua função de criar uma situação sólida e sustentável de apoio ao progresso económico e social. Centeno é ministro de um número só, mas a exigência europeia, se pode ser instrumento, nunca é objectivo final.
Não percebem ? O PCP e o BE andaram anos a fio a dizer que PS, PSD e CDS eram " a direita" como se fosse um crime ser de direita. Nunca perceberam e, agora, nas eleições em França também não percebem que a direita não é igual à extrema direita . E é vê-los a encaminhar votos para Marine Le Pen.
Se um dia a extrema direita xenófoba e fascista for governo a extrema esquerda será a sua primeira vítima. Tal qual nos países governados pela extrema esquerda a extrema direita não existe ou se existe é tratada com a prisão . Exemplos não faltam.
Só os partidos do centro-direita e do centro-esquerda dão garantias de plena democracia e do estado de direito , onde cabem a extrema esquerda e a extrema direita. E as liberdades e garantias democráticas básicas .
É verdade que ninguém de esquerda pode esperar grande coisa de Macron, mas ninguém de esquerda pode aceitar que por ausência, falta de empenhamento e meias-palavras pouco percetíveis a França seja entregue a Marine Le Pen. Se Mélenchon quer ganhar as legislativas, como disse, tem de mudar o discurso rapidamente. Se Le Pen ganhar, ele é um morto político.
E, no entanto, a extrema esquerda e a extrema direita no essencial têm posições iguais ou muito semelhantes ( como ser anti-europa) e o seu ADN no que diz respeito às liberdades é igual. Limitadas, se não mesmo proibidas. Os exemplos também são muitos .
Como? Pois é. Longe vão os tempos em que o pai de Marine Le Pen, Jean-Marie, defendia a redução dos impostos, a eliminação das 35 horas de trabalho semanais, recusava a reforma aos 60 anos de idade e queria uma França desregulamentada, desestatizada e sem muçulmanos. Esta Frente Nacional liderada por Marine Le Pen mudou não apenas porque Marine matou politicamente o pai, mas porque a essência do discurso deste partido extremista passou da direita para a esquerda. Enquanto Jean-Marie era essencialmente racista, Marine é anti-Europa. Uma mudança que está a dar excelentes resultados à senhora Le Pen e que se deve a um homem: Florian Philippot.
Vice-presidente do partido desde 2012, conselheiro próximo de Marine Le Pen, Philippot é o grande responsável pela estratégia da Frente Nacional e também pela sua comunicação. Com ele a FN foi bem sucedida nas municipais de 2014, venceu as europeias desse ano e prepara-se para a presidência que, não espera alcançar agora, mas em 2022. Aí, sim. Nessa altura é que, nas contas de Philippot, serão elas.
Este homem todo poderoso é profundamente contrário às privatizações e fez constar no programa eleitoral de Marine Le Pen propostas como o aumento do salário mínimo nacional, a redução das tarifas de gás e electricidade em 5%, o aumento dos salários da função pública, a reindustrialização da França (muito à semelhança do que o PCP pretende em Portugal), a associação da indústria e do Estado numa cooperação que privilegie a economia real (ou o que quer que isto signifique) e a fixação da idade legal da reforma nos 60 anos, com 40 anos de quotizações.
Há outro aspecto muito importante nesta viragem à esquerda e que a grande maioria não vê: esta FN considera como principal inimiga da França, a União Europeia (UE). É Bruxelas a culpada pelos inúmeros muçulmanos a viver em França, porque foi Bruxelas que abriu as fronteiras e impôs a livre circulação de pessoas dentro da UE. A protecção dos interesses da França, já não se faz apenas, como pretendia Jean-Marie Le Pen, ostracizando as minorias étnicas e religiosas. Para Marine, tal só é possível saindo da Europa. Da mesma forma, o programa económico mencionado em cima só é possível se a França sair do euro. Um discurso muito idêntico ao de Mélenchon, que entretanto ajustou ao tempo presente a posição que tinha em 2012 relativamente aos refugiados, e daí a similitude das propostas, a mesma identidade no caminho a seguir.
Vistas as coisas deste prisma não é difícil compreender por que motivo Jean-Luc Mélenchon não disse, na noite eleitoral, em quem vota na segunda volta. Mélenchon sabe que o seu eleitorado se revê no programa económico de Le Pen e não o quer trair. Mais: o líder da França Insubmissa, aliança política que une vários partidos de extrema-esquerda, entre os quais o partido comunista francês, sabe que uma vitória de Marine Le Pen ditará o fim do euro, do projecto europeu, ou seja, dos alicerces que sustentam o modo de vida do continente. Com Marine virá o caos e é no caos que vingam as ideologias como as que Mélenchon propugna. O melhor para a extrema-esquerda é a vitória de um extremismo disfarçado de direita.
Um último ponto a salientar é que esta mudança na Frente Nacional não é pacífica dentro do próprio movimento. Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha de Marine, neta de Jean-Marie, tem a mesma perspectiva do avô. Não que seja europeísta, mas porque entende que a principal ameaça à França reside, não no modelo económico seguido até agora, mas no excesso de imigrantes que, não se integrando na cultura francesa, ferem de morte a identidade da França que é necessário proteger. Ou seja, uma derrota de Marine Le Pen a 7 de Maio será, à semelhança do que está a suceder no PS e entre os Republicanos, um motivo para um ajuste de contas, que aqui será não apenas partidário, mas também familiar. Se Florian Philippot resiste e convence a FN que o seu objectivo é para daqui a 5 anos, as próximas semanas o dirão.