Bem dizia o alucinado sindicalista Nogueira que as escolas não tinham condições para abrir. O que ele não nos disse é que seria por falta de professores.
Uma golpada só possível na escola pública onde ninguém é responsável por nada. E como todos têm a progressão na carreira garantida, faltar ou não faltar vai dar no mesmo.
Depois não querem os ranking publicados onde as escolas públicas ficam nos últimos lugares. Tudo a funcionar em circuito fechado, paredes opacas e um ministério incapaz de implementar as medidas necessárias.
Haverá professores com doenças que aconselham ficarem em confinamento ? Claro que sim, mas essa não é uma razão mais que expectável que merecia uma solução que protegesse professores e alunos e as escolas a funcionar ?
Nas escolas privadas por cada professor que falta há um professor que o substitui. E isso nota-se !
Não há uma escola pública, há diversas escolas públicas e essa informação é relevante para pais e professores. E para as próprias escolas como forma de comparar instrumentos e resultados. Durante muitas décadas os defensores do centralismo da Educação no Ministério e na Frenprof opuseram-se com violência à publicação dos rankings.
No limite, o que está verdadeiramente em causa com a publicação dos rankings é a transparência da administração e não a forma como os cidadãos e as empresas de comunicação utilizam informação que deve ser de acesso livre a todos os cidadãos. Os detratores dos rankings mais não fazem que proteger a administração pública e os decisores políticos do escrutínio público. Bonito serviço.
Da parte que nos toca, tentaremos, mais uma vez, desmontar aquilo que consideramos ser uma narrativa demagógica e articulada para subtrair o serviço público de educação ao escrutínio dos portugueses, impedindo-os de observar, comparar, avaliar e, no final de contas, de formar opinião e retirar as suas conclusões sobre a qualidade de uma importante parte do trabalho que se faz nas escolas.
Da mesma forma que há serviços melhores que outros ou profissionais mais competentes que outros, também o desempenho das escolas (seja na rede pública ou na rede privada) varia muito em função das suas lideranças, do seu corpo docente, dos seus projectos educativos e dos alunos com que lida. Mas incómoda porque esta constatação que vê “escolas públicas” (no plural) colide frontalmente com o discurso monopolista e centralista que durante anos orientou o ministério da Educação — o da “escola pública”, no singular, como se só existisse uma escola-modelo e todas as outras fossem suas réplicas.
Tal como o PCP está contra a municipalização das escolas também o BE está contra a autonomia. Percebe-se, controlar a partir do ministério da Educação e da Frenprof é a ideia. Sempre o estado a controlar tudo e todos.
Sem apontar um número exato de alunos por turma, o Bloco defendeu sempre que o governo devia fazer um investimento em recursos e professores que permitisse diminuir as turmas no próximo ano letivo. O BE entende que o ensino presencial deve sobrepor-se ao à distância, que na sua ótica, agrava as desigualdades sociais e é prejudicial aos alunos desfavorecidos.
O PS manifestou-se contra esta intenção do BE, defendendo que deveriam ser as escolas as medidas para garantir as segurança dos seus alunos no regresso às aulas. No debate do projeto, Porfírio Silva, defendeu que as escolas tenham autonomia nesta matéria e que não se antecipe "um padrão nacional"
Já esgotaram os bilhetes para o "primeiro espectáculo do resto das nossas vidas" no Campo Pequeno esta segunda-feira. Ouvi o anúncio na rádio com loas à necessidade de salvar a cultura e os agentes culturais. É de saudar a reabertura das salas de espectáculo, e a possibilidade de cada um, na sua liberdade de querer tomar riscos individuais, poder ir ver um concerto se assim o entender.
O extraordinário nisto é que irão abrir as salas de espectáculo antes das escolas. É preciso salvar a cultura, mas as crianças podem continuar em casa sem o acompanhamento devido, especialmente as mais pobres e excluídas. Dizem que é para as proteger, apesar de ainda não ter morrido nenhuma criança em Portugal de COVID-19. Dizem que é para as proteger, mas em vez de conviverem num ambiente controlado de uma escola, muitas conviverão na rua ou nas praias em ambientes descontrolados (ver o que está a acontecer no bairro da Jamaica). Dizem que é para as proteger, mas muitas nunca mais recuperarão do atraso destes meses sem acompanhamento. Dizem que é para as proteger, mas o que parece mesmo é que é para agradar aos sindicatos dos professores. Não será por acaso que os infantários, onde predomina a iniciativa privada e social (e onde muitos tiveram que cortar mensalidades durante o confinamento), irão abrir ao mesmo tempo que as salas de espectáculo.
Ninguém parece muito preocupado com isto. Daqui a uns anos quando as consequências se fizerem sentir, a discussão política será entre o tamanho do subsídio e o peso do cacetete que cairá no lombo dos que acabarem na malha da criminalidade. Já ninguém quererá saber que eles também são fruto de uma sociedade elitista e corporativistas que cede às exigências (legítimas) dos agentes culturais e dos sindicatos (menos legítimas), mas ignora as necessidades daqueles que não têm voz.
Por negociação entre pessoas que se conhecem e que concordam com os objectivos e processos escolares, retirando do circo anual de colocação dos professores a sorte e o azar.
Parece-me, pois, que seria importante mudar a forma de contratação dos professores. A autonomia deveria permitir às escolas seleccionar aqueles docentes cujas características, qualidades e experiência melhor se adequassem ao seu projecto educativo, como, de resto, acontece com quase todas as organizações, incluindo da Administração Pública. E, claro, exemplos de dedicação como o de Joaquim Sousa devem ser enaltecidos e incentivados, devidamente reconhecidos. ( professor da escola de Curral das Freiras na Madeira).
A municipalização das escolas em curso embora sendo fortemente criticada pelos sindicatos centralistas, deixa de fora essa possibilidade, cortando muitas das mais valias que a autonomia poderia acrescentar.
Mas o circo anual do concurso de colocação de professores dá para muitas manifestações e exigências. O bem dos alunos e dos professores logo se vê.
O critério das melhores notas é usado na escola pública como critério de admissão. E lá se vai mais uma teoria da treta. A escola pública igual para todos ao contrário da escola privada que escolhe os melhores alunos.
O que sabemos, e não me canso de o escrever, é que as boas escolas públicas estão cheias de alunos de origem de famílias com um bom nível de vida e as más escolas públicas estão cheias de alunos de famílias pobres de origem. Ora isto não é assim por a escola pública ser acessível a todos em igualdade de condições.
Os alunos pobres não têm acesso ao elevador social que a escola pública podia representar. O curioso é que deste assunto não se fala. E não se fala porque mexer nesta matéria levanta a questão fundamental do direito à livre escolha.
Os amigos dos pobrezinhos, rabinho entre as pernas, falam nos direitos mas é nos direitos dos professores que votam.
Hoje encontrei no colégio que as minhas netas frequentam um amigo do meu filho que é ali professor.
Por razões que não vale a pena aqui explicar perguntei-lhe como é que estava o colégio em termos de ocupação. A resposta é que o colégio estava a trabalhar a 100%. Mais de dois mil alunos o que obriga a alguma flexibilidade e engenho para libertar salas .
Há cada vez mais alunos a procurarem o colégio vindos das escolas públicas que estão frequentemente em greve ou sem professores por outra qualquer razão. É frequente alunos do 10/11/12 anos com os exames de admissão às universidades próximos procurarem recuperar a preparação que não tiveram.
E como já todos perceberam o corrente ano vai ser outro fartote de greves . E as vítimas vão ser mais uma vez os alunos entalados entre uma classe profissional que todos os anos tem razões para exigir tudo a todos, e um governo que andou a vender facilidades a todos e que agora não cumpre.
Mas os alunos, as verdadeiras vítimas, não têm culpa .
Ainda em 2001 foi necessária uma intervenção judicial para que os resultados globais das escolas fossem conhecidos do público. Hoje, espantamo-nos com essa concepção limitativa da liberdade : os pais não têm o direito de conhecer os resultados das escolas onde vão colocar os filhos ou onde os seus filhos se encontram? As famílias não têm o direito de conhecer as forças e as fraquezas de uma escola?
A divulgação dos resultados globais dos estabelecimentos de ensino tornou-se uma rotina. E uma rotina muito útil. Os jornais, estudam e divulgam os resultados das escolas, deixando a informação de estar apenas disponível para alguns técnicos do ministério, passando os números a ser publicados, comentados, escrutinados, estudados, comparados e utilizados. A escola melhorou, porque se presta mais atenção aos resultados. E porque há mais e melhor avaliação.
É difícil mudar a realidade sem a conhecer. Mas de pouco serve conhecê-la se ela não puder ser modificada. As escolas têm hoje mais instrumentos para poder melhorar. ( Nuno Crato - ministro da Educação- Expresso)
Claro, que haverá sempre quem lute por uma escola monopolista, a que chamam pública, que dizem sua e onde plantam ideologia em vez de aprendizagem. Não querem resultados porque não querem comparações . Como é notório e agora público, as escolas públicas estão muito longe do que seria de esperar em função do seu contexto social. Este era o último argumento de quem não queria mudar e manter o ensino debaixo da bota cardada. Foram introduzidos os factores de correcção tendo em vista os diferentes ambientes sociais e os resultados confirmam o que sa sabia. Há escolas melhores do que outras e as privadas são as melhores de todas.
Os diretores pedem ao Ministério da Educação que esclareça as escolas sobre o que devem fazer, nomeadamente se podem convocar os docentes para atribuir as notas durante as suas férias, exemplificou o presidente Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, em declarações à Lusa.
Os professores que fazem greve, à partida não podem ir de férias, porque a greve é uma suspensão da relação laboral. Agora têm é que manifestar a sua adesão à greve, obviamente. O reporte que temos das escolas é que o que se está a passar e a dificuldade que está a haver na realização dos conselhos de turma prende-se com o exercício do direito a férias e é por isso que agora fizemos essa nota. Os professores que estão em greve, até pela suspensão do vínculo laboral, não podem pela natureza das coisas ir de férias”.
Resumindo. O Estado, com um contrato de associação (que na verdade é um contrato de prestação de serviços, paga em função do serviço prestado) pagava um valor definido por turma que resulta num valor por aluno mais baixo que aquele que o Estado paga para ter alunos em escolas estatais. A pretexto de umas economias que ninguém explica, o Estado leva ao encerramento da escola (com que os utilizadores estavam satisfeitos), aluga as instalações (cujo custo de manutenção e investimento estava antes incluído no contrato de associação) e passa a prestar o mesmo serviço que antes, mas a um valor mais alto por aluno. Bem sei que não sou economista, mas acho que até um aluno com a quarta classe tem dúvidas sobre as economias obtidas. Até aqui tudo isto é normal, toda a gente que toma decisões toma boas e más decisões. O que verdadeiramente me incomoda é o relativo silencio sobre isto por parte de quem tem de fazer o escrutínio das políticas públicas: repare-se que mesmo nesta notícia os jornalistas não tentam fazer um exercício mínimo do custo/ benefício de cada uma das soluções.