Se é em relação ao PIB vai descer mas se a relação é entre valores absolutos então vai subir. E como a média europeia da dívida anda à volta dos 80% e a nossa anda nos 132% então não há dúvida nenhuma que a nossa é mesma alta e vão ser precisos 20 anos para chegar a um valor razoável. O resto é retórica a que o actual governo nos habituou.
“Se há coisa que não vai diminuir em 2018 é a dívida, vai subir. Vamos ter um défice de 1% do PIB, são 1700 milhões de euros que vai ser preciso ir buscar ao mercado. Há operações que o governo pode ter de fazer, não sei se fará alguma na CGD, que aumentará a dívida (…). O peso da dívida no PIB vai diminuir, mas lá está: o ministro das Finanças talvez pudesse ser mais rigoroso quando fala destas coisas (…). Dívida é uma coisa, o peso no PIB é outra. É bom que desça o peso no PIB, do meu ponto de vista era bom que a dívida não subisse. Mas vai subir”.
Contudo, tendo apenas por base as projeções do Governo, e tomando-as como certas, a única conclusão a que se chega é que a dívida pública em valor absoluto vai aumentar este ano, em relação a 2016, e vai também aumentar no próximo ano, em relação a 2017.
Daqui a uns tempos vão-nos dizer que a dívida reduziu. Primeiro fazem-na crescer e depois reduzem-na para o nível anterior. Grande vitória a maior do século, aposto.
No segundo trimestre a dívida pública em Portugal situou-se em 249 mil milhões de euros, o que representa 132,1% do PIB. Este valor representa um agravamento de 1,7 pontos percentuais face ao primeiro trimestre (130,4%), sendo que na Zona Euro só a Lituânia fez pior (aumentou o endividamento em 2,6 pontos percentuais para 41,7% do PIB).
Olhando para o conjunto dos países do Euro, a dívida pública baixou para 89,1% no segundo trimestre, menos uma décima do que nos três meses anteriores.
Como se vê estamos só 40% acima da dívida do conjunto dos países do Euro. Coisa pouca.
Difícil é colocar a economia a crescer sustentavelmente por forma a garantir o financiamento do estado social. Tudo o resto, ou uma grande parte, vem por acréscimo. Os impostos deviam pagar as despesas de funcionamento e o investimento devia ser assegurado por dívida. Como no nosso caso a dívida atingiu valores insustentáveis o investimento afunda, não há emprego e não há crescimento.
O que está a desenvolver-se à nossa frente é mais do mesmo. Estamos a andar para trás e não tarda estamos em Fev/Março de 2011 quando Sócrates se viu na obrigação de pedir ajuda externa. O filme é o mesmo e não há aqui esquerda ou direita. Há factos.
Mariana Mortágua, hoje na Assembleia voltou à negociação da dívida dizendo que sem negociação não haverá investimento nem crescimento da economia. Isto é, negando que seja possível a economia crescer com a reposição de rendimentos. O BE já está a tirar lições há outros que se limitam a descer impostos directos e a aumentar os indirectos.