A nossa dependência face à Europa é cada vez maior apesar da cantada aproximação .
A subsidiação do financiamento público da saúde em países como Portugal, por parte da União Europeia, é uma realidade que me desagrada, na medida em que ela revela a nossa debilidade e dependência face a terceiros. Mas esta é a nossa triste sina numa altura em que, depois de anos de divergência económica, e ultrapassados por um número cada vez maior de países, a dependência de Portugal face à Europa é total. Desde os fundos comunitários para financiar o investimento no nosso país, à habilidade do Banco Central Europeu para manter baixos os juros exigidos à República, a Europa tem sido a nossa rede de salvação e nos próximos anos a situação só se vai agravar. Que, ao menos, os fundos sejam dirigidos a áreas que mereçam a simpatia de quem contribui relativamente mais e que façam sentido a médio prazo.
Assustador é o que se sabe hoje sobre a dependência que a maioria dos países têm em relação à China. A cadeia de produção de vários sectores económicos vitais está nas mãos dos chineses.
"Governos e diretores de multinacionais não esquecerão rapidamente uma lição assustadora: para vários produtos e componentes vitais eles dependem de um só país, a China", resumiu a revista britânica The Economist.
Depois de dois anos marcados pela guerra comercial e tecnológica entre Washington e Pequim, o início do surto na China interrompeu, primeiro, as cadeias de distribuição globais, com o encerramento de fábricas, portos e cidades inteiras no país asiático, e expôs, a seguir, a incapacidade de vários países de se autoabastecerem com equipamento médico crucial, à medida que a doença de alastrou além-fronteiras.
A ganância ocidental nem sempre é boa conselheira.
Há ainda duas agências financeiras que nos mantêm em situação de "lixo". É preciso que se pronunciem a favor, só assim é que o país será beneficiado.
"Mas a procissão ainda vai no adro. Para já, as outras duas agências principais, a Fitch (BB+) e a Moody’s (Ba1) ainda consideram que comprar dívida portuguesa é um investimento especulativo. Como Mário Centeno recordou, continuamos muito endividados. E, enquanto assim for, estaremos sempre sujeitos aos maus humores dos mercados. É por isso que discursos como o de Mariana Mortágua, que recentemente disse que já fizemos a consolidação que havia para fazer e que o défice estava demasiado baixo, estão fundamentalmente errados. Usando a linguagem do PCP, até se poderiam dizer que são anti-patrióticos, dado que se vingassem nos manteriam numa situação de dependência externa."
Este é o homem da bomba atómica. Não pagamos a dívida. Até as pernas ficam a tremer em Bruxelas. O PS , sem maiorias absolutas já dadas como impossíveis, passará a depender do PCP e do BE. Até ao momento que tiver que se confrontar com a sua natureza europeísta.
Deixar de depender da direita para governar e passar a depender da extrema esquerda é bom ?
Durante os três dias do Congresso, ninguém lembrou que a União Europeia é um espaço político de democracia e progresso; que a solidariedade europeia atual nos ajuda e moderniza; que o dinheiro que nos é enviado todos os dias de Bruxelas nos afasta da miséria e da pobreza. Ninguém disse uma coisa óbvia: com neoliberalismo ou sem neoliberalismo, a União Europeia — a de hoje, a que existe — faz de nós um país melhor.