Quando olhamos para o crescimento do emprego, percebemos que os sectores de actividade que mais cresceram no último ano foram o das actividades imobiliárias, que cresceu +18,7%, o do alojamento, restauração e similares, que subiu 18,1%, e o das actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas que aumentou 15,9%.
Todos eles a uma distância galáctica das taxas de variação do emprego altamente qualificado do sector das actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares que caiu -1,5%, ou do sector de informação e comunicação que desceu 4,1%.
Além disso, o emprego que mais cresce é o do trabalho por conta de outrem em regime de contratos a termo e não só de contratos sem termo. É a economia a procurar na flexibilidade que lhe resta fazer face às incertezas do futuro.
O número de postos de trabalho para licenciados caiu 6 mil ! Leu bem : caiu 6 000. Como é possível com tanta Web Summit, com tanta start up de base tecnológica, com tantos milhões, não estejamos a ser uma economia de licenciados ?
E a emigração continua a alimentar-se de gente sem trabalho ou com trabalho mal pago o que não impede as loas governamentais sobre os números do desemprego.
No turismo – setor que tem sustentado em grande parte o aumento das ofertas de emprego – as coisas passam-se do mesmo modo. Para além da sazonalidade – encargo que tem de ficar do lado do empregado e não no do empregador – os serviços são tremendamente mal pagos e a concorrência é tremendamente desleal: cursos superiores, anos de experiência e outros fatores anteriormente tidos como uma mais-valia valem coisa nenhuma.
É inegável que é o setor dos serviços que está a sustentar a retoma do emprego. O que faz com que seja igualmente inegável que a sustentabilidade da retoma seja potencialmente muito escassa. E que a qualidade dos empregos seja potencialmente muito baixa. Não será por acaso que um número constantemente muito alto de jovens muito qualificados continue a sair do país para trabalhar – por muito que qualquer um dos que regresse tenha de imediato direito aos seus 15 minutos de fama estrelar.
O número de desempregados em Portugal tem vindo a descer desde o início de 2013 e nos próximos meses deve ficar abaixo dos níveis pré-crise. Quando isso acontecer será com certeza motivo de celebração oficial. No entanto, o número de pessoas empregadas está ainda cerca 300 mil abaixo do que era em 2008 (o facto de haver menos desempregados não significa que as pessoas em questão tenham encontrado emprego). O desemprego em sentido lato (que inclui o subemprego e quem desistiu de procurar emprego, pelo que não é oficialmente considerado desempregado) continua a atingir cerca de um milhão de pessoas. Isto sem contar com aqueles que decidiram emigrar e não voltaram, nem com o aumento do peso do trabalho precário. Em suma, os números oficiais do desemprego são motivo de optimismo, mas arriscam-se a esconder a crise social que continua a assolar o país. É sobre isto que vamos falar hoje no Tudo é Economia (RTP3, depois das 23h).
A empresa não regista dificuldades em recrutar, mas tem estado a sofrer com a emigração de funcionários.
São largos e promissores os horizontes que a integração na União Europeia oferece a gente jovem e capaz. Mesmo com emprego - remunerado acima da média - há trabalhadores que procuram oferta de emprego nos países europeus. E é remunerado acima da média porque estou a referir-me a uma empresa conceituada internacionalmente, que exporta os produtos com maior dimensão fabricados em Portugal e que está a crescer e a investir. Ora, nenhuma empresa com esta dimensão deixa sair trabalhadores experientes pela estúpida razão de pagar mal.
Vende para todo o mundo e o ano passado investiu na robotização sendo contudo uma empresa de mão de obra intensiva, empregando mais de mil trabalhadores. Em Setembro as equipas de produção numa prova de "amor à camisola" decidiram bater um novo recorde nacional - 42 unidades ( em vez de 35) recorrendo, para isso, ao trabalho de fim de semana.
Um dos caminhos alternativos é precisamente este. Que em cada sector empresas e trabalhadores negoceiem segundo as necessidades e capacidades sem regulação de estado e sindicatos.
Pode haver menos pessoas empregadas e ao mesmo tempo menos pessoas desempregadas ? Pode :
A taxa trimestral agora anunciada é a mais baixa de toda série, mas isso não significa que haja mais pessoas com emprego do que no início de 2011, pelo contrário.
No primeiro trimestre de 2011, a taxa de desemprego era de 12,4%, mas o número de pessoas empregadas era de 4,775 milhões. No segundo trimestre deste ano, com o desemprego nos 10,8%, o número de empregados era de 4,603 milhões de euros.
O saldo líquido entre os dois períodos aponta para menos 172 mil postos de trabalho. Mas como a população ativa recuou em 289 mil pessoas, a taxa de desemprego acabou por também por baixar, para o tal valor mais baixo desde o início de 2011.
Cuidado eles dizem o que for preciso para nos levar ao engano
Todas as instituições apontam para um crescimento sólido da economia para 2015/2016/2017. Três anos com um crescimento à volta dos 2% é coisa nunca vista em Portugal. Mas para mim a surpresa mais positiva é a previsão do crescimento do consumo das famílias induzido por um forte crescimento do emprego.
"O consumo privado vai continuar a beneficiar da baixa taxa de inflação, crescimento sólido do emprego e condições financeiras mais favoráveis, enquanto o euro mais fraco deverá impulsionar as exportações"
O Citi estima que o "rácio da dívida pública deverá começar a recuar em 2015 (depois de atingir um pico de 130% em 2014), ainda que o défice orçamental vai provavelmente ficar acima da meta de 2,7% do PIB".
É isto a PT. Seja qual for o comprador a medida é certa como o destino. As "espertices" de gestão enganam muita gente durante muito tempo mas não o tempo todo. Estes empregados sem nada fazer vão ter que se fazer à vida. E há muitos mais que se deslocam todos os dias para a empresa. São coisas que as rendas fixas e a protecção do Estado permitem.
Os donos de Portugal estão a naufragar. Esperemos que a promiscuidade entre empresas e o Estado não regresse. Porque é a principal razão da existência da corrupção.
Passos Coelho afirmou que é hoje bem visível que a economia “estava aprisionada por grupos económicos que eram incentivados pelo Estado a aplicar os seus recursos em obras públicas que não eram sustentáveis”, lamentando que muitos recursos, nacionais e europeus, tenham sido colocados ao serviço “dessa economia protegida” e não das pequenas empresas que tinham emprego e riqueza para criar. “Mas isso está a acabar. Os donos do país estão a desaparecer. Os donos do país são os portugueses”, declarou.