Nenhum governo teve a coragem de baixar os preços no sector da energia. Mesmo com a entrada de outros operadores no mercado. A posição dominante da EDP e a garantia de rendas excessivas por parte do estado, impedia a descida dos preços. Um secretário de estado, pelo menos, foi sacrificado no altar do monopólio e da regulação que protege os monstros sagrados. Deu direito a champanhe.
A DECO promoveu um leilão que a maioria das empresas tentou travar, não aderindo. Mas o leilão foi em frente e a empresa ganhadora pode conquistar cerca de 587 000 clientes, importante fatia do mercado. Nem passaram dois dias para que a EDP reagisse com proposta mais benéfica para os consumidores. Agora reage a DECO mostrando que a proposta da EDP não é tão apetecível assim...
Ficamos à espera para pagar um preço justo. A concorrência, em poucos meses, fez mais que a regulação e as autoridades estatais em benefício do consumidor. É preciso avançar para outros sectores, reforçando a concorrência. Claro que estes leilões são uma realidade há muito tempo nos outros países europeus!
Sabia que a DECO é uma empresa privada que visa o lucro? Pois eu também não, julgava que era uma associação de consumidores e que tinha como objectivo proteger os consumidores. E como é que estas coisas se sabem? Com a concorrência. Face a um leilão em que a DECO reuniu 587 mil consumidores de electricidade para obter melhores preços, a APDC veio dar-nos uma visão diferente dos interesses em jogo.
“O facto de ter apenas existido um concorrente vem demonstrar que ainda não existe um verdadeiro mercado liberalizado no nosso país e que, portanto, o dito leilão foi extemporâneo”, afirma Mário Frota, presidente da APDC. A iniciativa, que teve a adesão de 587 mil pessoas, “não teve regras claras” e transformou-se “num negócio de tal complexidade, sustentado num pacto de confidencialidade, que liquidou a possibilidade de as empresas concorrerem entre si”.
Não há mal nenhum em uma empresa ter lucros desde que esteja no mercado em concorrência e com transparência. Como se vê por este exemplo não há uma sem outra.
A DECO fechou a adesão ao leilão de electricidade com 587 mil subscritores e vai avançar para outros sectores. Como as telecomunicações, o gás natural e a água ( se e quando for liberalizada) , só como exemplo. Como se faz nos países onde o estado não concede rendas excessivas aos monopolistas, sejam públicos ou privados. O custo vai baixar muito e será uma agradável surpresa.
Leilões semelhantes foram já realizados na Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Holanda, país de onde vem a PrizeWize, empresa contratada pela Deco para a apoiar na infra-estrutura tecnológica e know-how e com experiência neste tipo de iniciativas em outros países.
Com leilão aberto para a tarifa simples e para a bi-horária, a Deco diz ter fortes indícios de que a proposta vencedora abrangerá as duas tarifas. Aos consumidores dá a certeza de que quem assinar os novos contratos "não terá cláusulas lesivas dos seus interesses" e que "a grande surpresa será o preço".