Já aí corre que são os Estados Unidos que estão a financiar os jornalistas que investigam os Papéis do Panamá. A dúvida está a instalar-se pela mão dos comunistas e bloquistas. Pudera, que os capitalistas lá escondem dinheiro não é surpresa para ninguém mas as virgens comunistas? Pode lá ser !
Colocando assim a questão só os comunistas têm a perder e vá de instalar a suspeição . O importante deixa de ser a investigação e o que divulga publicamente e passa a ser a mão atrás do arbusto ( ou a mão que embala o berço). Mais importante que a verdade é manter fora de dúvidas a superioridade moral das elites comunistas. Para isso nada melhor que denunciar o imperialismo americano.
Paralelamente, os actos terroristas na Europa, e as guerras nos países muçulmanos, devem-se à indústria de armamento dos US que precisa de vender armas. Boa notícia, é fácil acabar com a guerra, basta acabar com a indústria de armamento.
Há muita gente poderosa que perdeu milhões com o caso BES. E isso vai ter consequências. Quando foi o caso do "broker" Caldeira, na Bolsa de Lisboa, poucos foram os que apresentaram queixa na Justiça. Não tinham como justificar o dinheiro aplicado. E no caso "D. Branca" foram ainda menos os que apresentaram queixa nos tribunais. As contas, nestes casos, ajustam-se pela calada, nos jornais, cartas anónimas para a Polícia Judiciária ou num beco mais escuro e ermo. Havendo dinheiro pessoal pagam-se os silêncios.
Já se notam movimentações com candidatos partidários e comentadores a tomarem para si as dores de Salgado. E se ele conta o que sabe? Guterres viu aumentadas as suas possibilidades de ser o candidato presidencial do PS. Costa pode ser obrigado a desembaraçar-se dos socráticos cujo afã em torno de Salgado lhe traz embaraços. Seguro aguarda por novas revelações. "Quem sabe, sabe e o Ricardo sabe."
A fórmula é simples. Quem manda? Quem tem dinheiro. E quem tem dinheiro são os angolanos que investem cá e que têm outros enormes argumentos políticos . Os 250 000 portugueses que trabalham em Angola e ser , provavelmente, o maior mercado para as nossas exportações. Há uma grande ligação, para não dizer uma grande subserviência da elite portuguesa. O poder político pôs-se de joelhos perante a elite angolana".
Diz quem está em boa situação para saber. “todas as esferas de influência britânicas” são dominadas por homens e mulheres que frequentaram escolas privadas ou que vêm de uma classe média alta privilegiada. “Tendo em conta as minhas próprias origens, acho isso verdadeiramente chocante”, disse, acrescentando que o sistema educativo devia ajudar as pessoas a libertarem-se das circunstâncias em que nasceram, em vez de fechá-las nelas.
É este o resultado de se fechar o sistema de ensino, de barrar acessibilidades de negar oportunidades. Em Portugal a educação pode apreciar-se assim: boas escolas privadas cheias de alunos ricos; boas escolas públicas cheias de alunos remediados; más escolas públicas cheias de alunos pobres.
Conclusão? Deixar tudo como está. Todos podem escolher a escola menos os pobres.
"Joaquim Pedro Oliveira Martins (que não se parece nada com o neto ou trineto) foi o homem que melhor percebeu o Portugal da segunda metade do século XIX. Os políticos falam hoje constantemente de "erros do passado", mas sem nunca explicar de que "erros" se trata e sem nunca dizer com alguma clareza o que espera o país. Com outro carácter e coragem, Oliveira Martins escreveu, em 1894, que a "nação" "se encontrava" perante uma pergunta "vital": "Há ou não há recursos bastantes, intelectuais, morais, sobretudo económicos, para subsistir como povo autónomo dentro das estreitas fronteiras portuguesas." Como se chegou aqui em 1894 e como se chegou aqui em 2013? Num artigo breve e claro, Oliveira Martins tenta responder. E a resposta só surpreenderá o pior analfabeto em circulação.
Em 1851, no começo da maior expansão do capitalismo na Europa, as potências financeiras do tempo (a Inglaterra e a França) voltaram a ver em Portugal uma boa oportunidade "a explorar" e as bolsas, "passando a esponja do esquecimento" sobre as "bancarrotas" anteriores, "abriram os seus cofres". Em 40 anos, o nosso "Tesouro Público (...) conseguiu obter por empréstimo uma soma aproximada de 90 milhões esterlinos efectivos, em bom ouro". O resultado acabou por ser um "cenário", "que dava a Portugal a aparência de um país rico", "coalhado" de caminhos-de-ferro e também de estradas, com dois portos modernos, Lisboa e Leixões. E os governos iam garantindo a paz doméstica com o "comunismo burocrático", que vinha substituir o antigo "comunismo monacal": o Estado contratou "muitos milhares de funcionários, mais ou menos opiparamente prebendados", "a legião nova dos beneficiados de obras públicas" e centenas de concessionários", que rapidamente enriqueceram.
Infelizmente, não se podia viver "salariando a ociosidade" e "suprindo a escassez do trabalho interno com subsídios oficiais", à custa do dinheiro de fora. Portugal não se aguentaria, se continuasse a depender de "recursos estranhos ou anormais" e não do "fruto" da sua produção e economia. Isto "não era segredo para ninguém mediocremente instruído". E não se deve considerar o fontismo um erro, como não se deve considerar a política da II República um erro ou uma série de erros. Nos dois casos, a "fortuna enganadora" do país serviu a ambição e o interesse da elite que tomou conta do regime e de uma classe média ignorante, cretinizada pelos partidos. E quem se espantar que se espante primeiro de si."
A nossa elite é intimamente avessa aos princípios básicos da democracia. Mesmo se ultimamente adoptou a versão oficial, exteriormente democrática, que por vezes até parecia sincera, a crise actual veio revelar as suas reais tendências. As origens da atitude são velhas, profundas e estruturais, manifestando-se claramente em todas as épocas.
A essência da democracia, na política como na economia, é competição, alternativa, desportivismo. Que todos tenham oportunidade de se apresentarem e ganhe, não o melhor, que ninguém sabe quem é, mas aquele que a sociedade preferir. Ora, os nossos pensadores e dirigentes há séculos que são eminentemente proteccionistas, corporativos, clientelares. A sua visão é aristocrática, egoísta, manipuladora. Consideram-se geniais e desprezam as massas ignaras e o País, que nunca os mereceu. Visceralmente avessos à incerteza das eleições e mercados, preferem arranjinhos de bastidores, batota do árbitro comprado, garantia de progra- mas de apoio.
Esta atitude de fundo sempre se manifestou no campo económico com uma posição abertamente anticapitalista.Do jacobinismo republicano ao corporativismo salazarista e à social-democracia do PS e do PSD, a elite nacional repudia sem rebuço a incerta economia de mercado, preferindo a versão dirigista e regulamentar. No campo político, pelo contrário, o discurso tem sido mais diversificado. Aí é preciso ir ajustando as expressões, para não chocar as conveniências de cada época.
É verdade que mesmo após Abril permaneceu viva, sobretudo na extrema-esquerda, uma doutrina claramente antidemocrática. A corrente principal da elite, no entanto, dizia-se nominalmente defensora de um regime aberto e europeu. Isso não impediu, naturalmente, a captura corporativa do sistema que alimentou a dívida galopante.Agora que os resultados da loucura rebentaram, vemos as personalidades mais insuspeitas apregoarem propostas perversas, sem a menor vergonha de negarem aquilo que sempre disseram defender.
Encontram-se espontaneamente, cantam a mesma cantiga espontaneamente e as palavras de ordem são espontâneas, nada é ensaiado. Não se encontram lá pessoas sem estudo e sem emprego.
As "grandoladas" são uma operação de marketing político de estilo bloquista e apenas isso. São o reflexo do combate entre uma certa elite e o Governo.
Sou um fervoroso adepto da Democracia, da que permite o protesto livre e da que garante a liberdade de expressão. Quero viver num país em que se pode cantar a Grândola como forma de protesto, mas em que até um ministro pouco popular tem direito de se expressar. O ministro Miguel Relvas só pode estar satisfeito com as consequências do silêncio a que foi forçado. Encontrou defesa em muita boa gente que até agora só o tinha criticado.