Do alto de 900 anos vos contemplo, parafraseando Napoleão . O governo não fica por menos perante o pedido de inquérito europeu à nomeação do procurador português .
O deputado espanhol Pons começou por alegar que o “Governo português mentiu ao Conselho Europeu”. “Não sei o que é pior: se a desculpa por um erro administrativo com o currículo, ou a teoria de conspiração internacional anti-portuguesa, como aludiu o primeiro-ministro Costa. Este conjunto de disparates são próprios de outras latitudes e fazem um fraco favor à presidência portuguesa”, disse, pedindo que Costa “assuma as responsabilidades”.
“As mentiras devem ter consequência. Não nos faça passar por idiotas”, concluiu, adiantando que pediu um inquérito ao caso.
Bastaram nove meses de uma posição executiva importante – vereador na CML - e tem o seu primeiro escândalo. E entre cabalas e jogos semânticos, culpa os jornalistas e a comunicação social. Parecia o PS, o PSD ou o CDS a falarem. Penso que isso foi um erro colossal. E quanto mais responsabilidade executiva o Bloco venha a ter, no Governo, em Lisboa, noutras autarquias, mais casos vão inevitavelmente acontecer. Tem de saber lidar com isso com o estatuto moral que reclama.
Tirando algumas insinuações pontuais por viagens dos seus deputados ou a anterior gestão em Salvaterra de Magos, a verdade é que o Bloco chegou até aqui praticamente imaculado.
O problema são mesmo as eleições europeias e legislativas. Por exemplo, o sonho de chegar aos 15% parece-me quase impossível agora. Antes das eleições de 2015, o Bloco andava nos 5% nas sondagens (havia quem na direita já celebrasse o fim do Bloco) e chegou aos 10% porque soube levar o tal voto dos eleitores fartos de Passos, Portas e Costa.
Antes deste episódio, andava nos 8 a 10% nas sondagens. Vamos ver onde fica depois disto. Se as eleições fossem já, arriscava-se a não repetir os 550 mil votos de 2015. A 15 meses, repetir 550 mil votos, chegar aos 600 mil votos é ainda possível, apenas bastante menos provável.