Como se vestir um fato que cobre todo o corpo da mulher deixando apenas à mostra as mãos fosse um direito das mulheres e não uma imposição religiosa.
As bens pensantes dão piruetas no sentido de desviar o foco da discussão. Trata-se de um direito. Não trata. Trata-se de impor a uma sociedade laica e democrática a humilhação das mulheres.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, saiu a apoiar as decisões dos municípios – “o uso do burkini não é compatível com os valores da França e da República”, disse o chefe do Governo. “As praias, tal como todos os espaços públicos, devem ser preservadas de reivindicações religiosas”, acrescentou Manuel Valls.
Mas laicidade significa respeitar a liberdade de ter ou não ter religião, e ser feminista não pode significar que se recuse a mulheres adultas, numa parte do mundo que lhes garante os mesmíssimos direitos que aos homens, a capacidade de tomar decisões sobre si.
Esta última forma de colocar o problema tem na sua raiz a mesma perversão que leva ao essencial da questão. Do que se trata é que o uso do fato de banho islâmico não é mais do que uma manifestação religiosa pública numa sociedade livre, democrática e laica.
A mesma ideia que subjaz aos vários tipos de "traje islâmico" - do hijab, lenço que cobre o cabelo, aos radicais burqa (espécie de tenda em que até olhos são tapados com rede) e niqab (apenas com os olhos à vista) -, e que nas praias e piscinas implica às mulheres que a acatam veranearem "vestidas" ou com aquilo a que se deu o nome de burkini.
Não nos iludamos. Estamos perante uma guerra em que uma sociedade livre está a ser invadida por radicalismos que atentam contra a liberdade individual e colectiva.
Merkel lembra que a Europa é a casa da Democracia, do estado social e dos direitos humanos :
"Mas no meio de tanto lixo há uma grande excepção. Uma grande senhora, uma grande líder que enfrenta o problema dos refugiados de frente, com medidas corajosas que provocam o ódio dos xenófobos, nacionalistas e neonazis. Merkel, a grande senhora que manda na Alemanha há muitos anos, decidiu abrir as portas do seu país a todos os refugiados sírios e receber mais 800 mil pessoas nas suas fronteiras. A resposta dos criminosos nazis não se fez esperar, com uma vaga de atentados a centros de refugiados e insultos à mulher que relembra à Europa os seus deveres e princípios. Mas Merkel não cede e enfrenta os criminosos com coragem e determinação."
O que vale mais? A dívida ou os direitos humanos? Sem dúvida que são os Direitos Humanos, a questão é que não há educação, saúde, segurança social, Justiça sem pagar a dívida.
Há, aparentemente, por trás desta pergunta a ideia que assegurar os direitos humanos não custa dinheiro. Custa e custa muito. Um país pobre não consegue assegurar aos seus cidadãos aquilo que na Europa consideramos Direitos Humanos. Como a educação, a saúde, a reforma na velhice. Trata-se de uma pergunta retórica que não leva a lado nenhum. Basta olhar para a maioria dos países, mesmo para países ricos.
A pergunta só tem razão de ser nos países ricos que podem sustentar os Direitos Humanos mas não os asseguram. Aí sim, estamos no âmago do problema e a pergunta é pertinente.
Infelizmente não é o caso dos países que deixaram a dívida atingir montantes que colocam em risco os Direitos Humanos. E, isto, é tão óbvio que deveria levar a um consenso partidário por forma a não deixar que o esbanjamento e a falta de senso colocassem em perigo os Direitos Humanos. Mas na Grécia e em Portugal os direitos humanos estão em perigo porque se foi muito além do razoável em matéria de despesa.
É para assegurar algo tão importante que os países na Zona Euro assinaram o Tratado Orçamental. Limite de 60% do PIB na dívida e de 3% no défice. Se cumprirmos a questão dos direitos humanos não se coloca. Pelo menos nos países democráticos da União Europeia
Na Venezuela não há respeito pelos direitos humanos. O Presidente da Costa Rica e Premio Nobel da Paz 1987, Óscar Arias, na semana passado criticou violentamente o governo de Maduro acusando-o de violentar os direitos humanos. Grupos paramilitares assassinam estudantes e lançam fogo às sedes dos partidos opositores sem que haja uma reacção de repúdio concertada a nível internacional.
Diz o Arménio Carlos : os utentes já pagaram o bilhete, não têm outra solução para chegar aos empregos, apanham chuva e frio, chegam atrasados aos empregos ( alguns recebem menos pelo atraso), cansados...
"Iremos dizer-lhes que as políticas impostas pela ‘troika’ e pelo Governo estão a violar os direitos humanos, porque o não acesso a cuidados de saúde, à protecção social e a uma alimentação digna representa um crime contra a humanidade", disse aos jornalistas.