Investir qualquer coisa como 7 mil milhões numa fábrica de hidrogénio quando há menos de um ano se discutia a exploração das minas de lítio. Mas então vamos ter uma rede nacional de energia eléctrica para carregar as baterias de lítio ou vamos ter uma rede nacional de abastecimento de hidrogénio liquido ? O melhor mesmo é ter as duas !
O país já paga custos elevados para acomodar a energia intermitente eólica e solar e em vez de se juntar a Espanha para ligar a rede eléctrica Ibérica a França e à Europa mete-se noutra aventura ? Sem conhecer custos?
Mesmo não estando disponível nenhuma tecnologia competitiva para produzir hidrogénio através da eletrólise da água, o documento que esteve em consulta pública aponta desde já para um investimento de 7.000 milhões de euros (!!!), e numa primeira fase este hidrogénio destinar-se-á exclusivamente ao mercado interno.
Nesse documento, os dados tecnológicos são extremamente vagos, e os dados económicos limitam-se a referir que o projeto não é rentável pelo menos até 2030, e que precisa por isso de subsídios.
Mas “havendo metas obrigatórias de consumo de hidrogénio”, os consumidores irão ser obrigados a pagar o que for preciso por uma tecnologia que se desconhece a fim de todos os promotores envolvidos poderem ter lucro.
Pode espantar o leitor, mas é uma técnica que já deu provas de funcionar.
Já lá vão 52 dias sem queima de carvão o que mostra bem que Portugal tem instaladas outras fontes (limpas) de produção de energia eléctrica. Menos um milhão de toneladas de CO2 no ar.
Produzir eletricidade a carvão em Portugal deixou de ser rentável face a alternativas como as centrais de ciclo combinado alimentadas a gás natural (cujo preço baixou à boleia da queda do petróleo). A maior taxação do carvão (que deixou de beneficiar das isenções de ISP que tinha) e o custo das licenças de emissão também contribuem para o menor interesse das termoelétricas a carvão.
A paragem das centrais a carvão em Portugal é explicada não apenas pela redução do consumo de eletricidade (associada, desde meados de março à pandemia da Covid-19), mas sobretudo pela conjugação de vários outros fatores, como o já referido aumento da disponibilidade de renováveis e também os ganhos de competitividade do gás natural.
O governo atento ao Focus Group e horrorizado por a sua clientela estar a afastar-se iniciou uma campanha de promessas. A última é uma grande baixa de impostos em 2021 ano de eleições. Feitas as contas são para aí uns 200 milhões. É para cumprir ?
No IVA da electricidade que aí, sim, a baixa seria notória e beneficiava toda a gente, ( 800 milhões) o governo teve que enfrentar a realidade. Não há dinheiro e logo ensaiou uma demissão pela boca desse estadista envolto em nevoeiro, o César, que é pago para fazer estes números.
A austeridade que tinha acabado não aguenta a redução do IVA e começa a ser prometida para o ano que vem. O mesmo governo que lança obras todos os dias, que investe no SNS como nunca, que vê milhares de alunos sem aulas. E Centeno já disse que não há gestão de Orçamento sem cativações. A mesma austeridade portanto mas que Costa insiste em dizer que já acabou.
Há quem não acredite : “Ouvi essa declaração com algum espanto. Não há margem de manobra para uma redução significativa da carga fiscal nos próximos anos. A economia não vai crescer de uma forma extraordinária, as despesas são muito rígidas, a necessidade de investimento público é até maior do que há algum tempo porque, entretanto, houve degradação de alguns serviços públicos, nomeadamente no sector da saúde. ( Francisco Assis)
“Se o Governo quer fazer redução de carga fiscal, não sei porque anuncia com ano e meio de antecedência. Isto não tem pés nem cabeça. Se o Governo quer fazer, faz. Ainda não aprovou este Orçamento e já está a anunciar a redução que vai fazer no próximo, quando neste não o faz. Isto é demagogia barata. ( Rui Rangel)
E é assim que se governa um país. Com promessas nunca cumpridas.
António Costa veio com esta de a redução do IVA na factura da electricidade ser uma questão ambiental pois fará aumentar o consumo. Uma treta como bem se percebe. Trata-se de uma questão de receita orçamental que coloca sérios problemas ao governo.
O PSD quer que a compensação seja feita pelo lado de despesa já o BE quer que a compensação seja feita pelo lado da receita aumentando os impostos.
A verdade é que o IVA na electricidade foi sempre ou quase sempre de 6% porque se trata de um bem de primeira necessidade e cujo preço afecta primeiro os mais pobres. Manter o IVA a 23% mostra bem que a austeridade permanece e é marca deste governo.
O BE já fez saber que vota ao lado do PSD e que não se trata de nenhuma "oposição negativa" . A oposição faz o seu papel que é opor-se às decisões do governo com as quais não concorda. Acresce que um governo que não goza de maioria absoluta tem que negociar.
O problema é que o governo não tem margem orçamental para negociar e a falta de dinheiro vem ao de cima como o azeite.
As viaturas movidas a gasóleo e a gasolina têm o fim do seu ciclo de vida útil cada vez mais perto. É uma questão de preço e de limar a tecnologia necessária.
A última geração de carros que circulam em Portugal já são híbridos. Automaticamente passam do motor eléctrico para o motor de combustão conforme a velocidade ou a potência exigida segundo a situação o que quer dizer que dentro das cidades circulam movidos a electricidade a maior parte do tempo.
Os transportes públicos e as empresas públicas também já estão a reconverter as suas frotas .
Mas os sinais mais fortes são notícias destas que há cinco anos eram impensáveis :
Experiências com gases tóxicos em macacos e pessoas. "É injustificável"
E as investigações sobre a fraude nos filtros para diminuir as emissões de gases tóxicos a atingir grandes marcas mundiais são outro sinal que a indústria automóvel está em mudança radical.
O The New York Times revelou na sexta-feira que os construtores alemães tinham encomendado um estudo para defender o diesel, depois de revelações de que os gases libertados pelos escapes dos automóveis eram cancerígenos. Esse estudo que terá sido realizado em macacos, terá sido financiado pelo EUGT, grupo europeu de pesquisas sobre o ambiente e saúde nos transportes criado pelos três construtores automóveis e extinto em 2017. Desconhece-se se a Volkswagen, a Merceds e a BMW tinham conhecimento do método usado nas experiências, realziadas em 2014.
No domingo, um jornal alemão, o Stuttgarter Zeitung, acrescentou que também foram realizados testes em humanos, nomeadamente com dióxido de nitrogénio.
O governo vai cortar nas rendas das produtoras de electicidade. Alguns, não muitos, se queimaram ao ousarem mexer neste assunto. Foi preciso entidades externas independentes "pegarem o touro pelos cornos" porque de outra maneira a cobardia impedia qualquer medida.
Uma factura que todos pagamos todos os meses em que só um terço do total se refere ao consumo, tudo o resto são taxas e impostos escondidos que vão parar aos bolsos de uns quantos.
O "avô" Cartroga já veio dizer que mexer nas rendas é mexer nas regras a meio do jogo, como se não fosse isso mesmo que está a acontecer com todos nós. Enquanto ganham vencimentos milionários e rendas excessivas consideram-se intocáveis. Acabou, pelo menos com a desavergonha com que se actuava até agora.
Bastou o leilão da DECO para agitar o mercado estagnado (sem concorrência e com os preços sempre a subir) da electricidade. Processo há muito usado na Europa, o leilão juntou quase 600 000 consumidores. E o que parecia impossível, aconteceu. Os preços baixaram. Para quando igual acção no gás, telecomunicações...