Foi o PS que precisou do PCP e do BE para salvar a pele, mas a partir das reversões logo se percebeu que a luta mais importante acontecia dentro da geringonça. Um PS europeu e próEuro a não deixar que partidos antiEuropeus e antiEuro atravessassem as linhas vermelhas.
Se o Governo tivesse seguido os programas políticos que pressupunham a rutura com o tratado orçamental, a renegociação da dívida, a saída do euro, ou outras medidas do género, não teríamos, seguramente, conseguido cumprir esta legislatura nem alcançar os resultados que alcançámos”, diz Costa sobre a geringonça.
Além de referir o programa eleitoral dos bloquistas, o socialista (Costa) também lembrou momentos em que este aliado da geringonça tentou mexer no seu eleitorado: “Houve um partido, que não é o PS, que sentiu que devia crescer à custa do eleitorado dos outros. Já ouviu o BE ter a impertinência de dizer aos socialistas para irem votar no BE”.
Que não se saiba por terceiros o que compete a Costa dizer.
Hoje por hoje temos dois casos em que o ódio ideológico dos que se consideram acima dos outros que não pensam como eles mostra bem o que seria a nossa vida em sociedade se alguma vez mandassem.
Aquela mãe que viu o filho de cinco anos morrer por incúria das auteridades e que tem liderado o movimento que anima todos os que viram os seus entes queridos morrerem e os seus bens desaparecerem nos fogos do verão passado, é perseguida pelo ódio porque se envolveu na militância política.
É por demais evidente que aquela mulher precisa de se envolver na vida para poder carregar uma dor inimaginável. Se se envolvesse com os responsáveis do drama estaria tudo bem mas como se envolveu com o CDS não passa de uma oportunista.
O mesmo se diga com o convite que três universidades fizeram ao ex-primeiro ministro do anterior governo. O ódio quer-nos fazer crer que um ex- primeiro ministro que exerceu durante quatro anos o cargo e num período particularmente difícil não tem mérito para leccionar.
Ora há exemplos vários de políticos que depois de saírem de relevantes funções governamentais leccionaram. Mas com esses não há problema nenhum. São cá dos nossos.
A leitura é simples mas a sua comunicação e a sua implementação exigem uma lucidez e coragem assinaláveis. Impedir a continuação do governo das esquerdas é suficientemente importante para o país e resume todo um programa partidário se mais não for possível. Ganhar as eleições legislativas com maioria absoluta.
É que o actual governo é apoiado por dois partidos anti-União Europeia e anti-Zona Euro, e a sua natureza mais profunda é visceralmente diferente do PS europeu, democrático e pró-economia social de mercado.
É, por isso, que a sua acção governativa está esgotada com a devolução parcial dos rendimentos, que exigiu um aumento brutal da carga fiscal em impostos indirectos, e não foi capaz de efectuar qualquer reforma estrutural sem as quais Portugal não sairá do fundo da tabela e não lançará o crescimento do PIB para 3%-4% , condição indispensável para reduzir a dívida para 60%- 90% e eliminar a pobreza ainda existente.
"Há uma pessoa que explicaria melhor isso ao doutor Santana Lopes do que eu, que é o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Quando o engenheiro Guterres teve um Governo minoritário, o PSD liderado pelo doutor Marcelo Rebelo de Sousa e eu, na altura secretário-geral, permitiu que aquele primeiro-ministro, que teve mais votos, governasse que foi o caso do engenheiro António Guterres", adiantou.
Já sobre as sondagens para as eleições diretas do PSD, que se realizam no sábado, o ex-presidente da Câmara do Porto sublinhou: "as indicações que o doutor Santana Lopes tem são as mesmas que eu, ambos sabemos que estou francamente à frente e é precisamente por estar francamente à frente que ele, entretanto, teve de mudar de discurso, de agudizar o discurso. Quem vai atrás tem de inventar qualquer coisa".
Deixar o PS com um único cenário que é o de ficar eternamente amarrado à extrema esquerda não é do interesse superior do país.
Por termos um governo que não implementa as reformas necessárias por limitação das esquerdas ; que obriga o PS a fazer uma política de mínimos ; e uma economia que produz em 2017 o que produzia em 2008 ; eis as razões que suportam as conclusões que o Prof Ricardo Paes Mamede evidencia. E o desastre( que o Prof confirma ao contrário do que quer transmitir) está aí à vista de todos.
Duas mensagens a reter do Boletim Económico de Inverno do Banco de Portugal:
1ª) A economia e o emprego vão continuar a crescer em Portugal até o final de 2020, puxados pela recuperação do investimento e por uma procura externa favorável.
2ª) No final de 2020 a distância entre o rendimento médio dos portugueses e a média da zona euro será superior à que era no início do século.
Traduzindo: quem esperava o desastre por termos um governo apoiado pelas esquerdas, enganou-se; quem esperava que participar na zona euro nos aproximaria dos níveis médios de vida dos países mais ricos da Europa, também.
PS: as previsões de médio-prazo do BdP, juntamente com a revisão da notação da dívida portuguesa pela Fitch, são o tema do Choque de Ideias, no Tudo é Economia desta noite. Às 23h30, na RTP3.