Portugal não está condenado a ser pobre


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Fomos ultrapassados por todos incluindo a Grécia.
Ora, nos últimos 20 anos, pelo menos, a economia portuguesa não cresceu que se visse. Pode argumentar-se que entre 2015 e o surgimento da pandemia tivemos uns anos jeitosos, mas manda a verdade dizer que, não tendo sido maus, foram muito piores do que em outros países europeus da nossa dimensão. Por isso, Portugal andou para trás nos indicadores económicos dos países da Europa. Progressivamente, vários passaram-nos à frente e nós só passámos a Grécia. Já não estamos na frente do pelotão, mas a pedalar em esforço na sua parte traseira, e quase a descolar.
Alguém disse, há 25 ou 30 anos, que seriam os nossos filhos a pagar os nossos dislates. E são. Assisto, ao vivo, a isso mesmo.
Há vinte anos que a economia não cresce.
Neste momento concreto de crise, flexibilizamos totalmente o Pacto de Estabilidade e Crescimento através do acionamento da cláusula geral de salvaguarda. E agora, durante a pandemia, não é altura para mudar nada neste domínio. Mas, no longo prazo, todos teremos de ser cuidadosos em relação à dívida, esta terá de descer, os países no seu conjunto terão de reduzir as suas dívidas. Mas o melhor remédio contra a dívida é uma economia forte, é o crescimento económico sustentável e ecológico. É por isso que essas são a nossas prioridades.
Pelo contrário com o governo da geringonça a economia não cresceu, a dívida não desceu e a despesa pública aumentou.
Os contribuintes actuais e os vindouros bem podem andar com as pernas a tremer.
Para além da máquina do Estado, das finanças, dos serviços centrais, das Forças Armadas, das forças de segurança, o Estado português gere a esmagadora maioria dos hospitais e das escolas do país, detém o maior banco comercial, órgãos de comunicação social, a rede ferroviária, redes de autocarros, de metro e uma companhia aérea. Nas restantes grandes empresas também consegue lá colocar os seus administradores porque muitas dependem directamente do estado como cliente ou regulador. Fora da esfera do estado estão algumas pequenas e médias empresas, sendo que muitas delas têm no estado e nas empresas na esfera do estado os seus mais importantes clientes. Ter a economia assim toda controladinha é importante porque mantém muita gente calada. Com tanta gente dependente do estado, com medo de perder o seu negócio ou o seu emprego, ficam todos com muito medo de criticar o governo, ou, como será conhecido daqui a alguns anos, ter “discurso de ódio”.
Com tanta estratégia, tanta boa gestão em nome do interesse público, contra o malvado lucro e os radicais religiosos neo-ultra-liberais não se entende como é que o país está estagnado há 20 anos e assim deverá ficar mais 10, quando acabar de pagar pela “estratégia” da TAP. Pobres, mas a salvo do radicalismo religioso que tanto teme o Padre Nuno Santos. As pernas dos contribuintes até tremem.
O governo está à espera do dinheiro europeu como único remédio para o tombo da economia. Passam os dias e o trambolhão é cada vez maior. Mas o dinheiro chega mais tarde .
No mínimo era de esperar que o programa para a recuperação da economia fosse conhecido, associações patronais, partidos, sindicatos terão ideias. E devem andar pelas gavetas do ministério o Relatório Porter e o PEDIP que, actualizados, têm lá tudo. Mas o governo, preso no seu ADN de fazer poucochinho, embala-nos com o vírus, com a TAP e a EFACEC . Não chega .
Na ferrovia compramos 51 carruagens aos espanhóis feito de monta devidamente realçado como o negócio do século no sector a nível mundial. Na energia temos a EDP rentista às voltas com a Justiça e o projecto industrial do hidrogénio em Sines de parceria com a UE . E a energia das ondas ao largo de Peniche e Viana do Castelo.
E a substituição de importações produzindo cá dentro o que agora compramos lá fora ? E o aumento de exportações ? E a criação de emprego para reparar o desemprego galopante ?
Ou o programa de recuperação económica do governo é esperar que os turistas voltem ?
Neste caso dos programas económicos não nos podemos dar ao luxo de não saber o que interessa ao país. Ao contrário dos dois amores.
Um, o que foi preparado a pedido de António Costa, tem o estado como motor, vai buscar ao baú das coisas esquecidas, as grandes obras públicas. Num país com alguns elefantes brancos e sem dinheiro não me convence e não parece ser, de todo, o que nesta fase interessa ao país. Até porque demoram tempo a lançar e a implementar no terreno e a mostrar resultados.
Já o programa apresentado pelo PSD, propõe recuperar as empresas viáveis, salvar emprego e lançar no imediato, pequenas obras públicas. Atrair investimento estrangeiro o que, num país sem poupança, é um caminho determinante. E substituir importações produzindo cá dentro o que sabemos fazer que é muito. E aumentar as exportações para 50% do PIB em 2023 e 60% em 2030.
Aí está finalmente um bom separador de águas.
Como é que se implementa um programa económico contra os partidos e os hobies da Administração Pública ? Não se implementa é mais um que vai morrer numa gaveta. E o alvoroço já é grande não deixa margem para dúvidas.
É socialismo se houver um salário mínimo europeu ? Pelo que se lê na imprensa nem se percebe bem se o salário mínimo proposto é igual para todos os países sem atender ao nível da respectiva economia.
Há tão grandes diferenças entre as economias dos 27 países que não me parece nada ser possível um salário mínimo comum . Aliás, esta diferença de nível económico entre países é o argumento mais vezes usado para atacar a moeda comum. O Euro estaria desenhado para corresponder às economias mais fortes com prejuízo das economias mais frágeis, razão de os países do Sul não conseguirem crescer mais economicamente.
Se o rendimento per capita e a produtividade são assim tão diversos como entender um salário mínimo comum ? Entretanto, pesquisando :
Comissão Europeia anunciou esta terça-feira o lançamento de uma primeira fase de consultas com os parceiros sociais com vista a assegurar que todos os trabalhadores na União Europeia (UE) tenham salários mínimos justos.
Plano Marshal ou outro nome mas a oportunidade pode ser a última. O populismo espreita e o futuro da União Europeia pode estar em jogo.
Se Portugal quiser - e a Europa deixar -, esta pode ser uma oportunidade - mais uma - para construirmos o nosso próprio Plano Marshall e para sairmos desta letargia em que nos arrastamos há demasiados anos. Para pensarmos e reestruturarmos uma economia menos dependente de serviços, mais produtiva, mais inovadora, em que as empresas não estejam condenadas a ser micro, pequenas ou médias, mas possam ambicionar ser grandes. Uma economia capaz de gerar riqueza suficiente para pagar salários dignos do século e do mundo em que vivemos.
Mas isto exige três coisas: visão, compromisso e tempo. Porque sem a visão certa não é possível construir uma economia robusta. Sem um compromisso político que não se esgote no próximo ato eleitoral não é apenas a economia que morre, é também a democracia. E sem o tempo suficiente para implementar um plano de médio a longo prazo, nunca poderemos ambicionar mais do que a mediocridade de uma economia de sol e praia.